PALCO 227 – DONALD SUTHERLAND

Donald Sutherland morreu na passada quinta-feira, 20 de junho, em Miami/USA. A notícia foi confirmada pelo filho do ator, Kiefer Sutherland, nas redes sociais. Sutherland tinha 88 anos.

Na altura a imprensa noticiou que o actor canadiano, que fez toda a sua carreira nos Estados Unidos e Europa, participou em mais de 150 filmes e séries para a TV.

Como sou cinéfilo, mais antes do que agora, lembrei-me de um dos seus primeiros filmes que vi e que pelo género de terror, não me podia escapar.

O filme em questão é As Profecias do Dr. Terror, de 1965.  É um filme de cinco episódios, em que o jovem Donald aparecia acompanhado por dois actores de referência, Peter Cushing e Christopher Lee. (*)

Não será fácil seguir o percurso deste actor tendo em conta uma filmografia tão vasta. Mais tarde ficaria famoso pela sua intervenção no filme M.A.S.H, realizado por Robert Altman em 1970, baseado no romance homónimo MASH, de Richard Hooker.

O filme narra a história de uma unidade médica militar (MASH – Mobile Army Surgical Hospital — “Hospital Cirúrgico Móvel do Exército”) durante a Guerra da Coreia, mas com alusões diretas, na época, à Guerra do Vietnam. Com o sucesso alcançado deu origem à aclamada série com o mesmo nome exibida originalmente entre 1972/ 1983.

O seu filho, Kiefer Sutherland, também actor, comentou nas redes sociais: “Com o coração pesado, digo-lhes que o meu pai, Donald Sutherland, faleceu. Pessoalmente, considero-o um dos atores mais importantes da história do cinema. Nunca se deixou intimidar por um papel, fosse ele bom, ruim ou feio. Ele amava o que fazia e fazia o que amava, e nunca se pode pedir mais do que isso. Uma vida bem vivida”.

Mas, para mim, ficará sempre na minha memória a sua interpretação no Casanova (1976) de F. Fellini. Como tudo no realizador italiano, o seu Casanova é uma visão muito particular de uma figura apaixonante.

Giacomo Girolamo Casanova (Veneza1725 – Boémia 1798) foi um escritor e aventureiro italiano nascido na então República de Veneza. É amplamente considerado uma das maiores fontes de informação sobre os costumes e hábitos da vida social do século XVIII, sendo também conhecido como um sedutor pela sua célebre vida amorosa, as duas carreiras profissionais que iniciou — a militar e a eclesiástica— e que levou uma vida aventureira. (Wikipédia)

…”O filme ensinou-me que a ausência de amor é o pior sofrimento que alguém pode suportar.” Federico Fellini – Pettigrew, D..2003:39

E assim o Casanova de Fellini transforma-se numa máquina de sedução, acompanhado por um mecanismo que está sempre nas suas relações…é um caminho de angústia e solidão na qual o protagonista se espelha na ânsia de querer satisfazer-se e satisfazer aos outros.

Ficam na memória as imagens fellinianas de uma Veneza barroca; os criados apagando as luminárias de um teatro veneziano, um mar de plástico negro que Casanova contempla na sua fuga pelos telhados da cidade, e finalmente essa cena ulterior extremamente comovente na qual o protagonista dança com uma boneca mecânica: “Ele dança com uma boneca, a carruagem de ouro do Papa atravessa seu caminho, mulheres aparecem e se desvanecem como memórias da velhice. O único desejo do protagonista permanece e é atendido, ao final, por um ser inanimado em um sonho que é um retrato tardio de sua vida”.(Luiz Santiago-Crítica | Casanova de Fellini (1976) – Plano Crítico (planocritico.com)

Quem se lembra de Wilhelm Reich (**)? No ano 1985, Donald Sutherland participou num curto music-video, interpretando a figura do psicólogo e analista freudiano. No youtube:

(895) Kate Bush – Cloudbusting – Official Music Video – YouTube