A Lomba de São Pedro é a mais distante e menos populosa do concelho da Ribeira Grande. Numa entrevista ao presidente da Junta de Freguesia, Dário Bernardo, ficámos a conhecer melhor a realidade da Lomba de São Pedro.
Que resumo faz destes três anos de mandato?
Relativamente ao mandato que estamos quase a terminar, posso apontar que ao longo destes três anos fizemos um grande trabalho a nível de projeção da freguesia para o exterior e também ao nível de infraestruturas. Não só de apoio aos habitantes da freguesia, mas também de espaços turísticos para as pessoas visitarem, de forma a dinamizar a economia local.
Quanto às intervenções que fizemos na freguesia, já é sabido que em dezembro de 2018 inaugurámos o Trilho Moinho do Félix, que atualmente está a ser apelidado como um dos trilhos pedestres mais bonitos da região. Posso também apontar diversos trabalhos em parceria com a Câmara Municipal da Ribeira Grande no que diz respeito à pavimentação de ruas na Lomba de São Pedro, como foi o caso da requalificação da Rua do Poço.
Também estamos a remodelar a antiga sede da Junta de Freguesia, que também já funcionou como escola. Esta obra é totalmente da nossa responsabilidade. Estamos já em processo de finalização. Posso ainda sinalizar que a Câmara Municipal já iniciou os trabalhos afetos ao saneamento básico na Rua da Chã.
Temos também alguns planos para a freguesia, mas o facto é que apenas estamos cá desde 2017 e, de certa forma, o que já foi feito desde essa data já tem sido uma mais-valia para a freguesia, tendo em conta que temos cerca de 350 habitantes.
Queremos também embelezar a freguesia e os seus espaços verdes. Uma vez que somos uma freguesia agrícola, é importante investir nas artérias principais da freguesia e embelezar também as zonas naturais. Temos alguns planos para o futuro. Queremos dinamizar também a zona balnear da freguesia, inclusive temos um projeto para criar naquela zona um pequeno merendário. Foi algo pensado antes de entrarmos neste quadriénio em 2017, mas o facto é que agora estamos a dar prioridade a outras intervenções, tal como o combate constante à habitação degradada.
Nesse sentido, posso salientar que temos já uma moradia que foi demolida pela Junta de Freguesia em parceria com a Câmara Municipal, e também temos outras moradias que já estão sinalizadas e agendadas para intervirmos num futuro muito próximo. Com isto queremos também dar um aspeto mais limpo à freguesia e mostrar a quem nos visita que esta é uma freguesia saudável para se habitar.
No que diz respeito aos nossos funcionários, temos sete pessoas em programas ocupacionais e uma assistente administrativa que vem ajudar-nos a ter uma maior proximidade entre os serviços administrativos e os habitantes, para que sempre que seja preciso intervirmos, esta assistente esteja sempre disposta a colaborar nesse sentido e resolver as coisas de forma mais rápida.
A Lomba de São Pedro é a freguesia mais distante do centro do concelho e também a menos populosa. Que benefícios traz viver na Lomba de São Pedro?
Quase toda a minha vida vivi-a aqui. Somos uma freguesia peculiar. Temos os nossos costumes e as nossas tradições. A agricultura é um alicerce muito forte e penso que, pela minha experiência, este é um sítio tranquilo onde as pessoas podem respirar ar puro, além de que não há aquela componente de trânsito e movimento.
Aqui pode-se comprar imóveis por um preço mais em conta que nos grandes centros. Quem quer tranquilidade, paz de espírito e natureza, aconselho vivamente a viver aqui na Lomba de São Pedro. Para todos os efeitos, agora com as ‘scuts’, este trajeto é menos demorado, seja para Ponta Delgada ou outros concelhos.
Uma grande parte da nossa população vive da agricultura, ou seja, da lavoura e do plantio da batata. Temos um nicho de uma geração mais jovem que está a apostar nos estudos superiores. O facto é que incentivamos e queremos colaborar com esse nicho de pessoas que quer qualificar-se a nível do ensino superior. É bom para nós e enriquece-nos ter gente com mais formação.
