JOSÉ MANUEL BOLIEIRO GARANTE APOSTA NA VALORIZAÇÃO DOS BOMBEIROS DOS AÇORES

Aproveitando a entrega de autotanques pesados às Associações Humanitárias de Bombeiros Voluntários da Ribeira Grande e Ponta Delgada, José Manuel Bolieiro, presidente do Governo Regional dos Açores, afirmou que a região irá entrar numa nova era na cooperação entre o Governo Regional dos Açores e os bombeiros da região.

 

O Presidente do Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro, acompanhado do Secretário Regional do Ambiente e Ação Climática, Alonso Miguel, presidiu, no passado dia 27 de setembro, à cerimónia de entrega dos Autotanques Pesados às Associações Humanitárias de Bombeiros Voluntários da Ribeira Grande e Ponta Delgada, no quartel dos Bombeiros Voluntários da Ribeira Grande.

“Não é difícil interpretar o meu estado de alma neste instante, que é o estado de alma do Governo dos Açores, da região autónoma, de alegria e de satisfação porque em progresso vamos fazendo o melhor que podemos pelo dos melhores que merecem o cumprimento da nossa missão. Este investimento corresponde a uma concretização da nossa política, também de disponibilidades orçamentais, para a valorização da frota vermelha e para a renovação da frota de ambulâncias, no quadro do Serviço Regional de Proteção Civil”, afirmou José Manuel Bolieiro, assegurando que, desde 2010, não havia aquisição destas viaturas para a frota vermelha, da Proteção Civil e para Associações Humanitárias de Bombeiros Voluntários na Região.

O autarca destacou assim o cumprimento do “compromisso assumido” pela sua liderança em garantir o esforço orçamental necessário para assegurar os meios e recursos essenciais ao serviço de socorro e proteção da população.

A iniciativa assinalou a entrega de dois autotanques pesados: um veículo destinado à Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários da Ribeira Grande e um outro destinado à Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Ponta Delgada. Este investimento, num montante de €627.300,00, permitirá melhorar o apetrechamento e a modernização dos meios dos corpos de bombeiros destinados ao serviço de socorro, assistência e combate a incêndio.

Na ocasião, o líder do executivo açoriano demonstrou-se “honrado e orgulhoso” pela prontidão demonstrada no auxílio à população, no combate às chamas, no grande incêndio que deflagrou na Região Autónoma da Madeira, no passado mês de agosto, bem como a permanente prontidão demonstrada pelos Bombeiros da Região, através do Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores (SRPCBA), no envio de recursos para reforçar o dispositivo de combate aos incêndios que assolaram o território continental, no presente mês de setembro, apoio que não chegou a ser solicitado.

O governante lembrou ainda os 197 bombeiros que estiveram envolvidos no combate ao incêndio no Hospital do Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada, e todos os outros que posteriormente “prestaram um apoio em continuidade aos doentes, para que não houvesse penalização dos doentes com necessidade de tratamento hospitalar”.

“A gravidade do incidente podia ter sido pior, não foi simples. Mas a verdade é que a circunscrição da gravidade do incidente também teve muito a ver com a prontidão e a capacidade de resposta. A vossa prestação foi decisiva”, acrescentou o autarca que não poupou elogios aos bombeiros.

“O vosso papel voluntarioso abnegado, dedicado é indispensável. As dificuldades são hoje, mais ou menos, superadas, com eficácia, apesar da redução de meios, fruto do vosso trabalho e da vossa dedicação”.

José Manuel Bolieiro espera que seja aprovado o estatuto social do bombeiro para a Região Autónoma dos Açores, assim como espera também a concretização, após diálogo com todas as Associações Humanitárias de Bombeiros Voluntários da Região e todos os que, não sendo empregadores, recebem a prestação de serviço dos bombeiros, da elaboração de uma portaria para as rever as condições de trabalho e a valorização salarial dos bombeiros.

O governante aproveitou ainda a oportunidade para anunciar a entrega de nove ambulâncias, no valor total de um milhão de euros, e um investimento de 500 mil euros em equipamentos de proteção individual, sendo que este reforço junta-se à recente entrega de três viaturas autotanque pesadas.

“Estamos também a investir na emergência médica pré-hospitalar e, renovando o meu agradecimento, o vosso papel na ajuda ao funcionamento do serviço regional de saúde é insubstituível. E, por isso, não deixaremos de manter esta cooperação, seja qual for a capacitação que possamos alavancar no serviço regional de saúde”, afirmou.

As viaturas entregues estão totalmente equipadas com material para combate a incêndios urbanos e rurais, possuindo dois sistemas de bombagem, sendo que o principal tem uma capacidade mínima de 4.000 litros/minuto, com um depósito para capacidade de 7.000 litros para armazenamento de água e que tiveram 35.000 horas de trabalho na transformação das duas viaturas, que foram transformadas em território português, no Ribatejo.

 

“Corresponde às nossas expetativas”

Presente na cerimónia esteve também o presidente da Federação dos Bombeiros da Região Autónoma dos Açores, Braia Ferreira, cuja liderança José Manuel Bolieiro considerou que “tem sido decisiva”. Ao AUDIÊNCIA, Braia Ferreira admitiu que a soma de todos os esforços que têm vindo a ser feitos tem beneficiado a região e os seus profissionais.

