FILIPE LOPES: UM HOMEM QUE VIVE A FREGUESIA E TRABALHA EM PROL DA COMUNIDADE

Filipe Lopes, presidente da Junta de Freguesia de Pedroso e Seixezelo, contou, em conversa com o AUDIÊNCIA, a história da sua viagem pelas eleições autárquicas.

O presidente falou ainda sobre os trabalhos desenvolvidos, sobre as festas que se avizinham e sobre os projetos que pretende incrementar.

 

 

O Filipe Lopes foi reeleito nas eleições autárquicas que decorreram no passado dia 1 de outubro. Como correu esta viagem e qual foi o impacto que a sua vitória teve na oposição?
Eu tenho as minhas convicções, as minhas ideias, sei por onde devo ir, e, naturalmente, sei estar integrado numa equipa, na qual haverá sempre um líder que, no caso do projeto que nós temos para Gaia, é o Eduardo Vítor Rodrigues. Por isso não me cria espécie nenhuma ser dirigido por um líder, ainda para mais quando reconheço que o líder tem a capacidade de o ser, isso ainda menos me custa. Todavia, eu sempre fui uma pessoa leal e sempre pensei pela minha cabeça e quando eu não concordo com o Eduardo Vítor Rodrigues eu não vou para o Facebook escrever indiretas, eu gosto de pegar no telefone e de lhe escrever e de lhe ligar, porque é assim que eu sei estar. Quando em 2013, o na altura o presidente do PS Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, me convidou para ser candidato pela primeira vez, eu senti a necessidade de falar com quem era na altura o presidente da Junta de Freguesia de Pedroso e dirigi-me um dia à Junta para falar com o senhor António Tavares e para lhe dar essa informação em primeira mão, depois de comunicar à minha família e à minha entidade patronal. E porque é que eu fiz isso? Eu fiz isso porque eu conhecia-o, apesar de não ter uma relação muito próxima com ele, o meu falecido pai era uma pessoa próxima do senhor António Tavares, enquanto ele esteve ligado ao Partido Socialista e, por isso, achei que tinha de lhe dar uma palavra, até porque, na altura, havia a dúvida se ele poderia ou não ser candidato pela questão do limite de mandatos, pela questão da União de Freguesias se ia ou não avançar, e se avançasse se ele poderia candidatar-se, visto que era uma nova entidade. Estava toda essa dúvida no ar em 2013 e eu um dia vim á Junta, encontrei-o e dei-lhe a informação de que me ia candidatar. Entretanto eu comecei a fazer a minha campanha eleitoral e quando ele soube que podia ser candidato, ele não me acusou a mim, nem me enviava indiretas, mas fazia-o a alguns membros da minha equipa e denegria-os nos jantares de apoio às coletividades que se faziam sempre nos anos de eleições, que eram pagos com o dinheiro da Junta, e fê-lo principalmente ao meu antigo Tesoureiro e ao Coordenador da minha Comissão de Honra. Eu recordo-me disso, aliás recordo-me muito bem disso. Entretanto eu venci as eleições e recebi uma mensagem do senhor António Tavares a congratular-me pela vitória, à qual eu agradeci. Posso dizer-lhe que numa das primeiras Assembleias do mandato anterior, que está gravada e publicada no nosso site, porque é o que nós fazemos com todas as nossas Assembleias, por isso é audível, uma das expressões do senhor António Tavares dizia era que “o povo é soberano e tem sempre a razão”, contudo essa versão mudou, porque há pessoas que vivem muito bem em democracia quando os outros concordam com a ideia delas, mas quando os outros não concordam com a ideia delas, já não gostam da democracia e já preferem a ditadura. Por isso, a ideia foi mudando. Nós tivemos 4 anos em que a bancada do PSD/CDS, onde estava o senhor António Tavares, não apresentou uma única proposta para a Freguesia de Pedroso e Seixezelo, mas diziam muitas vezes e também está audível que “nós estamos aqui, porque nós não fugimos, nós damos a cara e respeitamos a vontade do povo. Nós fomos eleitos e estamos aqui a representar o nosso lugar”. Acontece que nestas últimas eleições eu fui alvo de ataques de toda e qualquer espécie e usaram as formas mais parolas possíveis para me acusar, acusaram-me de tudo e chamaram-me de tudo, aliás até de Hitler me chamaram no Facebook. Eu não respondi a qualquer acusação que me foi feita nas redes sociais, apenas disse, em agosto de 2017, que “se determinadas pessoas, neste caso o senhor António Tavares, me voltasse a acusar injustamente ou a algum membro da minha equipa, que eu responderia com factos”. O senhor António Tavares voltou a acusar-me e eu peguei nos factos, que estão neste momento no Ministério Público e que espero que a justiça funcione, e publiquei no Facebook, factos verdadeiros, nomeadamente documentos oficiais da Junta de Freguesia. O senhor António Tavares não gostou e a partir daí chamou-me de tudo e de mais alguma coisa, afirmou que ia ganhar as eleições e alegou que as pessoas apenas diziam que estavam comigo à minha frente, pois nas minhas costas as pessoas diziam que estavam fartas de mim, porque eu era um garoto e um mentiroso. O que é certo é que chegou ao dia das eleições e eu tive quase 70% dos votos, mais de 6000 votos, enquanto o senhor António Tavares teve 600 votos. A coragem das pessoas, a Democracia e o respeito pelos valores ficaram esquecidos, porque o senhor António Tavares, até á data de hoje, ainda não tomou posse na Assembleia, ora porque está doente, ora porque está em trabalho e isso mostra a coragem das pessoas, mostra a verticalidade das pessoas e mostra a forma de ser, porque eu atrás de um computador tenho toda a coragem do mundo, mas frente-a-frente já é um pouco mais difícil. O resultado das últimas eleições autárquicas foi histórico na Freguesia, foi a maior vitória de sempre em Pedroso e teve a particularidade de eu ter tido como adversários o antigo presidente da Junta de Pedroso, que esteve no poder durante 24 anos, e de ter como número dois numa outra lista o antigo presidente da Junta de Freguesia de Seixezelo, que esteve no poder durante 12 anos. O PSD/CDS teve o resultado mais baixo da história da Freguesia e o PS conquistou algo histórico quer na Junta de Pedroso onde obteve resultado estupendo, quer em Seixezelo, onde recuperou a maioria que não tinha há anos. Por isso, isto dói-lhes, mas a mim dá-me responsabilidade, responsabilidade pelo facto de as pessoas acreditarem no projeto e responsabilidade por as pessoas reconhecerem que estamos no rumo certo e com as pessoas certas. Eu acredito muito nisto, porque tudo isto se deve, não é ao Filipe, porque isto é uma equipa, uma equipa de um executivo, uma equipa de uma Junta de Freguesia e deve-se muito, principalmente, à comunidade, que compreendeu o que nós queríamos, que entendeu que tudo o que nós faríamos era para o bem da comunidade, que adere desde a uma caminhada na qual conseguimos ter 200 pessoas, a uma Festa do Caneco que está lotada todos os dias, aos correios cujos serviços são sempre muito solicitados, à Academia Sénior, e a tudo o que nós fazemos porque as pessoas sabem que tudo o que a Junta faz é para o bem da comunidade e que não é para o benefício nem do presidente, nem dos familiares do presidente. O resultado que eu obtive enche-me de orgulho, não pelo resultado em si mesmo, mas pelo facto de as pessoas acreditarem em nós e no nosso projeto.

