“NÓS DEVEMOS ACREDITAR SEMPRE NO PODER DA MÚSICA”

Três anos depois do convite da Câmara Municipal da Trofa, Vânia Dilac, também conhecida como “Furacão dos Açores”, participou no BeLive, que decorreu entre os passados dias 20 e 22 de julho, no concelho trofense. Acompanhada por “The Soulmates”, a artista revelou, ao AUDIÊNCIA, a importância da participação neste evento, depois da luta contra o cancro que tem travado. Assumindo-se uma mulher de fé, admitiu estar orgulhosa por ser a primeira açoriana a pisar o palco deste festival. Inspirada pelo amor, transmitiu, através da sua voz, uma mensagem de esperança e que “existe força na fraqueza”.

 

Conhecida como “Furação dos Açores”, Vânia Dilac foi desafiada pela autarquia trofense, aquando da XV Gala AUDIÊNCIA, que decorreu no Teatro Ribeiragrandense, a participar no BeLive – Festival da Juventude da Trofa. Assim, três anos depois do convite, a artista fez-se acompanhar por The Soulmates e participou no certame, que se realizou entre os passados dias 20 e 22 de julho, no Mercado/Feira deste município do Norte do país.

Natural de Moçambique, mas a viver, desde muito nova, na Ilha de São Miguel, a artista assume-me como sendo uma “açoriana com uma pitada de moçambicana”. Honrada por representar o arquipélago, pela primeira vez, neste palco trofense, Vânia Dilac revelou, em entrevista exclusiva ao AUDIÊNCIA que “foi com muito agrado e confesso que com um pouco de surpresa, porque passamos por uma pandemia e a cultura teve um reverso da medalha bastante negativo, que recebi o telefonema por parte da Câmara Municipal da Trofa. Nunca imaginei que o desafio que me foi lançado há três anos se concretizaria”.

Descrevendo-se como “uma mulher de fé”, Vânia Dilac trava, desde 2021, uma luta contra o cancro, depois de ter sido diagnosticada com um tumor maligno. “Eu sou cristã, não de religião, mas de crença. Tenho uma experiência com Cristo e acredito que as coisas aparecem na nossa vida por uma razão, seja para nós crescermos ou para aprendermos. A verdade é que eu estava num ritmo de vida um bocadinho acelerado, a trabalhar e a cantar pelo mundo todo e eu acho que foi Deus que me disse que estava na hora de parar. Naturalmente, depois de termos cancro, ficamos pessoas diferentes. Eu estou muito mais madura e encaro estas oportunidades com muito mais respeito e sentido de responsabilidade”, enfatizou.

Depois de ter participado, em 2018, no programa “The Voice Portugal”, da RTP, no qual ficou em quarto lugar, a artista açoriana ficou associada às baladas, contudo é através dos géneros musicais, blues, blues rock, jazz e soul, que partilha a sua alma e a sua paixão pela música. “Eu tenho uma banda, que nasceu em 2013, denominada Vânia Dilac & The Soulmates, que eu trouxe comigo para participar no BeLive, com registos diferentes. Muitas vezes, as pessoas dizem-me que eu tenho de cantar músicas mais conhecidas, mas eu recuso-me a cantar o que quer que seja que eu não sinta. Eu acho que é uma responsabilidade, enquanto artista, mostrar ao público que existem outras alternativas, goste quem gostar. Agora, eu preciso de me manter fiel a mim própria, leve-me isso onde levar”, afiançou.

Assim, no passado dia 22 de julho, Vânia Dilac deu tudo no palco do BeLive Trofa, acompanhada por António Feijó, produtor, Emanuel Cabral, engenheiro de som, Hélder Machado, baterista, Stepan Kobyakin, teclista, e Vasco Cabral, guitarrista. “Todas músicas que cantamos tinham uma mensagem. Mas, essencialmente, eu quis transmitir que existe força na fraqueza e que nós devemos acreditar sempre no poder da música, seja ele um poder curativo, fisicamente até ou, acima de tudo, da alma. Eu gosto de cantar ao vivo, acompanhada pelos meus músicos, porque é assim que sentimos”, asseverou.

Depois do espetáculo, o vereador da Cultura da autarquia trofense, Renato Pinto Ribeiro, sublinhou, em entrevista exclusiva ao AUDIÊNCIA, que “os municípios da Trofa e da Ribeira Grande têm o objetivo comum de aproximar as suas comunidades, criando menor distância entre os Açores e o continente e vice-versa. Finalmente, a aposta da Vânia Dilac apresentar-se com a sua banda, The Soulmates, foi, de facto, a «cereja no topo do bolo», pois o enorme potencial vocal da Vânia teve o acompanhamento de músicos de excelência. Acredito que esta presença no BeLive Trofa possa ser uma rampa de lançamento, para outros concertos”.

Inspirada pelo amor, nomeadamente de Deus e de mãe, a artista açoriana frisou que procura “transmitir, sempre, uma mensagem de esperança e a minha música é muito voltada para isso”.

Garantindo que o caminho passa pela música, Vânia Dilac anunciou que lançará um novo disco de originais. “Eu sou extremamente criativa. No álbum que lançarei, quem me conhecer, verdadeiramente, vai conseguir identificar várias fases da minha vida. Eu acho que a maior partilha é essa. Nenhuma música que eu fiz foi, apenas, para ser comercial, uma vez que todas elas se baseiam num sentimento, numa relação ou na minha fé, porque o que acontece na minha vida é que me serve de inspiração. As pessoas vão gostar e eu acredito que, através deste disco, muita coisa pode mudar na minha vida”, atestou.

A voz é o que a caracteriza, o palco é a sua casa e o sonho é trabalhar no mundo da música. “O meu desejo é recuperar a 100% ao nível da saúde, porque isso influencia a minha vida. Também quero ver, com os meus próprios olhos, a felicidade do meu filho, que já está um homem. Naturalmente, anseio crescer enquanto artista e voltar a percorrer o mundo inteiro, mas com mais calma”, enalteceu Vânia Dilac.