Somos uma freguesia cada vez mais dinâmica. Procuramos interagir com outras instituições para realizarmos festas, como é o exemplo do nosso fim-de-semana cultural, que acontece em julho. Procuramos também criar uma dinâmica na colaboração entre essas entidades, de forma a que haja um fluxo financeiro para essas mesmas entidades.
Temos os nossos impérios do Espírito Santo e sempre que a igreja ou outra instituição pretenda fazer um evento, estamos sempre dispostos a colaborar para benefício de todos os habitantes e daqueles que nos visitam.
Que benefícios é que o trilho Moinho do Félix veio trazer à freguesia?
Posso dizer que antes deste executivo entrar para a Junta de Freguesia, tivemos como principal preocupação criar condições para haver investimento na freguesia e, assim, dinamizarmos a economia local. Este continua a ser um dos nossos grandes objetivos.
Nota-se que há uma grande afluência de pessoas de fora da terra que fazem este trilho, o que é um benefício também para o comércio local. Embora tenhamos algum défice desse mesmo comércio, estamos em contacto com toda a população, também de forma a incentivar o investimento para que vejam que a Lomba de São Pedro pode também ser uma fonte de rendimento.
O que disse vai ao encontro de outra questão: que dificuldades têm os habitantes da Lomba de São Pedro?
A distância entre a Lomba de São Pedro e as zonas urbanas, é uma das dificuldades, no entanto, hoje uma grande parte da população possui transporte próprio o que de certa forma facilita imenso para quem trabalha fora da freguesia. Contudo, continua a ser uma barreira para quem usa os transportes públicos e quem necessita de ir às cidades tratar de assuntos referentes à saúde, assuntos profissionais ou pessoais. Mas a Junta de Freguesia, em concertação com outras entidades e freguesias vizinhas, procurará descentralizar serviços de forma a que estes se afetem em zonas mais próximas da zona nascente e assim evitar que os habitantes se obriguem a fazer viagens mais longas.
Há muita gente desempregada?
Posso dizer que devido aos programas ocupacionais que o Governo proporciona, a taxa de desemprego diminuiu, principalmente neste ano.
De uma forma quase direta, posso dizer que o turismo também veio revolucionar um pouco, os agricultores vendem mais e ganham mais. Isto porque os hotéis e restauração consomem os produtos da nossa terra. Por isso mesmo é muito importante também para nós que o turismo volte à nossa Região, para que a dinâmica que estávamos a assistir antes da pandemia continue.
Quanto ao orçamento da Junta de Freguesia. Aquilo que vocês querem fazer vai ao encontro do orçamento?
Nem sempre temos aquilo que ambicionamos. O que é facto, e também tendo em conta a população da freguesia, posso adiantar que o orçamento não é muito grande, mas felizmente é estável.
Recebemos cerca de 45 mil euros anuais do Fundo de Financiamento das Freguesias e Câmara Municipal da Ribeira Grande. Não é um valor muito significativo tendo em conta a nossa estratégia, mas fazemos o máximo que pudemos. O facto é que também solicitamos e celebramos protocolos seja com a Câmara Municipal da Ribeira Grande ou com o Governo Regional dos Açores para que haja investimentos destas partes na freguesia.
Como é que é a relação da Junta de Freguesia de São Pedro com o Governo e com a Câmara Municipal?
Como é normal, temos um contacto mais próximo com a Câmara Municipal porque é esta a responsável pelas freguesias do concelho. Tem havido alguns trabalhos realizados em parceria com a Câmara e também, de uma forma cirúrgica, algumas intervenções do Governo Regional.
Houve coisas que foram alcançadas e outras nem tanto, mas a forte ligação que existe com a Câmara Municipal e todas as freguesias do concelho é uma mais-valia para todos e alivia a nossa carga financeira e, assim, conseguimos ter outro tipo de intervenção que não conseguiríamos fazer de forma independente.
Nesta época festiva, quer deixar uma mensagem aos habitantes da Lomba de São Pedro?
Em nome de todo o executivo, quero desejar um feliz Natal e um próspero Ano Novo a todos os ribeiragrandenses, em especial aos da Lomba de São Pedro. Em tempos difíceis como aqueles que atravessamos, é necessário mantermos a esperança e, acima de tudo, sermos responsáveis e seguirmos as indicações das autoridades de saúde.