 

A Junta de Freguesia de Pedroso e Seixezelo continua a apostar em eventos detentores de grande impacto social. Pode descrever-nos em que consiste e qual é a importância do 13º Festival da Cereja e da 5.ª Festa do Caneco?
Nós quando chegamos à Junta de Freguesia o Festival da Cereja já existia, aliás já estava na sua 8ª ou 9ª edição. No que respeita a Festa do Caneco, esta, efetivamente, não existia em Pedroso. Acho que posso afirmar que Pedroso é das freguesias com mais instituições e coletividades, pelo que existia claramente a ânsia da realização de um grande momento cultural, no qual estas instituições e coletividades tivessem as suas barraquinhas para poderem desenvolver a sua atividade, mostrar o que fazem e angariar alguma receita, porque as coletividades também têm despesas como todos nós. A criação da Festa do Caneco é, no fundo, um projeto fundado a partir de um conjunto de ideias que têm como base o apoio às coletividades, um apoio indireto, porque elas trabalham, na medida em que lhes é proporcionado um espaço para que elas consigam angariar fundos, com o intuito de oferecer um momento de convívio, uma semana, um espaço, no qual as pessoas possam estar juntas e desfrutar, que era o que faltava na Freguesia; e, ao mesmo tempo, também é a afirmação de uma marca, que é a marca de Pedroso e Seixezelo, porque a Junta de Freguesia não sendo uma empresa, não tendo uma vertente comercial, tem de ter orgulho no que faz e nas cores que defende, que são as cores da União de Freguesias de Pedroso e Seixezelo. No que concerne a Festa do Caneco, eu tenho presente que este não foi o principal projeto que criamos no mandato anterior, mas foi o projeto que teve uma maior afirmação da marca, no qual a marca de Pedroso e Seixezelo foi mais falada fora da Freguesia, fora do concelho e também fora do distrito, aliás eu conheço pessoas de outros distritos, mais a norte, que vieram cá por causa da Festa do Caneco, do fenómeno da festa, de tudo o que ouviam dizer sobre ela. Por isso é um evento que vai ser para continuar, a custos controlados pois, efetivamente, temos de fazer uma gestão do dia-a-dia, das despesas correntes e temos de ter verbas para as suportar, mas não podemos também viver de uma forma miserável, nem podemos viver só para pagar ordenados. Eu acho que as Juntas de Freguesia também têm o papel de afirmação de uma marca, de uma terra, de uma região e de uma comunidade, que é o nosso caso aqui de Pedroso e Seixezelo, por isso é estes dois festivais existem e vão continuar a existir. Como eu disse anteriormente o Festival da Cereja não foi uma ideia nossa, ele já existia, nós apenas mudamos o espaço da restauração, das barraquinhas, para uma zona também próxima do Parque das Corgas, como era o espaço anterior, para um espaço que é nosso, para um espaço que é do domínio público. O Festival da Cereja é um evento com uma vertente diferente, porque quando chegamos à Junta, Seixezelo tinha uma coletividade e hoje tem quatro, por isso nós também fomentamos um bocadinho o associativismo e a criação de novas instituições, mas claramente que era numa vertente mais particular, na qual cada um tinha a sua barraquinha e desenvolvia a sua atividade. Já o Caneco nasceu numa vertente de instituição e coletividade e é nessa vertente que vai continuar, enquanto eu cá estiver, isto não quer dizer que nós fechamos as portas a todos os particulares. Contudo, para um particular entrar na Festa do Caneco para vender um produto, esse produto tem de ser diferente, tem de acrescentar valor, aliás essa exceção está prevista no regulamento. Claramente que estes são dois momentos de afirmação de um povo, de uma marca, que é a Freguesia, e depois de uma submarca que, no caso de Seixezelo é o Festival da Cereja, e no caso de Pedroso é a Festa do Caneco.

