Depois de uma pausa forçada em 2020, devido à pandemia, o Cupula Circus Village Festival voltou a Arcozelo para a sua terceira edição, entre os dias 16 e 19 de setembro, e a 22 e 23 do mesmo mês na sua vertente online. Numa vertente diferente, mais pequena, com lotação condicionada, sem street food no jardim, com apenas uma tenda, o festival foi considerado um “mini Cupula”, no entanto marcou presença com o diferencial de ser feito apenas com companhias que estejam em território nacional. A população participou em força, no entanto, nem tudo são boas notícias. A direção do festival quer reformular o projeto e procurar novas formas de aumentar o orçamento, o que segundo Bruno Machado, diretor artístico do INAC e do festival, pode materializar-se na não realização do evento no próximo ano.
O Cupula Circus Village Festival é considerado a primeira Vila de Circo em Portugal. Entre os dias 16 e 19 de setembro voltou a instalar-se junto aos passadiços de Arcozelo, para cumprir a programação da sua terceira edição e depois de um ano de interregno devido à pandemia. Ainda consequência da situação pandémica, o evento foi reduzido, sendo que a programação continuou nos dias 22 e 23 de setembro, com uma programação online. O evento dedicado ao circo contemporâneo é uma organização do INAC (Instituto Nacional de Artes do Circo) em parceria com a Junta de Freguesia de Arcozelo.
Em 2020, Arcozelo não teve Cupula. A decisão de não realizar o evento foi dura de tomar, garantiu Bruno Machado, diretor artístico do INAC e do festival, no entanto a situação da pandemia assim o obrigou. Foi daqui que nasceu a primeira especificidade do Cupulla 2021, que contou com a participação apenas de companhias portuguesas. “Reunimos e decidimos que a programação deste Cupula seria para companhias que estejam em território nacional com o intuito de apoiar a cultura e os artistas que foram um dos setores mais afetados pela pandemia”, explicou Bruno Machado.
No âmbito do Cupula Circus Village Festival 2021 houve apenas um evento internacional, o Encontro Europeus de Escolas de Circo, que mesmo assim, e de forma a proteger todos, foi realizado em Vila Nova de Famalicão, nas instalações do INAC. Os artistas tiveram, depois, oportunidade de ir assistir, à tenda, a alguns dos espetáculos do festival.
Os espetáculos de 2021 focaram-se também nos artistas emergentes, principalmente no que diz respeito à vertente online do projeto, onde coube a apresentação de “artistas que tiveram num projeto piloto do INAC, decidimos fazer uma pequena turma dedicada a projetos de criação (…) sendo um festival organizado por uma estrutura deformação, focamo-nos também nos jovens artistas, os jovens que saem da formação e entram para o mercado de trabalho”, contou Bruno ao AUDIÊNCIA.
Outra das principais diferenças da edição deste ano, apontada por Bruno, é a envolvência do evento. Para seguir as normas da Direção Geral da Saúde (DGS), os pequenos comércios de street food que costumam estar no jardim próximo da tenda, bem como a música e as pequenas demonstrações espontâneas não existiram. “Havia sempre aqui público, mesmo quando não estava a acontecer nada, o público vinha por causa do ambiente, isso, este ano, não aconteceu”, explicou Bruno Machado. A par disso, em 2021, o circo em Arcozelo contou apenas com uma tenda, sendo que em 2019, a última vez que se realizou o evento, havia duas. “Decidimos fazer o que chamamos de “mini Cupula”, quase como marcar uma presença com alguns espetáculos, com 75% da lotação, que é o que a DGS nos permite”, referiu o diretor artístico do INAC. Para garantir a segurança de todos, além da lotação, ao longo dos quatro dias de festival, todos os artistas foram submetidos ao teste para a Covid-19 e o público teve de manter as distâncias no espetáculo, utilizar máscara e desinfetar as mãos com álcool gel antes de entrar na tenda.
Quanto à participação do público, Bruno Machado diz-se muito satisfeito. Refere que não viu receio das pessoas participarem nos espetáculos, pelo contrário, afirmou que “as pessoas estão sedentas de cultura” e ainda constatou que “muita gente ficou chateada porque a lotação normal desta tenda é de 330, mas estamos a ocupar apenas cerca de 150 lugares”. Além disso, Bruno ainda diz que “o público está mais interativo, nota-se mesmo que há uma necessidade de nos divertir-nos e cultivar-nos”.
A grande questão que se impõe agora, após o término da edição de 2021, é a realização ou não da quarta edição em 2022. “O Cupula é um projeto que finaliza aqui um ciclo. Foi um projeto desenhado para quatro anos, apesar do ano passado não ter havido, e toda a direção do Cupula quer reformular e evoluir o projeto”, anunciou Bruno Machado que também falou da questão económica do evento, uma vez que “é um festival essencialmente financiado pela Junta de Freguesia, ou seja, o orçamento é muito pequeno para a dimensão”.
Esta reformulação do pode mesmo significar a não realização do Cupula Circus Village Festival em 2022. “Pode materializar-se numa não realização, devido ao tempo. Um festival com uma dimensão ainda maior, requer mais tempo, mais produção e mais orçamento, temos de perceber onde podemos ir buscar mais orçamento, isso é importante”, explicou o diretor artístico do festival circense.