DEZEMBRO É MÊS DE CONVÍVIO POLICIÁRIO EM ALMADA

Maio foi mês de Convívio em Sintra. Junho foi mês de celebração do oitavo aniversário da nossa secção, nascida exatamente a 1 de junho de 2016 nas páginas do jornal AUDIÊNCIA, replicada pouco depois no blogue LOCAL DO CRIME (localdocrime.blogspot.com), onde ainda hoje se mantém com um crescente número de visitas considerável (uma média de 8.700/semana) de seguidores nacionais e de vários países estrangeiros… Julho foi mês de Sardinhada em Setúbal e… Dezembro vai ser mês de Convívio Policiário em Almada! Voltamos a este assunto em breve!

Por agora, cumpre-nos publicar a conclusão do sexto conto do concurso “Um Caso Policial no Natal”, passando antes de mais a transcrever o texto com que terminou a sua primeira parte:

“(…)

Reparou na fantasia que comprara de Pai Natal, arrumada sobre o sofá e que tencionara vestir, para a festa.

E pensou que mesmo sem celebração, iria vesti-la para surpreender o regedor, com uma garrafa de champanhe, e remirem-se mutuamente, das contendas antigas.

Aproximava-se a meia-noite.

Vestiu a fantasia de Pai Natal. As ruas da cidade estavam iluminadas. Saiu de casa.

Ao aproximar-se da casa do regedor, viu por uma janela que havia luz na sala. Bem, ainda não se deitara. Bateu à porta. O regedor surgiu à janela, para ver quem o visitava.

— É pá, quem és tu, vestido dessa maneira, que apareces a esta hora, sem assistires à missa do galo, e vens interromper a construção do presépio, que é a minha companhia na consoada solitária?

(…)”

 

“Um Caso Policial no Natal” – SEXTO CONTO

AMEM-SE UNS AOS OUTROS, de Inspetor Moscardo

 

II – PARTE (conclusão)

— Sou o Filipe. Trabalho no Centro Geral de Computação.

— A sério?

— A sério. Também me calhou, desta vez, essa velhaca solidão. Vamos beber à nossa saúde? — perguntou Filipe.

— Se estás com essa disposição, vamos a isso.

O regedor abriu a porta e saudou-o:

— Bem-vindo, entra. Lembro-me que andámos juntos na escola. Fomos dos mais comtemplados, com vastas reguadas, por parte do professor da primária.

— É verdade eramos burros, a aprender a tabuada. Lembras-te quando já adultos, da vez em que me arrancaste um marco, de uma propriedade, e o atiraste para dentro de um poço?

— Não fui eu Filipe. Como te disse na altura, contratara um novo tratorista, pouco conhecedor das extremas da fazenda, com a manobra de voltar para um novo sulco, arrancou o marco com a charrua, e com medo de ser despedido, escondeu-o no poço.

— É verdade, coisas do diabo.

— Bebamos pois. Enterremos o mau passado. Brindemos ao bom futuro.

Ergueram as duas taças. Tchim… Tchim…

— O que me mói mesmo, — disse o regedor — foi a minha mulher, a minha deusa, ter-me deixado. Ainda sinto a falta dela.

— E, porque não arranjaste outra?

— Eu tentei meu amigo. Mas algumas diziam que não queriam artigo de refugo. E uma disse, que sofrera um ghosting, e que por causa disso, estava com a sua autoestima lesada, e que não voltaria a ter uma nova relação, sem ficar completamente esclarecida, sobre o que a levara a começar, e o que a levara a terminar.

— Será que entendeste, o que era essa coisa do ghosting? — perguntou Filipe — São termos modernos da internet, dos sites de encontros, dates.

— Deitam-se?

— Às tantas. Mas não podes asnear. Tens de ir em frente, encerrares-te numa “torre de marfim” não vai resolver.

— Sabes, amigo, que ela me fugiu, pela altura em que a tua namorada se suicidou? Um revés que nos tocou aos dois, embora diferentes no particular, que coube a cada um.

Filipe lembrou-se do amor que tivera pela namorada, amiga de infância, vizinha, o seu suicídio lhe provocara uma dor, e um receio de voltar a amar.

— Não penses mais nisso, disse o regedor, ela era simpática. Nalguns casos se poderia considerar até demasiado.

— Que dizeis regedor, brincais comigo, com uma coisa tão séria e dolorosa? — Perguntou Filipe, a usar involuntariamente o verbo no imperativo.

O regedor não respondeu, mas não foi o silêncio, foi o sorriso de escárnio, que fez Filipe num gesto repentino, partir-lhe com força a garrafa na cabeça.

O corpo caiu, o sangue começou a correr sobre a alcatifa.

Viu a pulsação. Sem pulso. Estava morto.

Não era sua intenção, obter esse resultado.

O pânico tomou conta de si. Que fazer?

Encenar talvez um acidente, um assalto que correra mal, e desaparecer o mais depressa possível, sem deixar rasto.

Olhou para o relógio a missa do galo terminara.

Atirou os objetos, que estavam em cima dos móveis pelo chão. Abriu e despejou algumas gavetas. Deu sumiço na garrafa.

Despiu a fantasia.

Respirou fundo. Limpava o suor, preparava-se para sair, quando bateram à porta.

Várias vozes diziam do lado de fora:

— Abra, a luz está acesa, queremos desejar-lhe boas festas.

 

AVALIAÇÃO-PONTUAÇÃO

Os nossos leitores têm a partir de agora 30 (trinta) dias para proceder à avaliação deste sexto conto a concurso e ao envio da pontuação atribuída, entre 5 a 10 pontos (em função da qualidade e originalidade), através do email salvadorsantos949@gmail.com. Recorda-se que o conto vencedor do concurso será o que conseguir alcançar a média de pontuação mais elevada após a publicação de todos os trabalhos, sendo possível (e muito desejada!) a participação dos autores no “lote de jurados”, estando, porém, impedidos de pontuar os seus originais (escritos em nome próprio ou sob a forma de pseudónimo), de maneira a não “fazerem juízo em causa própria”.