 

O ano transato houve uma novidade na edição da Festa do Caneco, que consistiu no Caneco BUS. Este serviço vai manter-se este ano? Em que consiste? Quem pode usufruir?
No caso dos dois festivais que a junta organiza, eu acho que o que faz a diferença para que as coisas corram bem, e efetivamente têm corrido muito bem, principalmente a Festa do Caneco, que teve um crescimento brutal em quatro anos, são as novidades que nós vamos implementado, porque nós temos de ter alguma coisa que faça a diferença para que as pessoas queiram ir àquela festa e não a outra. Nós tentamos inovar todos os anos e o ano passado apostamos no Caneco BUS, que foi uma ideia que nós tivemos e que contou com uma parceria com uma empresa de transportes da Freguesia, na qual a Junta de Freguesia assumiu metade do custo e a outra metade foi doada pela empresa à Freguesia e à Junta de Freguesia. O Caneco BUS consistiu na definição de paragens, em todo o território da União de Freguesias, e de três circuitos, com o objetivo de cobrir o máximo de zonas. O circuito era próprio, pelo que as pessoas não tinham de o solicitar e as paragens estavam devidamente identificadas, assim como os horários do Caneco BUS. O serviço contemplou três circuitos de transporte para o evento e três circuitos de regresso, que levavam as pessoas para casa. Posso dizer-lhe que nós verificamos que a adesão foi baixa nos primeiros dois dias da edição passada, todavia, nos restantes dias houve uma adesão brutal ao serviço que oferecemos. Nós contabilizamos circuito a circuito e horário a horário, com o objetivo de melhorarmos o serviço, por isso fizemos esta monitorização juntamente com a empresa de transportes e verificamos que transportamos mais pessoas do Caneco para casa do que de casa para o Caneco.

 

Qual é o papel da Junta de Freguesia nestes eventos?
Neste momento, a Junta organiza cerca de 15 eventos por ano, dos quais 12 são geridos pelo executivo e 3 deles são geridos por equipas próprias da organização, um deles é a Festa do Caneco, outro é o Festival da Cereja e outro é a Petrus Run. Estes três eventos são geridos, logicamente com a palavra do executivo, mas têm equipas de organização próprias que trabalham e desenvolvem estes eventos à parte. O custo da Festival da Cereja e da Festa do Caneco é assumido na íntegra pela Junta de Freguesia, depois há a receita e da parte do haver nós temos um conjunto de empresas que se associam aos eventos e que fazem donativos específicos para estes dois eventos. Também tem havido anualmente um apoio da Câmara Municipal de Gaia para esse tipo de eventos. Depois há a cedência dos espaços das barraquinhas, que está sujeita a um valor, para quem for selecionado para ocupar um espaço quer no Festival da Cereja quer na Festa do Caneco. Estas são as três fontes de receita. O ano passado tivemos cerca de 20 empresas associadas aos eventos e eu espero este ano ter mais. O objetivo destes eventos não é obter lucro, porque nem tudo o que uma Junta de Freguesia ou uma Câmara Municipal deve fazer tem de ter lucro, isto não é uma empresa, nós vamos gerindo as contribuições dos impostos que as pessoas vão pagando, mas nem tudo tem de dar lucro, agora, naturalmente, é verdade que há um prejuízo, mas eu vejo este prejuízo como um investimento, porque o custo que a Junta possa ter nos dois eventos é amplamente quintuplicado pelo lucro que as coletividades obtêm. Por isso, em vez de a Junta estar a dar um donativo às coletividades, cria esse evento, gasta um valor, mas as coletividades recebem 5, 6, 7 ou 8 vezes mais e eu acho que o papel de uma Junta de Freguesia também é esse. Agora da parte da Junta de Freguesia há uma preocupação, não só nestes dois eventos, mas em tudo o que fazemos porque queremos fazer bem e é nessa posição que nós queremos continuar a estar.

 

Continua a existir uma multiplicação de protocolos com todas as forças vivas da Freguesia, ou nota que há uma diminuição do movimento associativo?
Do movimento associativo eu penso que há, por parte das instituições da Freguesia, uma manutenção, isto é, nem um aumento nem uma diminuição. As coisas não estão fáceis para ninguém, por isso, naturalmente há uma maior dificuldade hoje em dia, os apoios são menores, mas aqui em Pedroso e Seixezelo eu não sinto que haja uma diminuição. Da parte da Junta de Freguesia, aquilo que nós fazemos é aquilo a que nos comprometemos em 2013, que é sermos parceiros. Eu sei que fico um pouco desajustado, por ser um político que cumpre aquilo que diz. Eu sempre disse que as coletividades eram para ser parceiros seriam para dar todo o apoio e é isso que temos vindo a fazer.

