Tânia Duarte de Almeida Moreira da Fonseca, ex-vice-presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande, foi nomeada Diretora Regional para a Igualdade e Inclusão Social. Licenciada em Psicologia Aplicada, área de Psicologia Clínica, pelo Instituto Superior de Psicologia Aplicada, anseia ter “a oportunidade de contribuir para a redução das desigualdades e injustiças sociais.
Tânia Duarte de Almeida Moreira da Fonseca exerceu, entre 2000 e 2013, funções de psicóloga clínica na Associação Atlântica de Apoio ao Doente Machado-Joseph, IPSS, assumindo, entre 2002 e 2013, o cargo de coordenadora técnica e, a partir de 2017, a ocupação de presidente da direção desta instituição social.
Porém, em janeiro de 2013, começou a executar o cargo de vice-presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande e foi responsável, entre outras áreas, pela divisão da ação social e da educação e pelo gabinete de saúde pública.
No seguimento do trabalho desenvolvido ao longo dos anos, Tânia Fonseca foi nomeada Diretora Regional para a Promoção da Igualdade e Inclusão Social, tendo cessado, no passado dia 12 de março, as suas funções na autarquia ribeiragrandense e abdicado de um cargo, que, segundo o presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande, Alexandre Gaudêncio, foi “desempenhado com dedicação, empenho e reconhecido profissionalismo as funções que lhe foram atribuídas, nas áreas da Ação Social e Educação, Urbanismo e Planeamento e Saúde Pública”.
A Diretora Regional para a Promoção da Igualdade e Inclusão Social do XIII Governo Regional dos Açores revelou, em entrevista exclusiva ao AUDIÊNCIA, que acredita que esta nomeação resulta do trabalho desempenhado na Câmara Municipal da Ribeira Grande, frisando que “foram quase 8 anos de bastante trabalho em áreas muito diversas. Penso que o meu empenho, a minha pro-atividade, a capacidade de resolver problemas, a proximidade às pessoas, a criação de respostas e instrumentos (sobretudo na área social), terão sido reconhecidos por muitos. Mas, tão ou mais importante do que isto, é a noção de que a Câmara da Ribeira Grande foi uma verdadeira «escola» que, diariamente, durante todos estes anos, me permitiu obter competências importantes quer a nível profissional, quer a nível humano e enquanto pessoa. Foi uma etapa da minha vida com imensos desafios mas verdadeiramente gratificante. Serei sempre agradecida pela oportunidade que me foi dada pelo Alexandre Gaudêncio e pela confiança que em mim depositou nos últimos 8 anos. Como, também, agradecerei sempre aos ribeiragrandenses pela forma terna como me acolheram, me trataram e me respeitaram”.
Neste seguimento, Alexandre Gaudêncio, afirmou que esta nomeação “é o reconhecimento público e valorização de todo o trabalho desenvolvido por Tânia Fonseca, enquanto vice-presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande”.
Relativamente aos objetivos, para o atual cargo que desempenha, Tânia Fonseca, sublinhou que “gostava de chegar ao fim desta etapa, olhar para trás e ter a certeza que também tive, por via das minhas funções, a oportunidade de contribuir para a redução das desigualdades e injustiças sociais. Como todos sabemos, apesar de nos último anos os Açores terem recebido muitos milhões de euros em fundos europeus, a verdade é que nem por isso deixamos de ser a região do país com mais desigualdades e maior nível de pobreza. Os números falam por si e será missão deste Governo tentar contrariar os mesmos nos próximos anos, tendo como objetivo uma convergência para a média nacional. Da minha parte, sendo que agora iniciei funções, passarei a estar perto das mais diversas instituições, parceiras sociais, que trabalham nas diferentes áreas (violência doméstica, igualdade de género, pessoas com deficiência, segregação racial, etc. – de um modo geral, trabalhar para a inclusão de todas as pessoas em situação de exclusão ou em risco de exclusão). Acredito, também, que será através do trabalho próximo com os parceiros sociais e articulação de esforços com estes, trabalhando em conjunto e criando sinergias, que poderemos atingir mais facilmente os objetivos. Isto passará, também, por uma articulação permanente entre esta Direção Regional, agora criada, e outras direções regionais (Solidariedade Social, Poder Local, Saúde, Desporto, Dependências, Educação, Emprego, Comunidades…), uma vez que uma abordagem global e realista das questões que ditam as desigualdades passa inevitavelmente por todas estas áreas de ação”.
“Creio que há um problema gigante nos Açores, que tem a ver com a educação e com os seus péssimos indicadores nos último anos ou décadas. Estamos muito abaixo da média nacional em praticamente todos os indicadores relativos a esta. O cenário já foi pior, mas a verdade é que continuamos a ter um baixo nível de escolaridade e elevadas taxas de retenção e desistência no ensino secundário. Isto significa, claro, menos pessoas com qualificação, menos possibilidades de ter um emprego e, consequentemente, uma remuneração – com todo os custos económicos e sociais que daí inevitavelmente derivam. Assim, e face aquilo que já foi anunciado pelo senhor vice-presidente do Governo Regional dos Açores, é intenção apostar fortemente na educação e na formação como forma principal de contrariar os ciclos de pobreza. Temos que dotar ou potenciar os açorianos de competências que lhes permitam trabalhar e auferir uma remuneração, fazerem os seus descontos, combatendo, assim, o assistencialismo excessivo a que temos vindo a assistir há anos demais. Acredito ser possível tornar este ciclo vicioso de décadas num ciclo virtuoso permanente”, ressaltou a Diretora Regional para a Promoção da Igualdade e Inclusão Social do XIII Governo Regional dos Açores.
No que concerne ao futuro desta região, Tânia Fonseca afirmou que “tenho consciência de que assumo um cargo numa área, mais do que nunca, bastante «delicada». Isto porque, como sabemos, as crises tendem, regra geral, a acentuar as fragilidades e desigualdades. A pandemia poderá gerar novos problemas e aumentar outros já existentes. Embora tenhamos uma Estratégia Regional de Combate à Pobreza (2018-2028), esta foi esboçada assente em problemas devidamente reconhecidos e identificados. Não podemos esperar que esta estratégia venha agora dar respostas a novos problemas. Daí resultou a necessidade de se refletir no Plano e Orçamento para 2021 as políticas tidas como necessárias para se ajudar a população a ultrapassar da melhor forma possível esta crise que já se verifica e que continuará a ter potenciais efeitos nefastos no pós-pandemia. Mas, encaro isto como um grande desafio que, através de muito empenho, da conjugação de esforços, de políticas sociais devidamente pensadas e postas em prática, levará, sem dúvida, a nossa região a um bom porto”.