A exposição de fotografia “Sarapatel”, de Acácio Mateus, fotógrafo açoriano, foi inaugurada no passado dia 7 de janeiro, na Casa da Cultura de Avintes, e assinalou o início do ciclo de mostras de 2023 desta instituição. Até ao próximo dia 31 de janeiro, os visitantes podem observar 24 registos da recriação etnográfica de uma tradição secular, que está relacionada com as matanças do porco e o aproveitamento dos seus derivados, como base da alimentação das famílias dos Açores, ao longo do século XX.
O açoriano Acácio Mateus fotografou o Arraial do Sarapatel, que decorreu no passado mês de setembro, na vila de Rabo de Peixe, na Ilha de São Miguel, e as imagens captadas chamaram a atenção de Pereira Lopes, diretor do iNstantes – Associação Cultural, que o convidou para inaugurar o ciclo de exposições de 2023 da Casa da Cultura de Avintes, no seguimento de “uma aposta de qualidade na diversificação dos olhares, sobre as nossas tradições”.
Através desta mostra, composta por 24 fotografias, que foi inaugurada no passado dia 7 de janeiro e estará patente até ao próximo dia 31 deste mesmo mês, os visitantes podem percorrer, através do olhar, este evento de cariz cultural, etnográfico e turístico, que é promovido, anualmente, pela Junta de Freguesia rabopeixense e coloca na mesa as tradições ligadas às matanças do porco que eram, antigamente, um momento importante nos meios rurais e a base da alimentação popular.
Também conhecido como debulho, o sarapatel é confecionado de várias maneiras e a forma como é empratado também muda de localidade, para localidade. No arraial, são recriados vários momentos relacionados com a matança do porco, desde a moagem do milho, para fazer farinha e biscoitos, ao corte da salsa e da cebola para os enchidos, ao amassar do pão, que é cozido em forno de lenha ou assado nas sertãs, ao encher dos chouriços de carne ou as morcelas, até, claro, a preparação do sarapatel, que é o ex-líbris da festa.
Esta é a primeira exposição individual de Acácio Mateus, depois de ter participado na mostra coletiva “Memórias Conventuais Franciscanas nos Açores do século XXI”, organizada pelo Centro de História d’Aquém e Além-Mar, da Universidade dos Açores. “Foi com muito gosto que acedi ao inesperado convite do iNstantes – Associação Cultural, para abrir o ciclo de exposições de 2023 na Casa da Cultura de Avintes. Fi-lo por reconhecimento e amizade para com o diretor, Pereira Lopes, que me endereçou o amável e honroso convite, para expor na cidade do Porto”, revelou o fotógrafo, enfatizando que acredita que a mostra poderá “ganhar alguma itinerância, principalmente junto das comunidades açorianas radicadas nos Estados Unidos da América e Canadá, por trazer, ao presente, memórias de um passado não muito longínquo e por permitir matar saudades dos tempos dos nossos avós”.