 

 

 

O Grupo Coral da Academia Sénior de Pedroso e Seixezelo tem levado longe o nome das freguesias em questão. Considera que existem condições para que o grupo citado possa agarrar oportunidades que venham a engrandecer e a ser um forte contributo para a divulgação destas localidades e do concelho de Vila Nova de Gaia, como aconteceu com a viagem à Ribeira Grande?
Eu não tenho dúvidas. Eu tenho dito que a Academia Sénior é aquele projeto que faz com que os meus olhos brilhem. Efetivamente, eu acho que é a principal obra que fizemos no mandato anterior. Este é um projeto muito importante para a comunidade. A Academia Sénior foi um projeto que não estava na minha cabeça quando decidi candidatar-me, em 2013, mas passado um ano de ter chegado, percebi a existência desta insuficiência na comunidade. A Academia é constituída por um conjunto de pessoas válidas e ativas que, por vários motivos estavam em casa, mas que queriam sentir-se úteis e válidas para a sociedade. Então nós decidimos avançar com este projeto e este projeto foi iniciado a 5 de outubro de 2015, dia no qual realizamos sempre uma Gala de Aniversário, na qual todos os alunos mostram às pessoas aquilo que fazem e o que aprendem na Academia. Se naquela altura alguém me perguntasse se eu achava que em 2017 ia ter mais de 400 alunos, mais de 12 disciplinas e mais de 28 turmas, eu diria que nem nos meus sonhos. Todavia, o que é certo é que hoje temos isso e o Grupo Coral é a disciplina que mais promove a Academia, porque tem a oportunidade de ir atuar a vários locais. No dia 18 de abril tivemos uma aula experimental de teatro e vamos tentar criar essa nova disciplina. No que respeita o Coro, este é composto, neste momento, por 35 elementos, mas posso-lhe dizer que, em 2015, no final das inscrições só tínhamos 3 alunos, esteve em risco de nem arrancar, e hoje temos 35 elementos, já fomos atuar aos Açores, a Caminha e a outros locais, o que é, efetivamente, espetacular. O coro tem crescido bastante, promove enormemente o projeto, promove enormemente a Freguesia e o concelho. E a mim o que me deixa contente, mais do que ver, mais do que sentir alguma vaidade pessoal, mais do que ter visto o coro a atuar nos Açores, foi a primeira atuação que o coro teve. Eu nunca mais me vou esquecer, foi em dezembro de 2015, ou seja, dois meses após o início do projeto, altura na qual realizamos a 2º edição do concerto Natal Solidário, projeto que arrancou em 2014 com o Coro Polifónico de Pedroso – Associação Musical de Pedroso, ao qual eu pedi para incorporar a atuação do Grupo Coral da Academia Sénior. Eles atuaram no Mosteiro de Pedroso e no fim desse concerto duas ou três senhoras vieram ter comigo a chorar e a dizer “senhor presidente acha que eu alguma vez pensei que ia cantar no Mosteiro de Pedroso?”, eu vi a alegria das pessoas por se sentirem úteis. Eu tive a sorte, com a ajuda da Câmara Municipal de fazer 40 ruas, de edificar muitas obras, uma piscina, uma casa mortuária, mas esta obra é, de longe, aquela que me vai marcar e que vai marcar o tempo que eu aqui estiver.

 

No que respeita ao desporto parece que continua a haver uma aposta séria por parte da Junta de Freguesia, nomeadamente com os Jogos Juvenis de Gaia e o Torneio das Velhas Guardas. Quais são as apostas que o executivo tem feito e pretende ter nesta área?
Os Jogos Juvenis de Gaia eram um compromisso do, na altura candidato, Eduardo Vítor Rodrigues de reaver e fazer renascer estes jogos, caso fosse eleito. Ele cumpriu a sua palavra e tem mostrado que também é um político de palavra. Da parte da Freguesia nós temos a sorte de ter um dinamizador que sonha com os Jogos Juvenis de Gaia de dia e de noite, que é o João Carlos. Ele é uma pessoa dedicadíssima a este projeto, que coloca todos a mexer. Posso dizer-lhe que ainda ontem, dia 16 de abril, eram 19 horas e eu estava com ele a trabalhar nos Jogos Juvenis. O João Carlos já faz parte dos Jogos Juvenis há 34 anos, isto é, desde a sua fundação, e efetivamente acredito que devemos ser das poucas freguesias que treina afincadamente e que, como somos das freguesias com mais atletas inscritos, nas mais diversas modalidades, chegamos ao final e por norma há uma maior conquista de trofeus, mas isso também é fruto do trabalho. Os troféus não nos interessam muito, o que nos interessa é a participação das crianças. Nós apostamos claramente nos Jogos Juvenis de Gaia, que é um projeto da Câmara Municipal de Gaia, mas que tem aqui na Freguesia de Pedroso e Seixezelo um parceiro muito ativo e muito consistente neste projeto. Depois temos o Torneio das Velhas Guardas que é um projeto que já existia, não fomos nós que o criamos. O que nós fizemos foi dar continuidade a este projeto, que decorre todos os anos durante o mês de julho, no qual há duas jornadas por semana e no final há um convívio para a entrega dos prémios referentes ao Torneio. Ao mesmo tempo temos a Petrus Run, e aí claramente já foi uma aposta nossa, de sentirmos que havia uma lacuna nesta área na nossa Freguesia. Nós temos um Estádio que tem uma pista de atletismo, que é o Estádio Jorge Sampaio, que se calhar nunca teve grande utilidade antes de nós aqui chegarmos e nós sentimos essa necessidade, de efetivamente criar uma prova na qual os últimos 400 metros dos 10 quilómetros fossem percorridos dentro do Estádio. Este projeto tem corrido bem, a primeira edição decorreu em 2015 e contou com a participação de 250 atletas, em 2016 tivemos 580 atletas, em 2017 tivemos 819 atletas e este ano tivemos 920 atletas, por isso tem corrido bem, temos tido atletas do Sporting, do Braga e do Benfica a participar e eu acho que também é através disto que se promove a Freguesia. Fizemos parceria com os dois únicos clubes de atletismo da Freguesia, mas sempre numa vertente do apoio, da logística e da organização da prova. Eu acho que, claramente, tirando os Jogos Juvenis de Gaia que são uma referência histórica, a Petrus Run é a referência que fica ao nível do desporto aqui na Freguesia e é a principal referência da Freguesia. Depois também temos a caminhada de abril que se realiza no dia 25 de abril, numa vertente do desporto e da solidariedade, uma vez que as receitas revertem para a Liga Portuguesa Contra o Cancro. Neste âmbito posso destacar ainda todo o apoio que damos às instituições da Freguesia e, posso dizer-lhe, que há coletividades nas quais a Junta é o único “patrocinador”.

