“JORGE BRAZ ONE OF A KIND”

ESTIGMA: No “think talk” com convidados, na II Conferência do Desporto 2023, sobre Saúde Mental e Desporto, organizado pela CM Lagoa, perguntei ao Prof. Dr. Jorge Silvério sobre estes estigmas, o qual a todos, respondeu afirmativamente no que diz respeito, à sua existência. Algo que já o tinha feito anteriormente. 1) Sobre os quais, perguntei qual a sua razão. Algumas justificações, cruzaram-se com as minhas opiniões, outras abriram-me novas perspectivas, tais como:
a) Para os atletas o descrédito do valor acrescido, da prevenção e preparação na/da dimensão psicológica. Conforme repetido em muitos contextos e por muitos prelectores, de confundirem a Psicologia, com o tratamento dos “louquinhos”. Embora, se considere a Psicologia Desportiva, e não só para estes intervenientes, vista como de “penso rápido” ou de um SOS mental se tratasse.
b) A confusão de conceitos pelos intervenientes, seja na sua retórica, seja na sua implementação. O próprio Jorge Brás dá o exemplo de um dos muitos conceitos abordados de ânimo leve e com pouco rigor, pois existe “uma tendência para falar de mentalidade quando há insucesso, mas depois não se faz nada para mudar. No futsal fala-se disso nos últimos anos.” 1) “Mister Jorge Brás no futebol também”.
c) A “trincheira” que existe entre o treinador e o Psicólogo e/ou Psicoterapeuta Desportivo. Na qual se que coloca e retira uma “ponte”, sempre que o Líder entende e não quando o individual e/ou colectivo se precavê, se prepara, em suma necessita. Existindo um receio da perda do protagonismo e do poder perante os atletas e restante staff. Mas lembro que uma liderança transformadora e competente, prevê partilha e distribuição de responsabilidade, papéis e funções.
d) Com este afastamento, o Psicólogo Desportivo coloca-se na sua “ilha”, face à dificuldade de integração no staff técnico e à maior facilidade na abordagem do trabalho paralelo, pois também precisa de conhecer menos o jogo, tanto nos seus timings, como contextos. Sendo isso crucial, no conhecimento e trabalho holístico, onde o todo é essencial e o pormenor é relevante. 2)
e) Por este distanciamento, os “Mental Coach´s” ganham terreno, pois não necessitam de tanta integração. Mas em tal situação, como referido, não se pode confundir o espectro globalizante da psicologia, com o restrito operacional, tais como são as ferramentas psicológicas: Coaching, PNL, entre outras. Enquanto a Psicologia Desportiva tem uma atuação e abordagem mais de “sniper”. As ferramentas psicológicas, podem ser uma “pistola”, com fácil utilização e sempre à mão, mas por vezes não tão precisas e eficazes. Ou seja, também podem ser uma “metralhadora”, que sempre acertam, nem sempre no “alvo”, como muitas vezes também “ferem”, sem atingir o propósito máximo pretendido. É preciso avaliar muito bem e complementar ainda melhor.
f) Estes “danos colaterais”, fazem com que a atuação na dimensão psicológica seja paralela e não integrada, demasiada focada na recuperação e planeamento individual, mas com pouca abordagem colectiva e com muitas faltas/falhas avaliativas. Sendo que a nível individual e colectivo, tem abordagens e processos diferentes, como tal, estratégias e métodos diferentes.
JORGE BRÁS CONCEPT:  Na mesma conferência, após afirmar ao Prof. Dr. Jorge Silvério, que a sua atuação como Psicólogo Desportivo na Seleção Portuguesa de Futsal, é uma excepção ao normal existente, no mundo desportivo. 3) Ouvi-o a referir que o seu trabalho é com os atletas e equipa técnica. Em diferentes aspectos, desde a liderança à gestão emocional. Durante o treino/jogo ou no gabinete. E que leva muito a sério a ética profissional, entre o psicólogo do atleta e o elemento integrante do staff técnico, como também o respeito pelas funções e posições de cada um. Mas o mais impactante para mim, foi que o líder Jorge Brás tem total abertura para que o psicólogo seja parte integrante da sua equipa técnica. Chegando ao ponto, numa entrevista perguntaram ao Mister Jorge Braz o que fazia o Psicólogo Prof. Dr. Jorge Silvério e respondeu em tom de brincadeira, numa mensagem para levar muito a sério: “muitas vezes nem sei onde anda” ou “nem perguntem como faz”. 4) Ou seja, Liberdade, com Responsabilidade. Possuindo a liberdade de intervir, como de participar na ajuda à decisão final do Líder.
Para o Professor Jorge Silvério o maior obstáculo para a mudança são os dirigentes 3). Permite-me o Professor discordar, pois com história, perfil e dados para isso, afirmo que o maior obstáculo é mesmo, a mentalidade existente. Por vezes é dos jogadores, por vezes dos treinadores e também por vezes dos dirigentes. Face à mentalidade de achar-se a dimensão psicológica supernatural ou espirituosa, tentando quebrar o estigma existente, apartir dos medos e “teias de aranha” que se mantêm. Refiro que se não treinarmos esta dimensão, conforme deve ser (profissional, integrada, inter multi disciplinar), não se queixem de serem empurrados, nesta crucial valência, para o mundo incerto, inconstante, frágil e tendencioso. Analogicamente segundo o ditado espanhol, para muitos que “não acreditam em bruxas (subconsciente e errada associação ao efeito da Psicologia na ação humana) mas que existem existem”. Ou seja, quer queiram, quer não, a Psicologia é uma dimensão que existe e é indissociável de qualquer ação humana, portanto sff “abracem-na” condigna e profissionalmente.
Agradecendo a partilha, reconhecendo o enorme valor e exemplo, tanto do Treinador Jorge Braz, como do seu Staff (com palavra de apreço para o Psicólogo Prof. Dr. Jorge Silvério) refiro que a vossa coragem, visão e diferenciação está à vista de todos e reconhecida mundialmente no mundo desportivo. No entanto, no futebol profissional não é bem assim, pois muitos recursos significam bons resultados, mas não significam melhores processos, consequentemente um sucesso mais sustentável e duradouro. 4)