“SINTO-ME BEM A TRABALHAR COM OS CAMPANHENSES, EM PROL DA MINHA FREGUESIA”

A cerca de um ano das próximas eleições autárquicas, Paulo Ribeiro fez, em entrevista exclusiva ao AUDIÊNCIA, um balanço positivo dos seus dois anos de liderança dos destinos da Junta de Freguesia de Campanhã. Honrado pelo trabalho e funções que tem desempenhado, o edil manifestou a sua vontade de dar continuidade ao projeto iniciado pelo seu antecessor, promovendo a melhoria da qualidade de vida de todos os campanhenses. Assegurando que as pessoas são a sua prioridade, o autarca enalteceu a importância da colaboração da Câmara Municipal do Porto no desenvolvimento do território. Segundo Paulo Ribeiro, o seu sonho é engrandecer e dinamizar a terra que o viu nascer, assim como “que as pessoas olhassem para Campanhã, da mesma forma que olham para a zona ocidental da cidade do Porto”.

 

Para quem, eventualmente, não o conhece, quem é o cidadão Paulo Ribeiro?

É um cidadão comum, normal, como qualquer um, que nasceu nesta freguesia há quase 55 anos e viveu sempre neste território. Portanto, é uma pessoa do povo e que faz tudo pelo povo. Posso dizer-lhe que fiz a minha vida entre ser bombeiro voluntário e trabalhar fora. Eu entrei, inicialmente, para este mundo pela mão de um amigo de infância, que me incentivou, porém, ser bombeiro voluntário foi uma paixão, que eu criei pelo próximo.

 

Quais são as suas maiores inspirações e motivações?

As minhas maiores motivações passam por ver esta freguesia, como eu costumo dizer, como a zona ocidental, com coisas boas, bonitas e sem tantos problemas como os que existem em Campanhã. Os problemas têm vindo a diminuir com a intervenção e a ajuda da Câmara Municipal, da Polícia Municipal do Porto e da PSP. Portanto, as coisas estão a melhorar. Contudo, gostava que os media fizessem um trabalho diferente sobre esta freguesia, porque nós sabemos que existem situações que decorrem tanto aqui como na zona ocidental da cidade, mas sobre Campanhã saem duas páginas nos jornais e de lá sai um quarto de página ou uma breve. Também, gostava que os nossos fregueses se sentissem como se sentem os da Foz ou de Lordelo, porque nós estamos a ter uma procura muito grande neste momento, de pessoas que querem vir viver para Campanhã, devido à nossa zona rural.

 

O que o levou a ingressar no mundo da política local?

A minha história no mundo da política começou desde muito novo. Nós somos uma família de sete irmãos, cinco rapazes e duas raparigas. Eu sou o mais novo e os dois irmãos que me antecedem entraram para a política, quando eu tinha dez anos. Um foi para a Juventude Comunista e o outro para a Juventude Socialista (JS) e eu comecei a querer andar com um e com o outro e acabei por me juntar à Juventude Socialista com 14 anos e passados dois anos já era presidente da JS de Campanhã. Desde então, nunca mais parei, nem deixei de ser quem sou. Tenho subido pela mão do atual presidente da Assembleia de Freguesia de Campanhã, Rodrigo Oliveira, pois integrei a Assembleia de Freguesia e daí passei para o executivo, juntamente com ele, há 24 anos e acompanhei muitos presidentes no trabalho em prol desta freguesia. Nunca recebi nenhum convite do meu partido para ir para outro lado, mas se recebesse sinceramente eu acho que não aceitava, porque eu sinto-me bem a trabalhar com os meus fregueses, em prol da minha freguesia, tanto é que eu ainda cá continuo, porque eu gosto muito de Campanhã.

 

Com o intuito de dar continuidade ao projeto iniciado por Ernesto Santos, assumiu a 22 de março de 2022, os destinos de Campanhã. A um ano do fim deste mandato, qual é o balanço que faz até aqui?

Eu acho que o balanço é positivo, porque já trabalhava em conjunto com esta equipa há oito anos e não mudei nada do que estava planeado com o senhor Ernesto Santos, quando nós começamos o seu mandato. Aquilo que estava planeado é aquilo que nós temos feito. O nosso programa está a ser cumprido e nós temos trabalhado muito, que era a base dele, ao nível da ação social, aliás, ainda no ano transato 43% do orçamento da Junta de Freguesia foi para esta área, porque a ação social trabalha muito, aqui, em Campanhã. Nós ajudamos muita gente, muitas famílias e tentamos resolver muitos problemas dos nossos fregueses, porque sabemos que a Segurança Social, muitas vezes, não tem capacidade de resposta imediata, então nós tentamos, através das nossas técnicas, dar as respostas necessárias.

 

A seu ver, quais foram as maiores apostas na ação social, desporto, educação, cultura e habitação?

