“A MELHOR EDIÇÃO DO FESTEATRO REALIZADA ATÉ ENTÃO”

A gala de encerramento da XII edição do Festeatro – Festival de Teatro Amador de Vila Nova de Gaia ficou marcada por uma sentida homenagem ao ator José Gomes de Carvalho, que recebeu o galardão “Personalidade Teatral 2025”, pela dedicação de uma vida ao teatro e ao movimento associativo da região. O evento reuniu dezenas de coletividades, autarcas e representantes de entidades civis, e ultrapassou os 250 espectadores, consolidando-se como um marco cultural no concelho.

 

O Auditório Municipal de Gaia acolheu a cerimónia de encerramento da XII edição do Festeatro, que se assume como sendo um dos eventos mais emblemáticos do teatro amador em Vila Nova de Gaia. Com organização da Federação das Coletividades gaiense, o certame culminou com a entrega do prémio “Personalidade Teatral 2025” a Gomes de Carvalho, uma figura incontornável do panorama teatral local.

A noite começou ao som de Rafael Amaral, jovem talento da Escola de Música de Perosinho. Posteriormente, na abertura das intervenções, Paula Albuquerque, presidente da Tuna de Vilar de Andorinho, destacou a trajetória exemplar de Gomes de Carvalho. “Com talento, paixão e uma entrega inigualável, construiu uma trajetória marcada pelo humor e dedicação à arte e pela valorização da cultura local. Ao longo de décadas, deu vida a inúmeras personagens, emocionando gerações com as suas interpretações e inspirando muitos a seguirem o mesmo caminho. O seu compromisso não se limitou ao palco. Foi mentor, professor e amigo, sempre disponível para partilhar o seu conhecimento e incentivar os mais jovens a descobrirem o mistério do teatro. Desde sempre, o senhor José Gomes de Carvalho foi uma influência incontornável no teatro da nossa Tuna, dinamizando e colaborando ativamente para que esta arte se mantivesse viva e vibrante”.

Em representação da Junta de Freguesia de Vilar de Andorinho, Andreia Teixeira reforçou a importância da homenagem. “Esta distinção é o reconhecimento de uma vida dedicada à cultura, marcada pela paixão, entrega e talento. E porque a arte não tem idade, continua a surpreendermos, com a sua habilidade incessante de aprender e partilhar. Esta homenagem é um pequeno reconhecimento do muito que tem feito pelo teatro e pelo associativismo cultural. Em nome da Junta de Freguesia de Vilar de Andorinho e de toda a comunidade, expressamos a nossa profunda gratidão pelo seu contributo incansável e inspirador”.

Por conseguinte, Paulo Rodrigues, presidente da Federação das Coletividades de Vila Nova de Gaia, sublinhou o simbolismo do momento, salientando que “todas as homenagens devem ser feitas em vida. Portanto, é com muito gosto que prestamos esta homenagem de vida ao senhor Gomes de Carvalho, que tantas vezes pisou este palco.”

Assegurando que o Festeatro é “um trabalho de toda uma equipa”, o dirigente associativo fez questão de agradecer a todos os colaboradores do Auditório Municipal de Gaia, reforçando que “tem sido um trabalho evolutivo ao longo dos últimos anos e que culminou este ano com aquela que eu considero de facto, a melhor edição do Festeatro realizada até então. Isto deve-se, sem dúvida, ao vosso trabalho, ao trabalho de todas as coletividades que participaram e todas aquelas que não puderam participar este ano, mas que participaram em edições anteriores e que continuam também a desenvolver um trabalho importante e certamente no futuro irão participar com novos trabalhos, novas peças teatrais e nós aqui iremos também recebê-los com muito gosto”.

