Cem anos após o nascimento de Nelson Mandela , a África do Sul prestou na quarta-feira passada dia 18 de Julho , uma homenagem a este ícone da luta contra o Apartheid com uma marcha simbólica liderada por sua viúva, Graça Machel, e um fórum organizado pelo ex-presidente americano Barack Obama.
Recupero um texto já publicado neste Jornal audiência que pela sua atualidade, agradeço ver novamente publicado. Todos os anos, o “Mandela Day”, que marca o nascimento em 18 de julho de 1918 de “Madiba”, o apelido do líder sul-africano, é comemorado em todo o mundo. “Atuem, inspirem-se na mudança, façam de cada dia um Dia Mandela”, exorta a fundação que leva seu nome.
“Dentro da noite que me rodeia/Negra como um poço de lado a lado Agradeço aos deuses que existem/por minha alma indomável…Não importa quão estreito o portão/Quão repleta de castigo a sentença,/Eu sou o senhor de meu destino Eu sou o capitão de minha alma”. (Invictus de W. Henley) Escrito pelo poeta inglês William Ernest Henley em 1875, este poema foi o grande companheiro de Mandela na pequena cela 4 da ala B de Robben Island.
“Condenado a trabalhos forçados, foi na cadeia localizada em uma ilha a 11 quilômetros da Cidade do Cabo, que o líder da luta contra o apartheid passou 18 dos 27 anos que esteve preso. Mandela contou que, toda vez que fraquejava, lia e relia o poema para aplacar o sofrimento e buscar forças para seguir em frente. Durante o tempo em que esteve na prisão de Robben Island, Nelson Mandela encontrou no poema “Invictus”, a força necessária para continuar vivo e manter acesa a chama da luta contra a desigualdade”. Mais tarde Invictus seria também o título do filme realizado do por Clint Eastwood, que conta a história da conquista do título mundial de Rugby pela equipa sul-africana durante o Campeonato Mundial realizado nesse país.
A vida de Mandela nos tocou a todos de uma forma especial, pois não podíamos ficar indiferentes ao sacrifico, luta e tenacidade deste combatente exemplar que uniu uma nação em torno de um ideal. Lembro o meu pai no nosso país falar de Mandela como o mais prolongado preso político do Mundo, e as manifestações de apoio para obter a sua libertação.
Um Homem para a Eternidade, foi o título que um semanário português deu ao seu artigo para falar da biografia de Mandela, é sem dúvida um belo título que lembra a vida de uma outra grande figura da história, Sir Thomas More, num filme inglês de 1966, drama biográfico, dirigido por Fred Zinnemann, cujo guião foi escrito por Robert Bolt, baseado na sua peça de teatro. Sir Thomas More (1478- 1535) homem de estado, diplomata, escritor, advogado, ocupou vários cargos públicos, e em especial, de 1529/32 o cargo de Chanceler do Reino (o primeiro leigo em vários séculos) de Henrique VIII da Inglaterra.
É geralmente considerado como um dos grandes humanistas do Renascimento. Foi canonizado em 1935, e na Inglaterra do século XVI se opôs a Henrique VIII quando este quis separar-se de sua primeira esposa para se casar com Ana Bolena. Para não trair suas convicções, More renuncia ao seu cargo sendo mais tarde condenado a morte, foi decapitado por ordem do rei no dia 6 de Julho de 1535, a sua cabeça ficou exposta na ponte de Londres durante um mês. No cinema, dois grandes atores, deram vida a estas personagens Paul Scofield (More) e Robert Shaw (Henrique VIII) também Orson Welles participa nesta fita que no ano da sua estreia conquistou seis prémios Óscar.
O título original desta peça de teatro e também do filme era A Man For All Seasons, literalmente Um Homem Para Todas as Estações, que julgo (voltando ao tema inicial desta crónica) seria mais belo e mais apropriado para a vida de Mandela, o líder que em todas as estações lutou para criar uma nação para todos os povos, etnias, cores e singularidades da nação arco-íris.”Sob as garras cruéis das circunstâncias/eu não tremo e nem me desespero/Sob os duros golpes do acaso/Minha cabeça sangra, mas continua erguida
/Mais além deste lugar de lágrimas e ira,/Jazem os horrores da sombra./Mas a ameaça dos anos,/Me encontra e me encontrará, sem medo”.