O projeto “Eu Sou um Herói”, promovido pela Junta de Freguesia de Rio Tinto, foi apresentado, no passado dia 10 de março, no Salão Nobre da edilidade. A sessão contemplou, ainda, a assinatura do protocolo do certame, que visa capacitar todos os alunos das escolas sediadas na localidade, entre o 1º e o 12º ano, no que diz respeito aos primeiros socorros, através de um conjunto de ações, que abrangem todo o processo de atuação, desde o contacto com o 112, até à chegada de ajuda profissional.
A apresentação pública e assinatura do protocolo do projeto “Eu Sou um Herói”, promovido pela Junta de Freguesia de Rio Tinto, decorreu no passado dia 10 de março, no Salão Nobre da edilidade, e contou com a presença de Luís Araújo, vice-presidente da Câmara Municipal de Gondomar, Adelina Pereira, presidente do Conselho Português de Ressuscitação (CPR), e Nelson Pereira, diretor da Unidade Autónoma de Gestão de Urgência e Medicina Intensiva do Centro Hospitalar Universitário de São João, assim como dos diretores dos quatro agrupamentos escolares da localidade, que aceitaram o desafio, professores, assistentes operacionais e técnicos.
Trata-se de um projeto pioneiro, delineado pela autarquia, sustentável e baseado nos princípios da cidadania, que surgiu em parceria com o CLDS, o Conselho Português de Ressuscitação e todos os Agrupamentos de Escolas de Rio Tinto. Em causa está, capacitar todos os alunos dos estabelecimentos de ensino sediados na localidade, entre o 1º e o 12º ano, no que diz respeito aos primeiros socorros, através de um conjunto de ações, que abrangem todo o processo de atuação, desde o contacto com o 112, até à chegada de ajuda profissional, dando ferramentas para agirem em situações diversas, como o engasgamento, a hemorragia, a suspeita de ataque cardíaco e, até, a paragem cardíaca.
Com um percurso profissional ligado à área da saúde, Nuno Fonseca, presidente da Junta de Freguesia de Rio Tinto, enfatizou que “Eu Sou um Herói” é “um projeto no qual trabalhamos há alguns anos, que a pandemia atrasou, mas que nós não deixámos cair”, admitindo que “tem uma grande carga de energia e de emoção, porque é algo que eu sempre quis fazer, desde que cá cheguei”.
Baseado na formação nas escolas riotintenses, este projeto servirá, segundo o edil, “de piloto para nós conseguirmos implementar isto na comunidade em geral. (…) O objetivo é promover a formação de primeiros socorros, em Rio Tinto, e conseguirmos, num futuro muito próximo, de três ou quatro anos, que 100% dos alunos, entre o 1º e 12º ano, destes quatro agrupamentos escolares e das escolas privadas, consigam ter formação de primeiros socorros. Estamos a falar de um público-alvo, que andará a rondar os 1500 alunos, por ano”.
Garantindo que a cadeia de sobrevivência, o pedido de ajuda, o suporte básico de vida, a desfibrilhação precoce e, depois, o suporte avançado de vida, “são algumas das coisas que nós, cidadãos, podemos fazer”, o presidente da Junta de Freguesia de Rio Tinto ressaltou que “tenho a certeza de que os nossos alunos e os nossos elementos das escolas se vão sentir muito mais capazes e uns verdadeiros heróis, depois de conseguirmos implementar este projeto”.
Nelson Pereira, diretor da Unidade Autónoma de Gestão de Urgência e Medicina Intensiva do Centro Hospitalar Universitário de São João, apadrinhou este projeto e fez questão de evidenciar que “este tema é uma realidade no dia a dia, não é dos médicos, é de todos nós, pois a paragem cardiorrespiratória e a morte súbita de causa cardíaca é algo que acontece todos os dias”, salientando que “pode ser revertida, potencialmente, se todas as condições forem reunidas, através desta metodologia, do suporte básico de vida, de rapidamente termos um desfibrilhador disponível e, depois, naturalmente, pormos o sistema de emergência em ação, para que, efetivamente, o INEM e os bombeiros possam intervir e levar o doente para o hospital e esta é uma responsabilidade, enquanto sociedade, de todos nós”.