Nós continuamos a apostar nas pessoas. No caso da habitação, nós gostávamos de poder fazer mais, pois apenas conseguimos acompanhar e direcionar os fregueses à Domus Social e enviamos sempre uma carta, onde explicamos a situação da família. Porém, sabemos que não é fácil, porque a Domus entrega cerca 300 casas por ano e nós temos uma lista de espera de mais de mil famílias. Nós também ajudamos as pessoas na compra de medicamentos, para além da oferta de um cabaz alimentar às famílias mais desfavorecidas. A Junta de Freguesia também comprou mais de 50 camas articuladas para facultar aos fregueses que precisavam. Portanto, nós estamos aqui para ajudar, para combater a solidão e a pobreza. Também, temos o apoio da pulseira eletrónica de chamada de emergência, em articulação com a Câmara Municipal do Porto e da Santa Casa da Misericórdia, e temos vários programas vocacionados para os idosos, em parceria com outras instituições. Criámos, igualmente, uma rede com todas as instituições e reunimo-nos de três em três meses para fazer um balanço das necessidades, de modo a tentar combatê-las. Logo, a ação social é a bandeira desta freguesia, porque não são só idosos, nós temos crianças de dois anos que também precisam muito da nossa ajuda. Isto é ação social, é fazer com uma família tenha alimento e outras coisas mais para dar aos seus filhos. Depois da nossa intervenção de emergência na ajuda alimentar, nós encaminhamos sempre as famílias para a Segurança Social de modo que sejam acompanhadas não só pelos nossos assistentes sociais, como pelos assistentes sociais das restantes instituições e IPSS com quem nós trabalhamos e temos parcerias. Relativamente à área do desporto, nós continuamos a apoiar todas as instituições da freguesia que tenham atividade e, também, apostamos na formação dos nossos jovens. No que concerne à cultura, nós também apoiamos as coletividades e promovemos várias iniciativas, como a celebração dos 50 anos do 25 de Abril, que vai encerrar em outubro, com uma exposição que vem do Museu Militar. Nós também temos duas companhias de teatro e tivemos um Fórum de Teatro, assim como organizamos a Gala dos Artistas de Campanhã, que encerra sempre com uma Noite de Fados.

 

A seu ver, o que está na base dos problemas que existem em Campanhã?

Esta freguesia está encostada à cidade do Porto e era a mais esquecida, porque era dos trabalhadores, por isso é que é a freguesia com mais bairros sociais e, na altura, era a freguesia com mais ilhas. Campanhã foi um território com muitas fábricas nas décadas de 60 e 70 e muitos trabalhadores vieram para cá e passou a ser a freguesia mais pobre da cidade, porque era habitada pela classe trabalhadora.

 

Contudo, está a acontecer uma revolução nesta localidade.

Está a haver uma revolução muito grande nesta freguesia e eu fico contente porque é na minha gestão da Junta que isso está a acontecer, aliás, já vinha desde o meu antecessor, o senhor Ernesto Santos. A Câmara Municipal do Porto e o Governo têm apostado muito na Freguesia de Campanhã. A Estação de Alta Velocidade em Campanhã, a seguir à Estação Intermodal, também vai revolucionar esta localidade. Relativamente ao Matadouro, era uma coisa que estava fechada há muitos anos e chegou a ser um depósito da Câmara do Porto, onde a autarquia colocava materiais e carros abandonados e, com a transformação que vai sofrer, vai ficar um espaço lindíssimo, que vai dar uma vida nova à freguesia, vai trazer empreendimentos, novas pessoas e por isso é que eu digo que Campanhã se está a desenvolver. Por outro lado, a Praça da Corujeira, com a renovação prevista, também vai ficar lindíssima, entre outras coisas mais, como é o caso do empreendimento do Monte da Bela e da zona de Azevedo e São Pedro que se está a desenvolver e está a ser muito procurada por investidores devido ao seu pulmão verde. Tudo isto faz com que a freguesia esteja a transformar-se. O Crematório também vai ser uma realidade, o projeto está a fluir, era uma obra que o senhor Ernesto Santos gostava de ver edificada e nós vamos concretizá-la.

 

Quais foram as maiores conquistas e o que é que ainda anseia concretizar até ao final do mandato?

As conquistas nós fazemos no dia a dia quando melhoramos o quotidiano desta freguesia e dos fregueses, seja a ajudar uma família numa situação mais vulnerável, seja no desporto quando fazermos uma equipa sorrir. Portanto, as conquistas nós vamos conseguindo no dia a dia, pois sempre que fazemos uma coisa boa, para mim, é uma conquista, aí eu durmo melhor, porque a freguesia ajudou alguém que precisava. Contudo, a maior conquista, a meu ver, é saber que nós vamos ter mais um Centro de Saúde feito de raiz em Campanhã, mais propriamente em Azevedo, cujo terreno foi vendido pela Junta de Freguesia e isso, para mim, é um feito muito grande, porque é uma zona que está em crescimento, já tinha mais de 4 mil utentes e com esta construção vamos ter muitos mais. A meu ver, esta foi a maior obra que eu consegui para a população daquela zona que estava e ainda está muito esquecida, porque desde há muitos anos que os presidentes de Câmara, tanto do meu partido como não, se esqueceram muito de Campanhã e daquela zona. A zona de Azevedo há muitos anos que não era lembrada e até havia quem dissesse que nem pertencia a Campanhã. Todavia, com este presidente de Câmara as coisas têm mudado um bocado e eu só tenho de lhe agradecer, porque é uma pessoa independente, mas que tem olhado para Campanhã e tem feito coisas neste território.

