O Dia Internacional da Mulher foi celebrado como habitualmente no passado 8 de Março e a ideia de o criar surgiu no final do século XIX início do século XX, tanto nos Estados Unidos como na Europa, no contexto das lutas femininas por melhores condições de vida e trabalho e também pelo direito ao voto.
As celebrações do Dia Internacional da Mulher ocorreram a partir de 1909 em diferentes dias de Fevereiro e Março, dependendo do país de celebração e a primeira deu-se a 28 de Fevereiro de 1909 nos Estados Unidos, País onde na altura as mulheres sentiam forte descriminação, seguida de manifestações e marchas noutros países europeus nos anos seguintes, usualmente durante a semana de comemorações da Comuna de Paris, no final de Março e as manifestações uniam o movimento socialista, que lutava por igualdade de direitos económicos, sociais e laborais, ao movimento sufragista, que lutava por igualdade de direitos políticos.
Em 1915, a feminista bolchevique Alexandra Kollontai organizou uma reunião em Christiania, actual Oslo, contra a guerra e, nesse mesmo ano, a alemã Clara Zetkin numa conferência sobre a mulher em Copenhaga propôs a instituição de uma celebração anual das lutas pelos direitos das mulheres trabalhadoras.
Na Rússia, as comemorações do Dia Internacional da Mulher constituíram um dos rastilhos da Revolução Bolchevique de 1917, pois a 8 de Março de 1917 a greve das operárias da indústria têxtil contra a fome, contra o czar Nicolau II e contra a participação do país na Primeira Guerra Mundial, ajudou a precipitar os acontecimentos que resultaram na Revolução.
Na década de 70, o ano de 1975 foi designado pela ONU como o Ano Internacional da Mulher e o dia 8 de Março foi adoptado como o Dia Internacional da Mulher pelas Nações Unidas, tendo como objetivo lembrar as conquistas sociais, políticas e económicas das mulheres, independentemente de divisões nacionais, étnicas, linguísticas, culturais ou políticas.
Após 1945, nos países do leste europeu e na URSS, a data continuou a ser um feriado comemorado oficialmente visando incrementar os direitos das mulheres e a promoção de políticas sociais e laborais a elas destinadas.
Após o desaparecimento da União Soviética, o Dia Internacional da Mulher foi rapidamente abandonado como um símbolo, embora permaneça como feriado oficial na Rússia, na Bielorrússia, Macedónia, Moldávia e parte da Ucrânia.
Nos países ocidentais, o Dia Internacional da Mulher foi comemorado durante as décadas de 1910 e 1920, mas posteriormente, a data caiu no esquecimento e só foi recuperada pelo movimento feminista, já na década de 1960.
Desde a década de 1970, a data tem sido destacada através dos mídia internacionais e a ONU continuou a dinamizá-la, como em 2008, com o lançamento da campanha «As Mulheres Fazem a Notícia», destinada a estimular a igualdade de género na comunicação social mundial.
Na actualidade, porém e salvo honrosas excepções, verifica-se que a celebração do Dia Internacional da Mulher tem o seu sentido original parcialmente diluído, adquirindo frequentemente um caracter festivo e comercial, onde o negócio se sobrepõe ao ideal e aos princípios que lhe deram origem, acção esta que não evoca como devia o espírito das operárias grevistas do 8 de Março de 1917.
Apesar da comemoração se efectuar um pouco por todo o mundo, pois as mulheres continuam a reivindicar uma igualdade salarial e de oportunidades que, infelizmente, ainda não possuem, a data foi gradualmente ganhando um caracter que deforma o seu sentido.
Portugal constitui, no entanto, um exemplo positivo, não somente pela existência de vários movimentos de mulheres, abrangendo as áreas laborais, políticas e sociais, mas também pela capacidade dessas instituições em se organizarem e promoverem encontros, debates e manifestações em prol dos seus direitos, como é exemplo a manifestação de sábado passado, organizada pelo MDM-Movimento Democrático de Mulheres.