 

Qual é a situação atual dos clubes e quais são as suas ambições?
A minha ambição, e isto não é uma piada referente ao passado, porque o passado é passado e não interessa muito, mas eu acho que a minha principal ambição é que as coletividades da Freguesia, quer sejam de carácter desportivo, cultural, ou religioso, tenham a sua independência. Uma independência do dia-a-dia e que não haja, do poder político, uma imposição que existia, que sempre existiu no passado na Freguesia de Pedroso, de controlar, por exemplo, os elementos que compõem a direção. Eu acho que a Junta de Freguesia tem a obrigação de apoiar todas as instituições que têm uma atividade relevante para a comunidade, isto porque existem instituições que são criadas por grupos de amigos para jogarem à sueca ao domingo à tarde e isso não é relevante para a sociedade. A Junta tem a obrigação de apoiar e essa obrigação não deve estar condicionada a nada. Eu apoio e a minha expectativa é que as coletividades continuem no clima de paz que tem existido nos últimos quatro anos. A Junta de Freguesia dá, anualmente, um apoio financeiro, bem como tenta disponibilizar o autocarro da Junta, às instituições, para que estas possam deslocar-se para mais longe, viagens estas que muitas coletividades não têm meios para realizar. A Junta também tenta estar presente nos momentos para os quais é convidada. E, acima de tudo, apoia, e eu apoio como apoiante, como simpatizante, como adepto e como sócio que sou de algumas coletividades, tudo nesta vertente. A minha ambição é que haja paz, é que haja esta tranquilidade que hoje se vive na Freguesia. É importante que as coletividades saibam que têm aqui um apoio livre, sem qualquer tipo de condicionantes. Felizmente, as coisas têm corrido bem quer ao Futebol Clube de Pedroso, quer ao Clube de Hóquei dos Carvalhos, aliás, tanto num como noutro ainda existe a expectativa de subida de divisão. Para o Futebol Clube de Pedroso era espetacular porque iam subir dois anos seguidos, para o Hóquei isto significava regressar à 1ª divisão nacional e jogar contra o Porto, contra o Benfica e contra o Sporting. Mas acima de tudo, mais do que o sucesso desportivo, que é importante, também é preciso ver a vertente da sustentabilidade. Eu, antes de ser presidente da Junta, fiz parte de alguns órgãos sociais e de algumas coletividades da Freguesia e sei as dificuldades que elas vivem, e é por isso que a Junta, desde que eu aqui cheguei, tem tido um papel importante no apoio, porque já é demasiado difícil o dia-a-dia de quase todas as coletividades da Freguesia. Por isso, mais do que a ambição desportiva, tem de haver sustentabilidade financeira, porque eu quero que o Hóquei suba e quero que o Pedroso suba, mas quero que daqui a um ano continuem de cara limpa, que sejam coletividades cumpridoras e que não estejam com dificuldades financeiras, mais do que a subida de divisão.

 

O que seria, para si uma época de sucesso, considerando que o desporto pode impulsionar o desenvolvimento das freguesias de Pedroso e Seixezelo?
Bem, uma época de sucesso ao nível do Hóquei era que efetivamente subissem à 1º Divisão Nacional Sénior, ao nível das camadas jovens, que continuem num crescimento de atletas, aliás tem-se verificado um crescimento de equipas e um crescimento do número de atletas. As coletividades têm um papel muito importante na formação dos jovens, tanto pelo ambiente que se cria e pelo espírito de equipa, como pela luta e pelo sacrifício para atingir o sucesso. Penso que isto é muito importante. Por isso, no Hóquei a ambição seria claramente a subida à 1ª Divisão Nacional da equipa sénior, no que respeita a equipa sénior feminina esta tem tido sempre um desempenho espetacular, está na 1ª Divisão e acredito que irá continuar. O Futebol Clube de Pedroso está neste momento em 3º lugar e sobem dois. Era excelente que conseguissem garantir a subida de divisão. Mas, mais do que sucesso desportivo, é muito mais importante a formação de atletas, a formação de jovens e a sustentabilidade financeira e saber que temos ali uma coletividade que tem pernas para continuar ali por muitos anos. Isso é muito mais relevante do que o sucesso desportivo, é óbvio que todos nós queremos ganhar, mas nestas divisões eu acho que o mais importante é a formação, a sustentabilidade financeira e a imagem que se dá do clube.

