CONHEÇA TODOS OS PRESIDENTES DA CM GAIA DESDE 1974

Alberto Augusto Martins da Silva Andrade (1974-1975)

Nascido em Oliveira de Azeméis a 29 de outubro de 1927, Alberto Andrade adotou Vila Nova de Gaia como sua terra, na qual desenvolveu grande parte de toda a sua atividade política, sindical e cultural. 

Abraaçou a luta contra o regime salazarista e participou ativamente na campanha presidencial do General Humberto Delgado e, em 1961, foi candidato a Deputado pelo círculo eleitoral do Porto nas listas da CDE, tendo sido preso pela polícia política conjuntamente com outros democratas e lutadores antifascistas, entre os quais Virgínia Moura e Fernando Seixas, saindo da prisão em meados de 1963. Funcionário bancário pertencente aos quadros do Banco Nacional Ultramarino foi então demitido, tendo sido reintegrado somente depois do 25 de Abril de 1974.

Da sua intervenção política destaca-se o seu trabalho autárquico em Gaia, onde foi o primeiro Presidente da Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, entre 1974 e 1975, tendo como uma das principais missões assegurar a estabilidade no concelho, com a instalação nas 24 freguesias de comissões administrativas. 

Em 1975, foi também eleito Deputado à Assembleia Constituinte em representação do Partido Socialista (PS), razão pela qual abandonou a presidência da Câmara de Gaia, por incompatibilidade de funções. Continuou depois como Deputado eleito pelo distrito do Porto durante a I Legislatura (1976-1980), período durante o qual também exerceu as funções de chefe de gabinete do então Ministro dos Assuntos Sociais, António Arnaut. 

Mais tarde, viria a exercer também funções de vereador, presidente e deputado da respetiva Assembleia Municipal, em representação pelo PS, entre 1983 e 1985, obtendo, na altura, 41,8% dos votos. 

No início dos anos 80, regressou à sua atividade bancária, desempenhando, entre 1983 e 1985, o cargo de presidente da mesa da Assembleia-Geral do Sindicato dos Bancários do Norte. Em 1986, demitiu-se do PS, a que tinha aderido em 1974, e do qual foi dirigente local, distrital e nacional, e apoiou a candidatura de Maria de Lurdes Pintassilgo à Presidência da República.

A partir de 1987, passou a integrar, como independente, a Coligação Democrática Unitária, tendo sido candidato pela CDU às eleições legislativas de 1987, embora não tenha sido eleito. Em 1989 e 1993 foi o primeiro candidato da CDU à Assembleia Municipal de Gaia, onde foi eleito e desempenhou as funções de líder parlamentar da bancada desta força política.

Alberto Andrade manteve ainda uma intensa atividade associativa no plano cultural e da solidariedade social. Foi sócio e dirigente da Associação de Escritores de Gaia, da Associação Cultural Amigos de Gaia, entre muitas outras coletividades e associações culturais de que era sócio ou com quem colaborava, tendo sido também diretor do jornal Gaia Semanário.

Faleceu a 18 de julho de 2006, em Mafamude, aos 78 anos de idade.

 

 

António Coutinho Gonçalves da Fonseca (1980-1982)

António Coutinho Gonçalves da Fonseca nasceu a 15 de maio de 1929, na freguesia de Paranhos, no Porto. Após os estudos, entrou no ramo profissional dos seguros, onde permaneceria a vida toda, como técnico comercial e, depois de casar, acabou por ir viver para Mafamude, em Vila Nova de Gaia. Aí, ingressou no mundo da política, tendo sido nomeado Presidente da Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Gaia, em agosto de 1975, cargo que exerceu até janeiro de 1977. 

