“FESTA. FÚRIA. FEMINA.”: ARTE, HISTÓRIA E PLURALIDADE

A exposição “Festa. Fúria. Femina.”, composta por 146 obras da coleção da FLAD (Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento), quase exclusivamente da autoria de artistas portugueses, foi inaugurada no passado dia 20 de maio, no Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas, na Ribeira Grande. Esta mostra, que vai ficar patente até ao próximo dia 4 de setembro, evoca, através de desenhos, pinturas, fotografias e esculturas, temas como o colonialismo, o corpo, a sexualidade, a natureza, a mulher e a própria criação artística.

 

 

Composta por obras da coleção da FLAD (Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento), a mostra “Festa. Fúria. Femina.” foi inaugurada no passado dia 20 de maio, no Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas, na Ribeira Grande, uma iniciativa que contou com a presença de José Manuel Bolieiro, presidente do Governo Regional dos Açores, Sofia Ribeiro, secretária Regional da Educação e Assuntos Culturais, assim como individualidades governamentais, autárquicas, civis e militares. Esta exposição, que é constituída por 146 obras de 66 autores, que foram selecionadas pelos curadores Sandra Vieira Jürgens e António Pinto Ribeiro, celebra a arte contemporânea em Portugal e incita novas reflexões sobre o colonialismo, a sexualidade, a natureza, o corpo e a mulher.

No âmbito da cerimónia, que assinalou a abertura desta exposição ao público, Rita Faden, presidente da FLAD, afirmou que, para a fundação, “é uma grande alegria estarmos aqui, hoje, nos Açores, no Arquipélago, neste espaço tão fantástico”, salientando que “para nós, desde o início, era muito importante a ideia de podermos realizar a nossa exposição na Região Autónoma, tendo em conta a ligação que a FLAD tem com os Açores, assim como a importância que a Região Autónoma tem para nós”.

A exposição surgiu de uma coprodução entre a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento e o Arquipélago e integra parte de um acervo, iniciado em 1986, constituído, maioritariamente, por artistas portugueses, que, através, essencialmente, do desenho, mas também da pintura, fotografia e escultura, representam enquadramentos socio-históricos diversos.

Garantindo que “a arte tem um poder transformador na vida das pessoas”, a presidente da FLAD sublinhou que “nós achamos que é uma oportunidade fantástica, para poderem ver as obras da coleção da FLAD, as antigas, mas também, as novas aquisições que nós fomos fazendo nos últimos anos. Este é um trabalho, que eu acho que está fantástico, feito por uma equipa do Arquipélago”.

Na mostra, estão presentes obras de artistas, que prezam a interdisciplinaridade, como Paula Rego, Júlio Pomar, Julião Sarmento, Helena Almeida, Rui Chafes, Gaëtan, Manuel Lagarto, Bárbara Assis Pacheco, Pedro Cabrita Reis, Susanne Themlitz, Pedro Portugal e Michael Biberstein.

Como explicaram os curadores, Sandra Vieira Jürgens e António Pinto Ribeiro, três vetores emergem da coleção e dão nome a esta exposição. “«Festa. Fúria. Femina.» é um título que indica três caminhos possíveis, para a leitura da exposição e cabe a cada um de nós encontrar a sua leitura e os seus trilhos, para a interpretação da mesma”, esclareceram, acrescentando que “mostra a diversidade de obras, a sua riqueza e pluralidade”.

“A exposição permite ter um conhecimento muito bom sobre o estado da arte em Portugal”, considerou Sandra Vieira Jürgens, advogando que “estamos a falar de arte, criatividade e é isso o que nós gostamos de fazer, pensando as coisas de uma outra forma, inovando sempre e desafiando aquilo que são os olhares”. Por outro lado, António Pinto Ribeiro referiu, aquando da inauguração, que o maior desafio foi selecionar as obras da exposição, uma vez que a coleção da FLAD é composta por 1027 peças.

Associado à exposição, o Arquipélago vai organizar visitas guiadas e “visitas-oficina” para alunos de todos os ciclos de ensino de São Miguel, workshops de desenho com artistas de renome, aulas abertas com os curadores e uma escola de verão, para alunos do ensino secundário e ensino superior.

A curadora fez, ainda, questão de enaltecer que “a diversidade que existe na arte, ajuda-nos a tornar a sociedade mais democrática, mais inclusiva, que é o que nós queremos, transformando no bom sentido e trazendo tudo de melhor, para que as pessoas sejam, também, mais emancipadas”.

Também, o presidente do Governo Regional dos Açores, José Manuel Bolieiro, fez questão de marcar presença na inauguração desta exposição, enaltecendo a relevância do Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas no panorama regional e nacional e destacando que “o facto de a exposição ser neste espaço, ajuda a valorizar uma ideia de descentralização da oferta e experiência cultural e artística, que, aqui, representa”.

Evidenciando a importância dos momentos culturais, o líder da Região Autónoma dos Açores lançou um repto, “para que este possa ser apenas o início de uma primeira exposição de cooperação e que, depois, se possa alargar e fazer, com a FLAD e com tantas outras instituições, muitas outras mostras, projetando para o exterior, os Açores como um lugar onde a arte e o talento acompanham, pela inspiração humana, aquela que foi a grande inspiração divina, que nos fez, enquanto natureza, uma das mais belas regiões do planeta”.