“Isto corresponde a um trabalho que tem vindo a ser preparado ao longo dos últimos dois anos entre a Federação de Bombeiros e as respetivas associações e o Governo Regional dos Açores. Corresponde às nossas expetativas e saudamos,  no que diz respeito à renovação da frota vermelha, este incremento de reforço financeiro que permite a renovação das nossas viaturas das associações, tendo o cuidado com a tipificação das viaturas, com a respetiva marca e a sua sustentabilidade do ponto de vista da intervenção. O mesmo está a acontecer com os veículos para emergências, as ambulâncias, e esta área, sobretudo no que diz respeito aos investimentos anuais, e plurianuais, nós saudamos e vai de encontro às nossas expetativas”, afirmou.

Braia Ferreira assegurou ainda que a capacidade de os bombeiros com 61 anos e 4 meses se puderem aposentar mais cedo com o pagamento desse diferencial à Segurança Social suportado pelo Fundo Social do Bombeiro e o Governo Regional dos Açores, bem como a demonstração de gratidão aos bombeiros que realizam as suas 200 horas de trabalho voluntário ao longo do ano e que no final do ano vão receber um suplemento significativo, quase 50 por cento do salário mínimo regional, são “dois aspetos fundamentais” que quer ver implementados.

Já sobre a componente salarial, o presidente da Federação dos Bombeiros da Região Autónoma dos Açores acredita que é “um processo difícil” e que não pode ser “olhado de forma simplista”. “Temos em mãos os acordos celebrados em termos de concertação social com os parceiros a nível nacional e que impõem um gradual crescimento do salário mínimo nacional que tem reflexos imediatos na região. Não podemos, de forma simplista, olhar para este processo como se houvesse fundos de maneio em cada uma das associações. Há outros parceiros neste processo que temos de ter em atenção, como a ANA, a SATA e agora os acordos com os hospitais. A soma de tudo isto é que garante a sustentabilidade financeira para aumentarmos salários. E tenho dito isso aos bombeiros e espero que eles compreendam que as associações não têm bancos, portanto, têm de reunir todas estas receitas para garantir os acordos celebrados com o sindicato”, afirmou.

Demonstrando estar “grato” pelo empenho do Governo Regional dos Açores na componente dos investimentos, “quer em equipamentos deste género, quer em equipamentos de proteção individual”, Braia Ferreira destaca ainda a “preocupação mais legislativa de construção de diplomas que vão dignificar a carreira e a profissão de bombeiro nos Açores, situação que ainda não conseguimos garantir a nível nacional”.

“Estamos a entrar numa nova era e há um fator que devemos observar que é olhar para o socorro na região não como modelo que está esgotado, mas de um modelo que precisa de ser refrescado em algumas áreas em concreto. Precisamos de garantir a primeira intervenção, terá que ser profissional, e isso parece-me fundamental. E temos de assegurar àqueles que são assalariados das associações a dignificação da sua carreira profissional. Tenho lutado por isso nos últimos 10 anos, e vou continuar a fazê-lo”, reforçou.

Jorge Oliveira, vice-presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Ponta Delgada e Lagoa, Jorge Oliveira, acredita que esta é realmente uma “nova era”, mas não esconde que há sempre mais a fazer. “É uma nova era, mas também deve ser o reconhecimento das instituições pelos homens que dão a sua vida para salvar os outros. Hoje é um dia de festa para nós, para a população de Ponta Delgada, uma prenda que esperávamos há 20 anos. Quem é dirigente pede sempre mais, com certeza que falta muito mais, mas há de ir chegando”.

Já Norberto Gaudêncio, presidente da direção da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Ribeira Grande, admite que “os bombeiros da Ribeira Grande sempre se deram muito bem com qualquer poder político” e que estão “todos no mesmo barco a remar para a mesma meta”, mas garante que existe, “efetivamente, alguma aproximação sobretudo com o Serviço Regional de Proteção Civil”.

“Respeitamos quem está a desempenhar os cargos, acreditamos que quem o faz fá-lo com bom senso e com vontade de melhorar as corporações, claro que, quem recebe acha sempre pouco, e quem dá acha sempre muito. Penso que é das reivindicações que se fazem e dos compromissos que se assumem que andamos para a frente. E nós aqui na Ribeira Grande temos conseguido andar para a frente. Neste momento é a parte política que terá alguma atenção para o financiamento das associações, para o estatuto, e para a carreira dos bombeiros. Espero que o bom senso prevaleça para bem das associações e das corporações”, afirma.

Por sua vez, Alexandre Gaudêncio, presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande, destacou a importância deste dia que se traduz na concretização de uma necessidade.

“É um dia feliz para a Ribeira Grande, em particular e para os bombeiros, visto que estes equipamentos estavam já obsoletos. Desde 2010 que a região não investia como este governo está a investir ao nível das viaturas vermelhas. Vem ao encontro de uma expetativa e de uma necessidade que os bombeiros tinham e adianto que, ao nível do município, estamos a fazer um levantamento das necessidades para apresentar uma candidatura no Açores 20/30 para possibilitar a compra de diversos equipamentos importantes em caso de catástrofe”, afirmou.

Alexandre Gaudêncio reforçou que a autarquia “tem uma relação muito íntima com os bombeiros porque a responsabilidade da proteção civil é do presidente da Câmara” e não deixou de afirmar que “temos os melhores bombeiros dos Açores”. “Vemos estas iniciativas como mais uma achega para que em caso de catástrofe, possam atuar. Esta relação política entre os diversos poderes e esta associação dos bombeiros, julgo que tem sido positiva, a nível autárquico temos feito muitas parcerias temos ido ao encontro também das preocupações dos bombeiros e estamos muito satisfeitos com o serviço que os bombeiros fazem”, referiu.

Presentes na cerimónia estiveram ainda o secretário regional do Ambiente e Ação Climática, Alonso Miguel, assim como o presidente do Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores, Major Rui Andrade, entre outras personalidades e entidades.