 

 

No que concerne o apoio social, a Junta de Freguesia possui um grande projeto denominado Pedroso Seixezelo Apoio Social (PSAS). Em que consiste e que protocolos foram assinados no âmbito do mesmo?
Toda a nossa ação, na ação social está ancorada ao Projeto Pedroso e Seixezelo Apoio Social (PSAS), que criamos em 2014. Este projeto contempla uma verba anual própria do orçamento da Junta de Freguesia, que se destina ao pagamento das contas de luz, água, gás, renda, alimentação, por isso é uma verba que se destina a apoiar as famílias carenciadas nas despesas correntes de habitação e alimentação. Depois, fruto da nossa política de parceria, porque eu entendo que uma Junta só consegue ter resultados se tiver parceiros, temos assinado um conjunto de protocolos com várias entidades da Freguesia, quer ao nível de farmácias, onde temos, dentro do PSAS, o Programa Pedroso e Seixezelo com Farmácias Solidárias, onde temos protocolo com três farmácias da Freguesia e temos um plafom de 5 mil euros anuais, que nos permite dar medicação a famílias carenciadas. Temos também um protocolo com uma ótica que é o Programa Pedroso e Seixezelo com Óticas Solidárias, onde temos um valor superior a 4 mil euros anuais para oferecermos óculos e consultas a pessoas carenciadas. E, recentemente, criamos o Programa Pedroso e Seixezelo com Sorrisos Solidários, através do qual assinamos um protocolo com cinco clínicas dentárias, que permite que as pessoas carenciadas possam usufruir dos serviços por um preço especial protocolado com a Junta de Freguesia. Quem é que pode estar habilitado? As pessoas carenciadas que cumpram os critérios de elegibilidade descritos no PSAS, podem dirigir-se ao gabinete de Ação Social presente na Junta de Freguesia para preencher o processo. É importante referir que as candidaturas são analisadas caso a caso. Agora, posso dizer que, ao nível da ação social e acho que em todas as outras áreas, Pedroso e Seixezelo é uma referência, eu não tenho duvidas nenhumas de que temos uma resposta que pouco ou mais nenhuma Junta terá. Posso dizer-lhe que em 2017 tivemos 244 processos de famílias, dos quais 219 foram respondidos com resposta positiva, o que representa uma taxa de sucesso estupidamente alta, isto dá uma taxa de resposta de 89% e eu acho que não há nenhuma instituição do país com uma taxa de resposta como nós temos aqui. Tomara que todas as organizações do país conseguissem responder desta forma, porque se calhar as pessoas estariam melhor.

 

Ouvi dizer que criou uma cooperativa de solidariedade social denominada Rumos, pode falar-me sobre este projeto, sobre o que está na origem do mesmo, em que consiste, qual é a missão e os principais objetivos?
Posso, mas para isso tenho de tirar o casaco de presidente da Junta de Freguesia e vestir o casaco de Filipe Lopes. Como eu lhe disse anteriormente, nós viemos para a Junta em 2013 com um plano claro, no qual não constava a Academia Sénior, não constava a Cooperativa, não constava nada disto. O que nós fomos observando ao longo dos últimos quatro anos foi que havia e que há algumas lacunas na sociedade, algumas delas na própria Junta de Freguesia. Na junta não havia ação social e hoje somos uma referência no concelho, não tenho dúvidas disso, nem assistente social havia, por isso como é que ia haver ação social se nem assistente social havia. Hoje temos uma assistente social e fomos desenvolvendo um trabalho na ação social. O que é certo é que em alguns casos estamos a falar de respostas sociais que são necessárias numa comunidade e numa Freguesia, às quais a Junta não consegue atender, porque não é uma competência da mesma. Estas respostas sociais vão sendo dadas por instituições de freguesias vizinhas. Contudo, nós temos de ter orgulho na nossa Freguesia e fomos sentindo que a falta de uma IPSS na Freguesia era uma lacuna e isso é sentido em várias áreas, desde a intervenção em algumas respostas sociais, que têm de ser dadas por instituições que não são de Pedroso nem de Seixezelo, desde a gestão do Projeto Gaia Aprende +, da Câmara Municipal de Gaia, portanto havia e há um conjunto de lacunas. A Rumos surge pela ideia de um tolo, que sou eu, mas eu não sou o único, por isso há mais tolos e temos 29 cooperadores. Destes 29 cooperadores, 4 deles são instituições de referência da Freguesia, tais como os Bombeiros Voluntários dos Carvalhos, a Fundação Claret – Lar Juvenil dos Carvalhos, a Fundação Pró-Infância de Pedroso – Jardim Infantil Jumbo, e a Associação de Socorros Mútuos de Pedroso. Por isso, quatro instituições de referência. Para além destas quatro instituições nós convidamos 29 pessoas, duas das quais fazem parte dos órgãos sociais de uma instituição da Freguesia e entenderam que podia haver aqui uma duplicação e recusaram, outras duas pessoas responderam negativamente porque não tinham disponibilidade, e todas as outras 25 pessoas aceitaram. Estamos a falar de pessoas com ligações a instituições e algumas delas empresárias, pessoas que empregam, que dão emprego, que pagam salários, que têm uma responsabilidade social na Freguesia, que sentem que, efetivamente, a Freguesia necessita dessa resposta. E nós estamos a criar essa resposta, muito tranquilamente, sem atropelar ninguém, sem ambições para ninguém, por isso é uma associação cujo propósito é dar resposta a uma Freguesia enorme que tem lacunas no território. Nós temos realizado reuniões com a Segurança Social e tem sido constatado isso e o que nós queremos é tentar contribuir da melhor forma possível que sabemos e, acima de tudo, contribuir vestindo a camisola da nossa Freguesia, na vertente da comunidade, porque falta essa resposta, falta um conjunto de respostas e é isso o que nós queremos fazer, por isso, será uma Cooperativa de Solidariedade Social, dando resposta nas áreas que são necessárias de respostas sociais para a vida de uma pessoa e para as necessidades que possam surgir ao longo da vida. Nós queremos assegurar também que a Cooperativa garanta a sustentabilidade de projetos que tendo sido criados na Junta nós vemos a dificuldade de os implementar e de os fortalecer, porque burocraticamente às vezes é difícil agir dentro da teia que é uma Junta de Freguesia. Eu não vejo a Cooperativa como um implicativo e um problema na minha função de presidente da Junta, porque é graças à minha função que eu pude perceber e comprovar as lacunas nas respostas sociais que existem na Freguesia, e que se calhar se eu não fosse presidente da Junta não me apercebia disso e não criava a Rumos. Eu sou daquelas pessoas que enquanto não vejo uma coisa deixo andar, mas que quando vejo e sinto é muito difícil não me preocupar.

