Apesar da chuva e das contingências impostas pela COVID-19, a Junta de Freguesia de Campanhã não deixou de assinalar o 25 de Abril. Para Ernesto Santos, presidente da Junta, este é o momento de todos “nos unirmos contra as vozes que se levantam a aplaudir o fascismo”.
A Junta de Freguesia de Campanhã assinalou os 47 anos de Liberdade em Portugal com uma pequena cerimónia evocativa na qual marcaram presença elementos tanto do executivo como da Assembleia de Freguesia.
O dia começou cedo, pelas 10h, com o hastear das bandeiras no edifício da Junta, ao som do hino nacional, seguido da “Grândola Vila Morena”, momento emotivo em que todos cantaram e relembraram o porque de não poder deixar de assinalar a data.
“Esta é a data que simboliza a queda do fascismo. Fascismo que, durante décadas, mandou para a guerra muitos jovens e milhares perderam lá a vida, outros vieram para cá estapeados. É por isso que, independentemente da ideologia partidária, política ou religiosa, temos de nos unir contra o fascismo porque infelizmente começam a haver vozes que se levantam a aplaudir o fascismo”, afirmou Ernesto Santos, presidente da Junta de Freguesia de Campanhã durante o seu discurso.
De seguida, todos os presentes rumaram até ao cemitério de Campanhã, onde foram colocadas duas coroas de flores em honra daqueles que faleceram em combate ou já não se encontram presentes para comemorar. Um momento simbólico, mas de bastante significado para Ernesto Santos que, apesar da forte chuva que se fazia sentir, não deixou de cumprir a tradição para que o “passado não seja esquecido”.
“O 25 de Abril tem um significado muito especial para mim porque vivi-o intensamente nos seus anos áureos e não queria agora no final da minha vida deixar de o fazer. Porque é bom que lembremos às gerações vindouras, que houve um regime que nos martirizou o mais que pode e soube. Se calhar sabia mais, mas não pôde tanto. Todos os anos fazemos uma grande cerimónia no Auditório, onde homenageamos 10/15 pessoas que se destacaram ao longo do ano na freguesia, estes dois últimos anos não o temos feito, infelizmente, mas espero poder fazer já no próximo ano”, acrescentou o presidente.
Aproveitando o momento, Ernesto Santos convidou todos a participarem também na celebração do fim de semana seguinte, quando se assinala o Dia do Trabalhador, “um simbolismo muito grande para todos nós que durante toda a vida vivemos do trabalho”.
“Aí começou a libertação dos trabalhadores, com uma grande manifestação em Chicago. Libertação essa que também hoje começa a ser posta em causa porque o capital arranja sempre maneira de branquear muitas situações contra os trabalhadores. Lutem pelos vossos direitos. Viva o 25 de Abril, Viva o 1º de Maio, Viva Portugal!”.
Ernesto Santos avança ao AUDIÊNCIA que será recandidato à Junta
“Vou-me recandidatar. A decisão foi tomada pela Comissão Concelhia do Porto e foi retificada pelo secretariado de Campanhã. Sem essas nuances eu não avançaria nem diria a ninguém que já tinha tomado a minha decisão pessoal, mantive-me em silêncio, mas agora sim posso dizer que vou ser candidato pelo PS, que vou tentar ganhar as eleições para continuar por este povo. Nem é bem por mim, com 73 anos e com a minha reforma estava bem, mas sinto que tenho ainda de dar alguma coisa pelos outros. E enquanto puder e tiver saúde, fá-lo-ei”.