De forma ininterrupta, manteve-se no lugar, como Presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, o primeiro democraticamente eleito após o 25 de Abril de 1974, em resultado das eleições autárquicas de 1976, como cabeça de lista do Partido Socialista, cargo que ocuparia novamente entre 1983 e 1986, eleito pelo mesmo partido. No interregno entre estes dois mandatos, António Coutinho Gonçalves da Fonseca liderou a lista candidata à Assembleia Municipal de Vila Nova de Gaia, que juntava PS, APU – Aliança Povo Unido (PCP e MDP/CDE – Movimento Democrático Português/Comissão Democrática Eleitoral) e UDP – União Democrática Popular, que viria a vencer a eleição por três votos apenas. 

Integrando a lista do PS pelo círculo eleitoral do Porto, às eleições legislativas para a Assembleia da República em outubro de 1980, António Coutinho da Fonseca não conseguiu ser eleito, não fazendo parte, por isso, do grupo de 14 deputados do PS eleitos por aquele círculo. Contudo, acabaria por ser chamado a substituir o deputado Luís Silvério Gonçalves Saias em duas sessões, a 6 e 7 de julho de 1982. 

Voltou à política ativa após as eleições autárquicas de dezembro de 1993, tendo sido eleito vereador à Câmara Municipal de Gaia pela lista do PPD/PSD como independente, fazendo parte da oposição à presidência do executivo socialista liderado por Heitor Carvalheiras, entre 1994 e 1998. 

Além da política, António Coutinho da Fonseca foi sócio fundador do Lions Clube de Vila Nova de Gaia, sócio honorário dos Bombeiros Voluntários de Coimbrões e associado do Centro Recreativo de Mafamude, da Associação Cultural Amigos de Gaia e do Automóvel Clube de Portugal (ACP). 

Após várias décadas a viver em Vila Nova de Gaia, Coutinho da Fonseca faleceu a 9 de outubro de 2009, aos 80 anos. 

 

Hermenegildo José da Silva Tavares (1980-1983)

Natural de Lever, freguesia de Vila Nova de Gaia, Hermenegildo Tavares nasceu a 20 de dezembro de 1928. Licenciado em Engenharia Eletrotécnica, após a inscrição na Ordem dos Engenheiros, ingressou na Rádio e Televisão de Portugal (RTP) em 27 de fevereiro de 1958, no departamento de Manutenção Técnica, em Lisboa.

Com deslocações frequentes às instalações da empresa em Vila Nova de Gaia, acabou por ser transferido, em definitivo, para o Centro Emissor do Porto, em maio de 1960, a seu pedido, ficando responsável pela Divisão Técnica do Centro de Produção do Porto.

Já com um sólido percurso profissional, Hermenegildo Tavares regressaria à Universidade, matriculando-se em regime noturno no curso de Economia da Faculdade de Economia da Universidade do Porto, que concluiu em outubro de 1974.

Integrando a lista do Partido Popular Democrático (PPD), pelo círculo eleitoral do Porto, às primeiras eleições para a Assembleia da República, a 25 de abril de 1976, Hermenegildo Tavares não foi eleito, contudo, acabaria por ser chamado a substituir deputados do seu partido em quatro sessões.

Já como cabeça de lista da Aliança Democrática (AD) – coligação eleitoral entre o entretanto renomeado Partido Social Democrata (PSD), Centro Democrático Social (CDS) e Partido Popular Monárquico (PPM) – à Câmara Municipal de Gaia, Hermenegildo Tavares obteve 44,1% dos votos nas eleições autárquicas de 16 de dezembro de 1979, constituindo-se a AD como a força política mais votada. Ainda que sem maioria absoluta, Hermenegildo Tavares assumiu a presidência do município gaiense e, em 1982, durante o seu último ano de mandato, considerou ter cumprido o seu dever cívico e decidiu não se recandidatar ao cargo.

Abandonando a vida política nesse momento, Hermenegildo Tavares retomou as suas funções na RTP do Porto, em 11 de janeiro de 1983, como chefe do Departamento Técnico. Em 1990, assumiria funções de diretor adjunto, com a categoria profissional de técnico superior e, passados dois anos, assumiria mesmo as funções de assessor, reformando-se a 1 de outubro de 1995.