Dirigindo-se às coletividades, Paulo Rodrigues asseverou que “os trabalhos que vocês apresentaram no Festeteatro revelam muita dedicação, muita paixão, muito amor ao teatro e revelam também uma coisa que é uma grande disponibilidade comparativamente com aqueles que são profissionais. (…) O trabalho das coletividades tem de ser definitivamente valorizado e é sem dúvida um prazer enorme poder ter coletividades em Gaia, que desenvolvem uma atividade cultural tão grande nas mais diversas áreas que existem, não só no teatro, mas noutras, mas é de facto gratificante nós podermos viver estes momentos”.

Visivelmente emocionado, o homenageado agradeceu o galardão com humildade. “Eu não era merecedor, apesar dos meus esforços para caracterizar alguns personagens que existem neste mundo, uns no sentido positivo, outros nem por isso, mas o teatro para mim foi realmente sempre um elo de ligação à minha terra e aos meus amigos, que foram bastantes, alguns já não podem estar aqui, porque já estão na eternidade”.

Afiançando que “até que se trata de um exagero dos promotores desta sessão de encerramento do Festeatro 2025, a minha, eu diria, inusitada referência”, o homenageado da noite fez questão de “deixar a todas vossas excelências um agradecimento por terem tido um carinho tão delicado, quanto merecido, a um personagem que dedicou uma pequena parte do seu tempo livre, a fazer aquilo que na sua vida muito prazer lhe dava: viver e experimentar momentos de outras vidas num contexto diferente da sua própria vida”.

Por outro lado, César Oliveira, presidente da Assembleia Geral da Federação das Coletividades de Vila Nova de Gaia, salientou a dimensão humana do ator homenageado. “Será sempre um dos nossos. Há muitos anos que faz parte da nossa família, não só do teatro, mas do movimento associativo e muito nos honra estes seus exemplos, como cidadão, como associativista, como homem e isso é que faz a grandeza do momento associativo”.

Garantindo que “hoje é um dia muito importante para o movimento associativo”, César Oliveira revelou que “é a XII edição do Festeatro e algumas pessoas já não têm memória do que foram as outras para trás, mesmo aqueles festivais que tiveram poucas participações ou que passaram por algumas situações difíceis, mas o momento associativo marcou sempre muita presença e com muita qualidade, com muita abnegação”, reforçou.

Dirigindo-se à Direção da Federação das Coletividades de Vila Nova de Gaia, César Oliveira enalteceu, ainda, que “o vosso trabalho, ao fim deste encontro do Festeatro, fica coroado com, acho, que o aparecimento de nobres valores e daquilo que é o futuro do momento associativo”.

Na ocasião, também Adelino Soares, vice-presidente da Confederação Portuguesa das Coletividades de Cultura, Recreio e Desporto, aproveitou para reforçar o papel vital das associações culturais. “Este trabalho começa muito antes do festival e prolonga-se todo o ano. Penso que nós ganhamos todos com esta participação e com este envolvimento na atividade que se desenvolve em todas as coletividades. (…) Todos nós somos dirigentes associativos voluntários, benévolos e carecemos sempre de mais envolvimento de todos”.

Encerrando a cerimónia, Paula Carvalhal, vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Gaia, reconheceu o impacto do festival no concelho. “É, realmente, um orgulho para a cultura de Gaia o vosso trabalho”, referiu a autarca, evidenciando que “vocês são, já, uma afirmação da nossa qualidade como município, como uma capital de artes e de cultura”.

Reconhecendo o “excelente trabalho que ao longo dos anos temos visto a progredir neste palco”, a edil evocou que “isto é um trabalho da aposta das Direções, e bem hajam por isso, pelo trabalho que é feito na encenação, na escolha de textos, na dedicação dos próprios atores e nós sabemos que é um trabalho benévolo e voluntário, mas é um trabalho que eu acho que vos deve encher ser de orgulho e satisfação. Ter na vida algo tão importante como a participação na cultura de um concelho, aqui neste caso de Vila Nova de Gaia, tem sido realmente um orgulho para todos nós”.

Com mais de 250 espectadores ao longo do festival, a XII edição do Festeatro mostrou, uma vez mais, a força do teatro amador em Gaia.