“TEMOS UMA RELAÇÃO DE GRANDE PROXIMIDADE COM AS PESSOAS E AS INSTITUIÇÕES”

Apaixonada pela terra que a viu nascer, Suzana Ferreira é, desde 2021, presidente da Junta de Freguesia da Maia. Honrada pelo trabalho e pelas funções que tem desempenhado, a edil manifestou, em entrevista exclusiva ao AUDIÊNCIA, a sua vontade de ajudar os que a rodeiam e de contribuir para o desenvolvimento do seu território. Enalteceu os diversos projetos que anseia concretizar para a sua localidade, a autarca enfatizou que as pessoas são a sua prioridade e que o seu objetivo é melhorar a qualidade de vida dos maienses.

 

Em 2021 assumiu a liderança dos destinos da Junta de Freguesia da Maia, sucedendo a Jaime Rita. Qual é o balanço que faz estes quase quatro anos de mandato?

O balanço que eu faço é que tem sido um mandato de muitos altos e baixos. Este executivo entrou aqui numa altura complicada, depois da Covid-19 e com o Caminho da Lombinha fechado já há muitos anos, que prejudicou muito a Freguesia da Maia. Graças a Deus, o caminho atual já está pronto e as pessoas já podem circular, mas foram anos de uma grande perversão com aquele caminho fechado. Foi uma altura complicada, também com o encerramento, nomeadamente, dos bancos e da padaria, que, parecendo que não, criou às pessoas da freguesia uma sensação de perda muito grande, pelo que, hoje em dia, as pessoas agarram-se a isso e, qualquer coisa que aconteça à Maia, as pessoas dizem, que a Maia está uma desgraça e que já perdeu os bancos, já perdeu a padaria e não veem que a Maia é, realmente, uma freguesia muito completa. Nós temos todos os serviços no nosso território, nomeadamente, fotógrafo, dentista e comércio, mas as pessoas agarram-se, apenas, ao que perderam, que foram os bancos e a padaria. Pronto, o Caminho da Lombinha pode ter sido o motivo desse encerramento, não sei, mas foi realmente uma altura muito complicada, na qual vimos a Maia, aqui, muito fechada, quase que morta, comparativamente com o movimento que tinha e sentiu-se muito esse impacto muito grande. Como eu disse, o caminho está pronto, está espetacular, agora, vamos ver se a Maia volta a ganhar uma nova vida, porque tem sido realmente complicado. O balanço que eu faço, penso que é positivo, porque podemos não corresponder às expectativas das pessoas, mas damos sempre o nosso melhor, tentando ultrapassar todas as dificuldades como tem sido a questão da mão de obra. A falta de mão de obra tem sido terrível, tem nos impedido de fazer muitas coisas, de apresentar a Maia como as pessoas estavam habituadas, sempre limpa e asseada e já não temos conseguido fazer isso, devido a essa falta de mão de obra e tem sido muito difícil. Temos uma grande dificuldade aqui, que é a compra de habitação, que é caríssima mesmo e os governantes deveriam de pensar numa forma de parar um bocadinho a inflação tremenda que vemos no custo das casas. Os nossos jovens não conseguem comprar casa aqui na Maia. Temos muitas casas fechadas para alojamento local, compradas por estrangeiros e depois as pessoas de cá não compram. Portanto, ainda temos muito para fazer e muitas conquistas pela frente.

 

Este executivo tem feito uma grande aposta nas gerações mais novas, porquê?

Nós temos apostado muito nas camadas mais jovens. É verdade que os nossos idosos precisam de muita atenção e acho que eles estão muito bem servidos na Maia, com a Casa do Povo e com a Santa Casa, mas os nossos jovens também precisam de uma resposta, assim como as nossas crianças. Neste contexto, conseguimos fazer dois parques infantis, um aqui e outro na Lombinha da Maia. Também fizemos, com o apoio da Câmara Municipal, fazer a pump track para os jovens que tinham pedido, desde que entrei aqui e nós conseguimos, pois tinha sido um dos projetos aprovados nos nossos orçamentos participativos, que a autarquia resolveu assumir. Conseguimos, a muito custo, também, através de um projeto, requalificar o nosso campo de jogos, que estava muito necessitado, ou seja, nós apostamos muito nesta vertente, que achamos que é muito importante, numa tentativa, também, de que os jovens se fixem na nossa freguesia.

 

A Noite de Pão Quente e Chá ao Luar e sobre a Semana Cultural da Maia, que voltaram a exceder as expectativas nas últimas edições e a atrair milhares de pessoas ao território. A seu ver, de que forma é que estes eventos, que são uma aposta da Junta da Freguesia, promovem, divulgam e engrandecem o nome desta localidade?