Hermenegildo Tavares faleceu em Miragaia, no Porto, a 28 de fevereiro de 2011, aos 82 anos de idade.

 

 

Mário Pinto Simões (1986-1990)

Natural da freguesia de Santa Clara, em Coimbra, Mário Pinto Simões nasceu a 22 de maio de 1931. Após casar, em 1957, mudou-se para a freguesia de Mafamude, em Vila Nova de Gaia.

Neto e filho de militares, Mário Pinto Simões alistou-se como voluntário na Escola do Exército no início de novembro de 1950, atual Academia Militar, em Lisboa, onde concluiu o curso de Artilharia em 1963, tendo em seguido frequentado o Curso Superior de Artilharia no Instituto de Altos Estudos Militares.

Volvido um ano da sua promoção a alferes, em 1955, Mário Pinto Simões fez parte da expedição ao Estado da Índia, ficando em Mormugão (Goa) até maio de 1957. Durante esta altura, foi promovido a tenente em finais de 1956, tendo depois sido promovido a capitão, em dezembro de 1959.

Mário Pinto Simões foi nomeado também para uma comissão militar em Luanda (1961), Moçambique (1964), Guiné-Bissau (1967), novamente Luanda (1971), regressando a Portugal em 1974. Em 1966, exerceu ainda as funções de oficial de Operações/Informações da PSP e de comandante da 1ª Divisão da mesma polícia no Porto.

Após o 25 de Abril de 1974, assumiu o comando do Regimento de Artilharia da Serra do Pilar e, por iniciativa pessoal, assegurou o corte da emissão da RTP no 25 de novembro de 1975, colocando no ar um filme. Comandante adjunto do Campo de Instrução Militar de Santa Margarida desde 1978, Mário Pinto Simões foi promovido a coronel em março de 1979.

Já reformado da carreira militar, Mário Pinto Simões ingressou na vida política, filiando-se no Partido Social Democrata (PSD) e encabeçando a lista deste partido em Vila Nova de Gaia às eleições autárquicas de 1985. Na sequência da vitória do PSD nas urnas, foi eleito presidente da autarquia gaiense, exercendo funções entre janeiro de 1986 e janeiro de 1990.

Em outubro de 1986, juntamente com o seu homólogo de Matosinhos, Narciso Miranda, em representação da Associação Nacional de Municípios Portugueses, participou na Conferência “Grandes cidades e o seu papel no desenvolvimento económico”, em Roterdão.

O coronel Mário Pinto Simões morreu em Mafamude, Vila Nova de Gaia, a 11 de dezembro de 2002, encontrando-se sepultado no Cemitério de Vilar de Andorinho. A Câmara Municipal de Gaia prestar-lhe-ia, mais tarde, a 11 de janeiro de 2004, uma homenagem póstuma, atribuindo o seu nome a um empreendimento de habitação social em Canidelo.

 

José Heitor Meireles Carvalheiras (1990-1998)

Heitor Carvalheiras nasceu em 17 de outubro de 1940, na Freguesia de Silvares, em Lousada. Aos 18 anos de idade, foi viver para Mafamude, onde se manteve até ao seu primeiro casamento, passando, posteriormente, a residir em Canelas. No início dos anos 90, regressou a Mafamude.

Iniciou a sua vida profissional no departamento de administração e finanças de uma empresa automóvel, onde se manteve durante 24 anos, até cumprir o serviço militar. Durante a Guerra Colonial, foi destacado para Angola, onde permaneceu entre 1964 e 1966. De regresso à vida civil, voltou a instalar-se em Vila Nova de Gaia, dando início à sua atividade política. Entrou para o Partido Socialista (PS), em 1974, na secção de Canelas, e foi presidente daquela Junta de Freguesia entre 1976 e 1982, período em que, por inerência, foi igualmente membro da Assembleia Municipal de Gaia.

