“DEAR MR. PRESIDENT”

Conforme Marilyn Monroe  o estímulo de atuar frente a um presidente é uma honra tremenda. Mas existe sempre as possíveis consequências, vejamos a medida disciplinar patronal que teve na altura.

Esse momento midiático tornou-a num ícone internacional e intemporal, chegando a abanar questões sensíveis ao considerado homem mais poderoso do mundo, no qual as teorias da conspiração associaram desde a sua morte até a um possível desequilíbrio de influências e poderes.

E se algo acontece num dirigente desta fibra e com este impacto mundial, imaginemos noutros com poderes mais limitados, como os dirigentes desportivos.

1) É um ponto prévio para separar aquilo que é formação e educação de um dirigente. Podemos infelizmente, até ter dirigentes sem qualquer ética ou educação, mas os mesmos não podem deixar de parte a formação, seja ela teórica ou prática. É o mínimo exigível para a posição. Pretendiamos todos, que o pacote da educação e formação fosse completo, o que infelizmente, n vezes não acontece. Até porque a educação ou vem do berço ou vem do caráter.

E neste caso, ou se tem ou não se tem. De qualquer forma, adquirir competências, conhecimentos e saberes, ao longo de um processo de aprendizagem durante a vida é sempre benéfico. Pois a sua contínua melhoria, nem invalida o adquirido, nem rebaixa o interveniente. Pelo contrário, promove a prática a humildade de evoluir em todos os aspectos. 2)

Os dirigentes devem e merecem que o seu tempo seja compensado, eu próprio defendi, referi e senti. Devendo ser implementada a lei do estatuto de dirigente desportivo. Com contributos de efeito imediato, por exemplo a nível fiscal, período de férias e até quem sabe uma fórmula para antecipar a reforma. Na mesma medida e em contrapartida, devem sempre (continuar) a ser responsabilizados. Numa balança equilibrada,entre os direitos e deveres, independente da função e posição que ocupem. E isso é transversal  a todos os elementos na organização desportiva. 3)

Não sendo os diferentes tipos de Dirigentes Desportivos Voluntários existentes em organizações desportivas, segundo Carvalho (1997).  Na visão de melhores e mais evoluídas estruturas desportivas, verificamos quatros tipos dirigentes, com diferentes mentalidades e atitudes. Ou seja, a diferença entre aquilo que pensam e sentem, daquilo que dizem e fazem:

1. Mentalidade Amadora atitude profissional
O dirigente aparente é aquele que parecendo profissional, pela forma e postura que expõe e trabalha, está numa estrutura e organização desportiva suficientemente consolidada, mas a prazo. Onde qualquer mudança tem um impacto considerável na mesma. Não tendo noção dos recursos que tem, cria expectativas e objectivos irrealistas, com impactos nefastos a médio e longo prazo. Embora apaixonados, esforçados e bons comunicadores, deixam-se emaranhar em metas que não se coadunam com os recursos existentes, queimando etapas de crescimento.

2. Mentalidade profissional atitude amadora
O dirigente negacionista, o que dá corpo e alma à sua organização, mas nega o auto conhecimento da estrutura de uma forma mais vasta, fechando os olhos aos pontos fracos da mesma ou concentrando-se somente nos seus pontos fortes. Não querendo ver a realidade e admitir essas falhas e faltas, empurram com a barriga, problemas que poderão tomar proporções consideráveis no seu futuro. Querendo manter o “status quo”, do e no contexto, a mudança é muitas das vezes adversa e assustadora aos mesmos. Sendo mais que uma sobrevivência, muitas vezes são receios sem nexo. São elementos válidos que se acrescentarem esta clarividência e a abertura à mudança, cresceram e deixaram evoluir.

3. Mentalidade Amadora atitude amadora
O Dirigente adepto o mais frequente, o sobrevivente por natureza, tende a salvar a sua pele e o seu lugar, arranjando no imediato um bode expiatório, face à falta de recursos, onde aplica dinâmicas redutoras, tem estratégias e visões desequilibradas e promove objetivos irreais. Reproduzem-se em grande número e cumprem os mínimos garantidos legislativos e funcionais. Tem interesses mais pessoais que colectivos. Sendo rampas de lançamento, que muito usam como auto promoção social.

4. Mentalidade profissional atitude profissional
O dirigente alto rendimento focado no processo das organizações e na sua melhoria constante. Percebem os recursos que possuem, conhecem e aceitam os seus pontos fortes e fracos, trabalhando sobre os mesmos, com projectos exequíveis, sustentados e com objectivos SMART. O que exigem aos outros, primeiro exigem a si próprios. Liderando pelo exemplo e pela competência. Mas somente nas suas tarefas e funções, não atropelando, nem diminuindo os outros, na sua organização. Sabem para o que estão, como devem estar e ser. Atingem os objectivos colectivos, porque são o garante mor que o “todo é essencial e o promenor é relevante”. Pena em alguns aspectos, estarem em vias de extinção e serem em pouco número.

É necessário então, as corretas Funções e Competências de um Gestor de Desporto, conforme refere Pires, 2007 e Agôn,1992. Como também os pontos de referência para a determinação do Perfil Profissional, conforme confirma a INOFOR, 2002. O Dirigente profissional, para além de uma mentalidade que procura a excelência, tem um discurso, uma conduta que vai nesse sentido, podendo ser dirigente com funções e posições de gestor desportivo. Sendo que a Humildade é quando estamos sempre dispostos a aprender com quem que seja. Muito mais se for na área que queremos trabalhar ou com especialistas dessa área. 4)Pergunto então: Se o treinador no III nível por exigência da IPDJ, tem um módulo de gestão desportiva, os dirigentes estão imunes a essa evolução? É que quando falamos neste assunto, verificamos resistência dos mesmos. Porque não querem aprender ou acham que não precisam de formação? Nem é um contrassenso que os dirigentes desportivos, nas suas outras profissões, tenham de o fazer, para subir na sua carreira e não o façam a nível desportivo? É um dado adquirido a “cadeira” de dirigente ou gestor desportivo?  Será que o serviçalismo, a estagnação e a politiquice, deverá ser a base de construção de uma função e posição? Se assim for, não será uma bomba relógio para a organização e um prazo de validade para o colectivo? 5)

Portanto quando referimos que todos devem ter formação, incluímos os dirigentes. É que todos devem fazer crescer a sua organização crescendo também. Onde o seu crescimento influencia positivamente a organização desportiva e vice versa. 6)

Reforço então, com base no Decreto-Lei n.º 267/95, de 18 de outubro que define o estatuto dos dirigentes desportivos em regime de voluntariado, face à falta de accionar os seus direitos, tal situação não invalida os seus deveres. 7) Como tal, treinem os vossos deveres e funções para as vossas queixas sobre os vossos direitos e competências, sejam coerentes e fortemente validadas.