Ginástica, natação, artes performativas, pintura, modelagem, ioga, teatro, canto coral e biodança são algumas das muitas opções das Vivências Seniores da União de Freguesias de Matosinhos e Leça da Palmeira. A musicoterapia é uma das disciplinas com mais adeptos e o Jornal AUDIÊNCIA foi acompanhar duas aulas para ver o que apaixona os seniores. Além de treinar o corpo, a aula dada por Álvaro Azevedo, também estimula e mente, mas a estas características juntam-se o convívio e a animação.
As Vivências Seniores de Matosinhos e Leça da Palmeira são repletas de atividades e disciplinas. Lá, os menos jovens podem praticar ginástica, natação, artes performativas, experimentar pintura, modelagem, ioga, teatro, canto coral, entre inúmeras outras opções. A musicoterapia é das mais frequentadas e, por isso, o Jornal AUDIÊNCIA foi acompanhar duas aulas, para ver o que a modalidade tem que apaixona os seniores e os faz sair da sala, sempre, com um sorriso nos lábios.
Antes da aula começar, a sala estava aparentemente calma. Algumas bolas de pilates espalhadas em frente às cadeiras, bem como alguns tambores e muitas baquetas. No centro, Álvaro Azevedo já aguardava que os alunos se sentassem e mal o professor deu sinal de início, o ambiente mudou completamente e a sala encheu-se de música, batucadas e muitas risadas. O professor ia mostrando como os alunos deviam agir, umas vezes usando as duas mãos e ambas as baquetas, alternando os movimentos, colocando, em simultâneo, marcação de tempos com os pés e por aí fora. Uns mais certinhos, outros menos, todos iam fazendo e, acima de tudo, divertindo-se e cantando as músicas. Terminada a primeira turma, o ambiente foi igual com a segunda, o que deixou a certeza de que todos se divertem e gostam das aulas de musicoterapia.
Álvaro Azevedo é professor nas Vivências Seniores, desde abril deste ano. Define-se como “baterista desde pequenino”, logo, admite que pratica musicoterapia, também, desde tenra idade. Já trabalhou com outras faixas etárias, mas não escondeu que “é mais gratificante trabalhar com os idosos”, até porque sente que estes precisam mais destes momentos, depois dos dois anos complicados que viveram durante a pandemia, devido ao isolamento social que lhes foi imposto. “Além de ser benéfico a nível motor, o principal é manter o cérebro ativo”, referiu o professor, orgulhoso de ver as pessoas a saírem com sorrisos na cara e contente por lhe dizerem que estão bem, melhores e que se sentem menos ansiosas ou stressadas. Como se fossem necessárias mais vantagens, Álvaro Azevedo, ainda salientou o facto destas aulas serem momentos de grande convívio e, por isso, ajudarem a combater a solidão em que muitos idosos vivem. Os mais experientes na vida são recetivos à modalidade e o professor diz que a disciplina é um remédio que não precisa de receita. E para quem acha que não tem jeito ou que não é suficientemente, coordenado, Álvaro Azevedo garantiu que isso não é relevante, o importante é estar em movimento, apesar de ter admitido, para terminar, que muitos dos seus alunos melhoram a questão da coordenação, ao longo do tempo.
Paulo Ramos Carvalho, presidente da União de Freguesias de Matosinhos e Leça da Palmeira, não escondeu o enorme carinho que tem por este projeto, no entanto, admitiu, a este órgão de comunicação, que o trabalho que o executivo tem feito na área é possível, muito graças ao espaço fantástico que existe nas instalações da Junta de Matosinhos. “Este espaço é brilhante, faz com que nós, enquanto Junta, consigamos expandir o trabalho e a oferta que fazemos à população, de uma forma exponencial”, disse, explicando que asseguram o transporte aos alunos de Leça da Palmeira até ao local “para facilitar a vida às pessoas, para não terem de vir de transporte próprio ou transporte público. Isso seria impeditivo para algumas pessoas, por isso, assim, torna-se mais simples e mais seguro para eles, porque têm a certeza que alguém os traz e alguém os leva, àquelas horas, e, portanto, nada falha, é uma mais-valia tremenda”.