 

O que é que se espera de um presidente da Junta de Freguesia?
O que eu espero de um presidente de Junta, pelo menos é o que eu esperava, e hoje espero isso de mim e, daqui por algum tempo, espero de quem me vier suceder, é que a pessoa que esteja nesta cadeira que sinta a Freguesia, que viva a Freguesia que se interesse e se entregue de corpo e alma à Freguesia e que esteja atento. Nós temos uma população de 20 mil habitantes e não podemos agradar a todos, não podemos ter medo das decisões que tomamos, nem das opções que fazemos e acima de tudo deve tentar fazer tudo de forma consciente, pensada e estruturada. O que eu espero de um presidente de Junta e o que eu espero de mim próprio é que tenha uma forte política na ação social. Espero também que tenha uma política muito forte ao nível do investimento e eu vou falar dos 4 anos que passaram, dos outros eu não posso falar. Nós pavimentamos 40 ruas, com o apoio da Câmara Municipal de Gaia, construímos a Piscina Aurora Cunha, construímos o Pavilhão Polidesportivo de Seixezelo, inauguramos a Quinta do Padrão em Seixezelo, fizemos a Casa Mortuária de Seixezelo, fizemos a Sede da Associação Musical, fizemos a Praça dos Combatentes, fizemos a Praça da Saudade, colocamos relvado sintético no campo de futebol de Pedroso. Posso dizer-lhe que se me dissesse que eu ia fazer isto tudo em quatro anos eu não acreditaria. Ainda há relativamente pouco tempo estive a conversar com o Comandante da GNR dos Carvalhos e ele disse-me que a taxa de sinistralidade reduziu bastante desde que se começaram a arranjar as ruas. Também espero que tenha uma política séria ao nível do desporto para todos, sabendo que o desporto para os jovens, como os Jogos Juvenis de Gaia, é bastante importante, tal como o apoio às coletividades que têm centenas de jovens a praticar desporto. Depois manter a corrida Petrus Run para promover a Freguesia. Mais do que promover o desporto, porque as pessoas naquele fim de semana se não viessem cá correr iam a outro sítio qualquer, o presidente de junta deve promover a marca da Petrus Run, deve promover a Freguesia, promover o equipamento da Freguesia que é o Estádio Jorge Sampaio e a sua pista de atletismo. Mas, também espero que um presidente da Junta faça orientações para a saúde e nós aí criamos um posto de enfermagem de Pedroso e Seixezelo que atende de forma gratuita todos os utentes, criamos o projeto Médico em Casa, através do qual as pessoas têm consultas médicas ao domicílio gratuitas. Ao nível da segurança, reforçamos a iluminação pública num conjunto de ruas que não tinham iluminação, quer também ao nível da cultura, onde, claramente, a Junta tem aí um papel forte com a Festa do Caneco, o Festival da Cereja, o Cinema ao Ar Livre, entre outros, e o presidente da Junta tem de respeitar a história da Freguesia, e de, por exemplo, prestar homenagem aos ex-combatentes, aliás é possível ver na Praça dos Combatentes o número mecanográfico de todos os combatentes da freguesia. Eu acho que o que se espera do presidente da Junta é que tenha uma intervenção em todas as áreas. Nós no mandato anterior reabilitamos, com a ajuda da Câmara de Gaia, praticamente quase todas escolas da Freguesia. É importante também que a população perceba e sinta que o dinheiro que a Junta de Freguesia está a gerir é o dinheiro dos impostos das pessoas e que não deve ser gerido para seu belo prazer, nem para benefício próprio. E é preciso ter atenção que os presidentes da Junta têm um orçamento para gerir. Eu não me queixo, pois temos um orçamento alto, mas também temos despesas elevadas, mas existem presidentes de Junta que têm orçamentos muito reduzidos e eu tiro o chapéu a esses presidentes porque muito fazem eles. Um presidente deve ser transparente, no site da Junta aparece todos os protocolos com os valores que nós damos a cada coletividade. Nós somos certificados pela qualidade e isso é sinónimo de que os nossos serviços são serviços nos quais cumprimos normas de qualidade e onde a melhoria dos nossos serviços é sempre avaliada de ano a ano, pelos auditores que aqui vêm. O presidente de Junta tem de criar outro tipo de serviços como o posto de correios que nós temos aqui na Junta de Freguesia. Por isso, eu acho que o que se espera de um presidente de Junta é que esteja presente, que seja próximo das pessoas e que seja uma pessoa normal, que foi eleita pelo povo, que está aqui para fazer a vontade do povo e para tentar ir ao encontro com as necessidades do povo da Freguesia, sabendo que vai ter inimigos e que vai criar inimigos porque só não criam inimigos dois tipos de pessoas, os que estão mortos, ou os que não fazem nada, estes não ganham inimigos, todos os outros ganham inimigos, se não for num lado é no outro, eles aparecem sempre.