O médico fez, ainda, questão de destacar que “estes projetos contribuem para tornar visível esta temática e para demonstrar, sobretudo, que é possível”, assegurando que “será, certamente, capaz de ajudar, não só a população de Rio Tinto, como será um exemplo para muitas outras”.
Por conseguinte, Adelina Pereira, presidente do Conselho Português de Ressuscitação, foi convidada a intervir, tendo aproveitado a ocasião para reforçar que “os professores vão levar este conhecimento até às crianças”, agradecendo à Junta de Freguesia “por nos ter feito aliados deste projeto, onde somos um elo desta cadeia de sobrevivência, aqui, em Rio Tinto, para as escolas e para os alunos. Eu acho que todos ganhamos, enquanto cidadãos”.
Também, Laureano Valente, diretor do Agrupamento de Escolas Infanta Dona Mafalda, dirigiu umas palavras aos presentes e, depois de parabenizar a autarquia pela iniciativa, afirmou que “estou convencido de que este projeto vai ser uma mais-valia, não só para a Freguesia de Rio Tinto, mas para o concelho de Gondomar e um bom exemplo para outras localidades. Eu penso que, quando as entidades dão as mãos e trabalham em parceria, estão reunidas as condições básicas, para que haja sucesso nos projetos. Portanto, acima de tudo, nós já agradecemos, mas outros que virão também o vão fazer, porque, um dia, em Rio Tinto, se pensou em preparar o futuro”.
Por outro lado, a diretora do Agrupamento de Escolas de Rio Tinto, Paula Costa, frisou que “os heróis da escola são os nossos professores, que trabalham todos os dias, dão as suas aulas e ainda têm tempo para fazerem estas atividades, que a escola e a sociedade lhes pedem”, realçando que “agora, vão ainda ter outra tarefa, de dar esta formação aos nossos heróis mais pequenos, que vai fazer a diferença”.
Já Sérgio Almeida, diretor do Agrupamento de Escolas de Pedrouços, asseverou que “esta é uma iniciativa fantástica, que se encaixa no nosso projeto educativo. É uma competência que todos os cidadãos devem ter e é, realmente, uma forma de criarmos, na sociedade, a capacidade de dar uma resposta, não de urgência, mas de apoio ao próximo, ser solidário, para conseguirmos ajudar-nos uns aos outros. É a cidadania acima de tudo e os nossos alunos precisam, cada vez mais, destes valores e destas competências”.
Neste seguimento, Nuno Santos, diretor do Agrupamento de Escolas de Rio Tinto Nº3, também aludiu que “é com este tipo de trabalho que o professor se suplanta, não é só na aula, pois é durante, sobretudo, estas atividades, fora do âmbito das suas disciplinas específicas ou até do trabalho com os seus alunos, que se revelam os bons professores e as boas escolas, que temos pelo país fora. Este projeto é uma mais-valia para o concelho e para a freguesia e vai servir de exemplo para muita gente e para muitos lugares, mesmo nos sítios por onde passam os nossos alunos. Acho que é uma iniciativa de louvar e vai ser cumprida na plenitude”.
Os discursos foram encerrados com a intervenção de Luís Araújo, vice-presidente da Câmara Municipal de Gondomar, que, depois de louvar o projeto, sublinhou que este “insere-se na escola moderna, aberta à comunidade, onde os muros desaparecem e esta funciona para dentro, mas também para fora. Eu acho que este tipo de iniciativas vai ser cada vez mais comum, nas próximas décadas”, afiançando não ter dúvidas da pertinência deste projeto, pois “se nós quisermos construir um país melhor, só o vamos conseguir através da educação”.
A sessão terminou com a entrega dos kits, com materiais didáticos, à equipa de formadores, composta por professores, assistentes operacionais e assistentes técnicos dos quatro agrupamentos escolares, assim como elementos da Junta de Freguesia, que frequentaram o curso, que obedeceu às diretrizes do Conselho Português de Ressuscitação, que também serão agraciados com um roll-up alusivo ao projeto e um manequim, uma ação que pode fazer toda a diferença, numa situação de perigo de vida.