 

Acredita que, apesar da modernização, é importante manter a identidade e o bairrismo de Campanhã?

Sim, é. Esta freguesia é conhecida pelo seu bairrismo e sentido de vizinhança e a zona de Azevedo e São Pedro é um desses sítios. No meu primeiro ano como presidente de Junta, eu recebi uma senhora, que era filha de uns senhores que moravam em Azevedo de Campanhã, junto às Areias. Na ocasião, ela disse-me que os pais e os avós tinham deixado quatro casas pequenas e que estava a recuperá-las, mas que uma delas ia ficar para ela, porque a sua intenção era deixar de viver em Gaia, em frente à praia para vir viver para Campanhã, porque aqui encontrava paz. Eu acho que a senhora já está a viver na nossa freguesia, que tem coisas únicas e muito positivas. É bom que comecem a olhar para Campanhã com outros olhos. Eu falo da zona de Azevedo, porque é a que vai ter nos próximos anos mais evolução e tem uma boa localização, uma vez que estamos a dois minutos de tudo o que é sítio com umas estruturas rodoviárias muito boas e isso faz com que as pessoas passem a ver aquela zona com outros olhos e queiram investir lá.

 

A Junta de Freguesia também aposta em eventos detentores de um grande impacto social, como é o caso da Gala dos Aristas, das Festas de Nossa Senhora de Campanhã, das Festas de São Pedro e da Nossa Senhora do Calvário. De que forma é que promovem e engrandecem o território?

Nós temos três paróquias em Campanhã, que é a Nossa Senhora de Campanhã, São Pedro de Azevedo e Nossa Senhora do Calvário. Nós ajudamos as paróquias a fazerem a festa e a divulgação de todo o evento. Nós tentamos que tenham cada vez melhores cartazes e ajudamos como podemos, ao nível de palco, luzes e licenças e as coisas têm corrido bem. Nós estamos cá para ajudar a promover e a divulgar a freguesia e isso tem acontecido. A Junta de Freguesia tem a porta aberta para as paróquias de Campanhã.

 

Campanhã também é uma freguesia com um forte movimento associativo. Qual é a atual situação das coletividades campanhenses?

O meu antecessor sempre foi um homem ligado ao associativismo e eu também fiz parte e fui dirigente de algumas instituições. Hoje, as coletividades estão a morrer. As pessoas cansaram-se das associações. Umas instituições vão-se mantendo, os dirigentes gostam e vão dinamizando, mas eu sinto que as pessoas estão a fugir, cada vez mais. Portanto, hoje já não é fácil constituir uma direção de uma associação. Os atuais dirigentes estão cansados e depois não aparece gente nova interessada em dar continuidade. Portanto, as pessoas não querem estar presas, nem ter a obrigação de ir para a associação. Neste seguimento, eu acho que o movimento associativo está a morrer gradualmente, com muita pena minha. Eu fico triste por ver que as associações não têm pessoas interessadas em geri-las.

 

Quais são os seus maiores sonhos para Campanhã?

Que as pessoas olhassem para Campanhã da mesma forma que olham para a zona ocidental, porque nós tentamos fazer os fregueses felizes, melhorando a sua qualidade de vida. Nós somos geridos pelos dinheiros do Estado e da Câmara Municipal e não temos verbas para fazermos grandes obras, mas eu acho que Campanhã vai mudar muito e vai ser muito diferente.

 

A pensar no futuro, tenciona candidatar-se?

Por mim, eu gostava de continuar a liderar os destinos da minha freguesia, contudo, eu tenho um partido que manda em mim. Eu quero, o PS de Campanhã quer, agora tudo depende da vontade da Concelhia do Porto e da Distrital. Trata-se de um ciclo político e eu tenho de aceitar, porque sou uma pessoa política e estou cá para ajudar o meu partido. Eu nasci nesta freguesia, sou muito conhecido e muitas pessoas já manifestaram o seu apoio, caso me candidatasse, porque estão satisfeitas com o trabalho que estamos a fazer, em conjunto com a Câmara Municipal do Porto, porque sou muito reivindicativo. Eu estou aqui de passagem, para fazer o melhor que sei, em prol da minha terra.

 

Qual é a mensagem que gostaria de transmitir aos campanhenses?

Gostava que olhassem para o futuro e pensassem que esta é uma freguesia maravilhosa e que temos de fazer tudo por ela. A Junta tem a porta aberta para receber os campanhenses e tentar resolver os problemas deles. Também gostava que esta freguesia fosse igual ou melhor do que a zona ocidental da cidade do Porto.