 

Existem projetos em carteira? Quais são as suas perspetivas, desejos ou ambições para o futuro das freguesias de Pedroso e Seixezelo?
Ao nível de projetos imateriais nós criamos agora o projeto “A Escola Vai à Junta”, que é um projeto no qual nós desafiamos os diretores dos agrupamentos a aderir, eles aderiram e está implementado. A primeira escola a ter a sua fase vai ser a Escola Básica de Vendas em Seixezelo, no fundo este projeto simula um ato eleitoral e tem como objetivo explicar às crianças qual é o papel de uma Junta e passar os deveres de cidadania e de comunidade às crianças. Eu acredito que a nível de projetos imateriais, com toda a humildade, é difícil fazer mais, mas posso fazer diferente, porque se eu neste momento imprimir o plano de eventos para o próximo ano nota-se uma sobrecarga, porque nós temos até esta altura a Petrus Run, mas daqui até setembro, vai ser uma loucura e a somar a isto temos as festas religiosas da Freguesia, que a partir de maio realizam-se quase todos os fins-de-semana, temos outros eventos de outras associações da Freguesia, por isso a Junta não tem aqui a ambição de atropelar ninguém, não é essa a nossa ideia, porque eu acho que numa comunidade o bem do vizinho é o meu bem e o meu bem é o bem do vizinho, por isso a nível de projetos imateriais acho um pouco difícil fazer mais. Mas, no que concerne os projetos visíveis, materiais, aí temos bastantes. Depois de quatro anos, nos quais fizemos muito e concretizamos muitos projetos que eram ambições de décadas, como a Casa Mortuária de Seixezelo, a sede da Associação Musical, que eram projetos ambicionados há cerca de três décadas e nós conseguimos num mandato resolver estes dois problemas, e estão a funcionar os dois. Eu posso dizer-lhe que tenho uma grande ambição e foi essa ambição que eu tenho muita vontade de realizar, que me obrigou a continuar, que é resolver o problema do Centro de Saúde dos Carvalhos. Efetivamente, nós temos as nossas instalações num espaço inacreditável, que pagam uma renda absurda e claramente é um compromisso que eu tenho para mim próprio, eu tenho realizado reuniões com o senhor presidente da Câmara Municipal de Gaia, já tivemos reuniões com a ARS Norte, com o intuito de definir o local, nós estamos a lutar por um local que eu acho que é central, que é um local vital para a Freguesia, aliás nós chegamos a acordo com este espaço em conversa com o senhor presidente da Câmara e eu penso que numa primeira instância convencemos a ARS Norte, agora é um trabalho de técnicos, para saber se é possível instalar no local as duas unidades mais a UCC que se vai criar, eu estou convencido que sim e claramente é um projeto pelo qual eu luto e pelo qual eu acordo todos os dias com grande vontade de o resolver. Ao mesmo tempo, nós temos outros projetos, como a Estação Arqueológica do Monte Murado, um Pavilhão Multiusos que potencie a prática desportiva mas também que sirva para espetáculos culturais. Queremos também dar continuidade à requalificação da nossa rede viária. No que respeita o Centro de Saúde, eu gostava muito, não digo de o inaugurar este mandato, porque é difícil, pois o senhor presidente da Câmara sempre teve o compromisso de que primeiro seria o de Vilar de Andorinho, seguidamente o da Madalena e só depois o dos Carvalhos, por isso será difícil inaugurá-lo este mandato, mas pelo menos, numa primeira instância pretendemos definir o local, iniciar o projeto, para que eu chegue ao fim do mandato com a consciência tranquila por causa daquele projeto que me “obrigou” a ficar aqui mais quatro anos.

 

Recentemente foi tornado público a sentença do processo Civopal que condena a Junta de Freguesia ao pagamento de mais de 1.000.000 €. Gostaríamos de saber que obras ficaram por pagar, em que período e o que isso vai implicar na gestão diária da Junta de Freguesia.
Já estávamos a contar com esta condenação. O que não estava a contar era com a intransigência da empresa na obtenção de um acordo que foi viável para a Junta de Freguesia e que respeitasse as obrigações que temos perante essa empresa. Qualquer pessoa de bom senso facilmente percebe que qualquer junta de freguesia do país, qualquer, não consegue pagar de um dia para o outro mais de 1.000.000 €. Esta dívida reporta a trabalhos realizados em 2009 e 2010, pelo meu antecessor na Junta de Freguesia de Pedroso, num completo ato de loucura e irresponsabilidade, pois a Junta de Freguesia de Pedroso não tinha nem tem capacidade para assumir responsabilidade num valor tão avultado. Desde que tomamos posse, em outubro de 2013, já regularizamos mais de 270.000 € de dívidas herdadas, valor esse que por si só já representa uma gestão deficitária do meu antecessor. Agora 1.000.000 €??? Inacreditável. Enquanto tivermos pessoas deste tipo a gerir dinheiro público não nos podemos queixar muito… Quanto ao futuro, sou um otimista por natureza, mas sempre com uma grande base de realismo. Por isso, com a dedicação e empenho que eu e a minha equipa sempre empregamos na nossa atividade política e com o apoio massivo da população de Pedroso e Seixezelo que percebe que a atual gestão não é responsável por este ato suicida, bem com da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, estou certo que ultrapassaremos este Cabo das Tormentas e, em breve, voltaremos a ter o Cabo da Boa Esperança.