O projeto Vivências Seniores já vinha do anterior executivo, mas Paulo Ramos Carvalho fez questão de implementar algumas mudanças. “Eles conseguem ter uma grande oferta por um valor baixo. Estamos a falar, no primeiro escalão, de oito euros, sendo que o máximo são 22 euros, e já estamos a falar de pessoas de fora do concelho, que também se podem inscrever, e por um custo muito baixo, conseguem ter acesso a um leque de ofertas muito grande (…) há, aqui, disciplinas para todos os gostos e, basicamente, o que nós queremos é fazer com que as pessoas saiam de casa, interajam umas com as outras, combatendo a solidão, mas, também, dando-lhes atividades que façam com que eles continuem a exercer, quer a mente, quer a parte física e corporal, ou seja, queremos que continuem ativos e que, ao mesmo tempo, conheçam novas pessoas e façam novos amigos”, explicou o autarca, que ainda comentou o facto de terem desistido do passeio do idoso, porque “para já, o nome não era bonito, mas era uma coisa que só se fazia uma vez por ano, depois acabava e parecia que não havia problemas com os nossos seniores o resto do ano, por isso, preferimos investir todos os dias, todos os meses, nestas atividades e fazer com que eles estejam bastante ocupados durante a semana, porque todos os dias, de manhã e de tarde, realizam-se iniciativas”.
O edil ainda comentou que há pessoas que aproveitam esta fase da vida para experimentar modalidades que, com o dia a dia corrido durante a vida laboral, não tiveram oportunidade de testar. A enorme facilidade de adaptação às disciplinas e às dinâmicas de grupo é outras das questões destacadas por Paulo Ramos Carvalho, que deu o exemplo da nova modalidade, a biodança, como prova do sucesso das experiências. Além disso, poucos são os seniores que se ficam apenas por uma atividade, garantiu o presidente.
“O recomeço foi complicado. Nós sentimos isso o ano passado, onde as pessoas estavam bastante receosas e, por isso, foi difícil voltar a trazê-las. Hoje em dia, penso que já não é um assunto e que eles se sentem bem e seguros, aqui”, contou o autarca sobre o regresso do projeto após a pandemia.
“Digo isto desde o primeiro dia que eu entrei nesta Junta de Freguesia, nós não podemos querer ter resultados diferentes, fazendo exatamente as mesmas cosias, por isso temos de ser inventivos, trazer coisas novas, fazer diferente, melhor e olhar para as pessoas, compreender os seus problemas e construir projetos para elas e não para nós”, terminou Paulo Ramos Carvalho.
Amílcar Sampaio e a esposa são dois dos alunos que frequentam a aula de musicoterapia, mas, além disso, são também assíduos na pintura, ioga, cerâmica, natação, ginástica e biodança, sendo que algumas fazem juntas, outras individualmente. Recorreram às Vivências Seniores para ocuparem o seu tempo, conviverem, “pelo sentido de compromisso com algo” e não podiam estar mais satisfeitos, aliás, “só lamentamos ter vindo tão tarde, porque já estávamos reformados há algum tempo quando descobrimos isto”. Reencontraram algumas pessoas conhecidas, mas são, sobretudo, as novas amizades que destacam da experiência, bem como a simpatia e atenção dos professores.
Maria Teresa Valente também já frequenta o projeto há cinco anos. “Vim porque não quero ser velhinha, quero estar atualizada, gosto muito de me divertir e acho isto muito engraçado”, contou ao AUDIÊNCIA. Ouviu falar das atividades, experimentou, gostou e ficou, mas uma disciplina não era suficiente, então, anda em praticamente todas. “O que eu gostava é que fizessem passeios, porque queria ir a Sevilha, pois já não vou lá há muito tempo, também queria ir a Madrid, à Suíça, a França e a Itália, e aproveitávamos e íamos todas”, referiu depois de admitir que o leque de escolhas para as aulas já é bastante diversificado.