Durante o festival internacional de artes, Azores Fringe, vários artistas participaram na criação de arte ao ar-livre com esculturas, instalações e murais, todos estes vieram enriquecer o Madalena Roteiro de Arte Pública.
“Há muito tempo, em que ainda nem havia gentes nestas ilhas, o mar ferveu, frente à costa onde hoje mora a vila da Madalena. Porquê? Só os deuses o saberão ou talvez os cientistas. O certo é que foi um grande alvoroço, naquela altura! Serpentes marinhas gigantes acordaram das suas realidades mitológicas e cachalotes voadores fugiram da água quente, sem deixar de perseguir a sua comida favorita. Desses tempos, ninguém se lembra. Como poderiam? Agora está tudo calmo, mas os ilhéus lá ficaram a recordar-nos esse tempo imaginário.” É assim que Filipe Gomes apresenta a sua peça “a long time ago…” que se encontra no muro da Piscina Municipal da Madalena.
Oriundo da Bulgária, Tse construiu “A Dream” nas paredes da Escola Profissional do Pico. O jovem também participou nas festividades dos cinco anos do Azores Fringe e deixou, no Jardim dos Maroiços, a sua marca de caligrafia. Também, no Jardim dos Maroiços, Carlos Farinha voltou para retocar as suas duas peças “La Muse Bleu… L´amuse bleu…”, o primeiro mural a ser pintado para o roteiro, e “A Picarota”, uma das mais famosas peças devido à sua tridimensionalidade.
O jovem micaelense, que vai pelo nome de NAVI, voltou à vila, epicentro do Azores Fringe, para criar “Stay Humble Human”, no Jardim de Infância da Madalena. “É uma mensagem humana pela Natureza” e assim fica a explicação do artista perante sua obra, que partilha o pátio do recreio das crianças com outra nova obra, “Mãe Natureza”.
Rocio Matosas já faz parte da família Fringe e até as crianças da ilha a reconhecem, devido às suas múltiplas participações. Oriunda de Uruguai, Rocio também tem, este verão, uma exposição das suas esculturas “bestas”, na montra vitrina da loja Rosa & Matos, algo que tem dado muita conversa aos residentes e visitantes que passam e ficam surpreendidos pela arte que ocupa o mesmo espaço que a nova moda de vestuário e sapatos.
“Mãe Terra foi criada a partir do trabalho realizado pelos pequenos do Jardim da Infância de Madalena” explica a artista. “Eles pintaram e desenharam em liberdade sobre o manto verde da terra, as raízes e sementes. Pintar a partir das criações deles foi uma experiência inspiradora, que me ligou com meu lado mais primitivo. Chamo primitivo a esse lugar que o Homem ainda não chegou ou lugar que ainda não está viciado pela sociedade. Amemos, respeitemos e honremos a nossa mãe, nossa casa.” E assim estas duas obras no Jardim de Infância honram o nosso planeta, a Terra.
O novo mapa e panfleto do Madalena Roteiro de Arte Pública é assim re-lançado este verão. Um novo design e adição das novas obras, que agora já chegam a 40 peças de arte, espalhadas pela vila da Madalena, teve o apoio do Governo dos Açores, através da Direção Regional da Cultura.
“Esta é uma ferramenta artística a não esquecer pois é uma das mais cobiçadas peças pelos quiosques de turismo” admite Terry Costa, diretor artístico da MiratecArts e fundador do Azores Fringe, que recebe telefonemas dos Postos de Turismo regularmente para levar mais panfletos/mapas do Madalena Roteiro de Arte Publica porque visitantes procuram, assim esgotando facilmente.
“Parece que já chegam à ilha a perguntar por esta importante ferramenta, para melhor visitarem a vila, nas suas poucas horas que aqui colocam pé. Continuamos a ter a maioria dos visitantes apenas por um dia. Quando vêem o quanto temos a oferecer, já planeiam a próxima vinda para ficar no mínimo uma semana, na ilha montanha, mas por agora contentam-se com o Roteiro de Arte Pública.”