Na Câmara Municipal de Gaia, desempenhou funções de vereador, pelo PS, de 1983 a 1990, tendo sido responsável pelos pelouros das Obras Municipais, Serviços Municipal de Habitação, Saúde e Segurança Social, Fiscalização e Gabinete de Apoio às Juntas de Freguesia, Cooperativa de Desempregados, Centro Histórico, Trânsito e Transportes.

Em 17 de dezembro de 1989, como cabeça de lista do PS à Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, foi eleito presidente, com maioria absoluta, cargo que ocupou desde o dia 26 de janeiro de 1990 até 19 de janeiro de 1998.

Ao longo da presidência, Heitor Carvalheiras conseguiu resolver muitos problemas financeiros. A aplicação do primeiro Plano Diretor Municipal (PDM) foi outro momento extremamente marcante para o município de Vila Nova de Gaia, a par da salvaguarda do património do concelho e da aposta na educação, na saúde, na habitação, na justiça e na defesa do meio ambiente.

Também, presidiu a Comissão Política do Partido Socialista de Vila Nova de Gaia durante vários anos e foi membro da Comissão Política Distrital e Nacional deste partido.

Ao longo da sua vida, exerceu diversas funções na direção de coletividades recreativas, culturais, desportivas e de solidariedade social do concelho gaiense.

Em 2010, Heitor Carvalheiras foi homenageado pela Câmara Municipal de Gaia, com a inscrição do seu nome numa via da Freguesia de Canelas.

O AUDIÊNCIA contactou o antigo autarca, contudo, o seu filho afirmou que, por motivos de saúde, este não estava disponível para participar neste suplemento.

 

 

Luís Filipe Menezes Lopes (1998-2013)

Luís Filipe Menezes nasceu a 2 de novembro de 1953, em Ovar. Ingressou na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, tendo concluído a licenciatura em Medicina e Cirurgia em 1977, especializando-se, mais tarde, em Pediatria. Posteriormente, foi professor assistente, assim como interno da especialidade de pediatria nos Hospitais de Santo António e São João, no Porto (1982-1987), tendo colaborado em várias publicações científicas.

Como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, foi médico no departamento de neurologia infantil no Hôpital Necker-Enfants Malades (1984-1987), tal como na Siderurgia Nacional EP (1978-1985) e na Global Seguros e Soltroia (1987-1991).

Luís Filipe Menezes participou na fundação da Juventude Social Democrata (JSD) e foi, por duas vezes, vogal da Comissão Política Concelhia do Porto da JSD (1975-1976 e 1980-1981), assim como presidente desta estrutura de 1977 a 1978, integrando, simultaneamente, o Conselho Nacional, e vice-presidente de 1983 a 1984.

Após as eleições legislativas de julho de 1987, foi eleito deputado à Assembleia da República pelo círculo eleitoral do Porto, tendo exercido, por duas vezes, o cargo de vice-presidente do Grupo Parlamentar do PSD (1988-1991 e 1995-1996). Também, foi eleito presidente da Comissão Política Distrital do Porto do PSD, cargo que ocupou de 1990 a 1998 e de 2000 a 2002.

Após a vitória do PSD nas eleições legislativas de 1991, foi nomeado secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares no Governo de Aníbal Cavaco Silva, funções que exerceu até 1995, altura em que voltou a ser eleito deputado pelo círculo eleitoral do Porto, posto que manteve até 1997, ano em que se candidatou à Câmara Municipal de Gaia.

Luís Filipe Menezes foi empossado a 19 de janeiro de 1998, função que ocupou até setembro de 2013, uma vez que renunciou ao cargo para se dedicar à sua candidatura à presidência da Câmara Municipal do Porto. Paralelamente, o social-democrata foi vice-presidente da Junta Metropolitana do Porto, assim como presidente da Comissão Política Nacional do PSD (2007-2008) e do Eixo Atlântico do Noroeste Peninsular (2007-2009).

Em 2011, passou a integrar o Conselho de Estado, a convite do, então, Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, função que exerceu até 2015.

O AUDIÊNCIA contactou o antigo autarca gaiense, mas este afirmou que não estava disponível para participar neste suplemento.