O ribeiragrandense Roberto Pereira Rodrigues apresentou o seu segundo livro de género literário “Guardadores de Memórias II” na Biblioteca Municipal Daniel de Sá, a 25 de julho.
Natural da freguesia da Maia, foi na sua terra que Roberto Pereira Rodrigues viu inspiração para relatar “casos”. As histórias e estórias que ouvia da boca dos mais velhos fizeram-no querer narrar as memórias de outrora, mas também aquelas que serão, um dia, as memórias do futuro. O autor explica que “quando se fala de memórias fala-se do passado, mas há vários casos que assentam no princípio de saber como é que as pessoas com 80 anos agem à mudança vertiginosa que o tempo está a impor. É uma forma de falar do presente com base nas memórias”.
“O objetivo deste livro não é para quem já morreu, mas sim para quem está aí saber como é que era antigamente”, afirma Roberto, até porque não pretende apelar ao “saudosismo”, mas sim “trazer alguma ideia que valha a pena hoje”.
Em declarações ao AUDIÊNCIA, o autor afirma que “Guardadores de Memórias” podem fazer ver que “este ciclo [de abundância] que agora existe pode não ser eterno”.
“Houve um tempo em que duas ou três sardinhas chegavam para uma família inteira e ter conhecimento disso pode ajudar-nos a desperdiçar menos, porque estamos a constatar hoje que o nosso planeta está a revelar-se escasso se mantivermos os hábitos de consumo que a nova realidade está a impor”, diz o autor. Por esse motivo “não se pode tratar o planeta e os recursos como se fossem infinitos”. É por isso que considera que “a compreensão do presente e a construção do futuro passa pelo conhecimento do passado”.
Nestes livros perpetuam “casos” que contam as memórias de infância e juventude vividas na Maia: as gentes, tradições e os costumes. É nestes momentos, quando Roberto escreve, que se consegue “afastar do quotidiano” e transportar-se para um ligar onde foi feliz. Escrever fá-lo “recordar pessoas que já desapareceram mas que continuam presentes na minha vida”.
Uma das particularidades destas duas obras é o facto de o autor escrever como falam os micaelenses, tal como referiu o vereador da Câmara Municipal da Ribeira Grande, Filipe Jorge, que parabenizou o autor por “partilhar com o público em geral memórias de outros tempos, com a particularidade de escrever como se falava” o que mantem uma “ligação firme ao passado”.
Ainda de acordo com Filipe Jorge, estes dois volumes de “Guardadores de Memórias” são um “documento para o futuro na medida em que, com as gerações atuais mais viradas para as tecnologias, os livros publicados e a linguística utilizada são autênticos repositórios de tempos que não voltam”.
A apresentação de “Guardadores de Memórias II” foi feita pela advogada Carla Santos, fiel leitora e admiradora dos dois volumes, e contou ainda com a presença da Secretária Regional do Emprego e Qualificação Profissional, Paula Andrade, bem como pela editora da Platano Editora, Paula Prata.
A dramatização dos “casos” e a sessão de autógrafos finalizaram a apresentação feita na Biblioteca Municipal Daniel de Sá.