A Noite de Pão Quente continua a ser um sucesso e voltou a ser alvo de mais uma aposta nossa. Acho que a maioria das pessoas gostou muito. Na última edição da Semana Cultural, só nos centramos nos jogos de futebol, não fomos mais além, porque tínhamos apostado muito na Noite de Pão Quente, então decidimos fazer uma pausa na Semana Cultural. A Noite de Pão Quente é uma noite que toda a gente conhece e que excede a freguesia e é, realmente, uma noite fantástica que dá muita visibilidade à Maia. Este evento é feito na Zona do Frade, que é lindíssima e as pessoas gostam de passar este serão na freguesia, num ambiente de convívio, com música, pão e chá, e aproveitam para dar uma volta pela Maia e, quem não conhece, tem a oportunidade de conhecer e, quem conhece, tem a oportunidade de revisitar. Portanto, acho que é uma mais-valia para nós, sem dúvida alguma. Para além deste evento, nós realizamos as nossas atividades, como a Semana Cultural, o São Martinho, o Natal e o Dia da Freguesia.

 

O que é que ainda gostava de concretizar, até ao final do seu mandato?

Temos muitas coisas realmente. Uma das coisas pela qual estamos a lutar desde que cá entramos, que pode parecer que não tem importância nenhuma, mas para a Junta de Freguesia é muito relevante, é fazer um armazém para a Junta de Freguesia, porque nós precisamos de um espaço, nosso, para guardarmos as nossas coisas com dignidade. Também temos lutado juntamente com a Câmara Municipal da Ribeira Grande, aliás também já está no projeto deles, a requalificação da Ponte da Gorreana. Para além disso, temos também lutado para criar um arruamento que liga o loteamento de São Pedro até à Rua Professor Daniel de Sá. Temos uma ambição muito grande, mas junto com o Governo que também teria de acarinhar esta ideia, que seria abrir uma estrada desde a ETAR até à Estrada regional, isto não só para abrir uma nova entrada para a freguesia, mas também para criar novos espaços para habitação, para os nossos jovens, para ver, realmente, se o preço das casas baixa e se há a fixação de jovens, pois isso é uma preocupação muito grande, porque temos visto muito jovens a saírem daqui. Também, vamos construir uma Casa Funerária na Lombinha da Maia, que também é uma ambição das pessoas daquela freguesia. Logo, há muitos projetos que ainda gostaríamos de ver realizados, mas temos pouco tempo, como a criação de mais parques de estacionamento e a construção de um novo centro de saúde na freguesia. A verdade é quatro anos passaram a ocorrer e nós não fizemos nem metade daquilo que esperávamos fazer e a Maia tem muito por concretizar ainda.

 

Na sua opinião, ao nível de apostas nas áreas da cultura, do desporto, da educação, da ação social e da saúde, quais foram as maiores apostas implementadas por esta Junta de Freguesia?

Temos aqui entre mãos vários projetos para a habitação de algumas moradias de alguns idosos, que precisam de fazer obras nas suas casas, mas surge a grande dificuldade de mão de obra, mas temos aqui um protocolo com habitação para algumas moradias da freguesia, temos isso entre mãos. Também, temos apostado muito no desporto, na cultura. Apoiámos os escuteiros, o clube de futebol, os Bombomania e todas as instituições, embora, na verdade o apoio seja simbólico, mas para uma Junta é um apoio significativo. Apoiamos as nossas festas. Posso dizer-lhe que fiquei muito contente por os escuteiros, finalmente, terem conseguido uma sede, depois de tantos anos. A Câmara Municipal comprou o edifício e, agora, estão na fase das obras e da remodelação do espaço, mas já foi um passo bastante grande. A Junta pagou os projetos para o edifício, pois sempre tivemos esta preocupação de estar perto das nossas instituições e com os nossos grupos de jovens. Na educação, nós temos apoiado e colaborado sempre muito com a escola, aliás também atribuímos duas bolsas de estudo ao ensino superior. Também, somos uma Eco-Freguesia e temos uma relação de grande proximidade com as pessoas e as instituições.

 

Quais são as suas maiores motivações e inspirações neste percurso autárquico?

Quando vimos para um lugar destes, temos sempre muitas ideias, sonhos e ideais. Eu e o meu executivo, não estamos aqui com políticas, nem politiquices, estamos aqui sempre a pensar no bem da freguesia. O nosso objetivo é o desenvolvimento da Maia. O nosso sonho era dar um bocadinho de nós durante os quatro anos e deixar aqui um bocadinho a nossa marca. O nosso intuito era reforçar aqui espaços para os jovens, para as crianças e acho que a nós conseguimos atingir alguns desses objetivos. Claro que há aqueles maiores que não conseguimos, pois acho que era preciso mais tempo, mas o objetivo é sempre esse, dar um bocadinho de nós à freguesia, dar o nosso melhor e o nosso melhor nós tentamos dar sempre.

 

Qual diria que é a marca que está a deixar na Freguesia da Maia?

Eu não sei se estou a deixar alguma marca, aliás, há dias que eu digo que não estou a deixar a marca nenhuma, mas eu diria que foi o facto de ter conseguido concretizar aqueles pequenos projetos, como os parques infantis e campo de jogos. Também criamos uma estação física ali junto da zona do Frade e criámos a pista de pump track.

 

Então, podemos afirmar que foram quatro anos a pensar nos maienses?

Sem dúvida nenhuma. O objetivo foi sempre esse, pensar nos maienses sempre. Portanto, foi sempre esse o intuito, pensar nas pessoas da Maia, desde a Lombinha até á Gorreana. Também temos aqui essa dificuldade, a nossa freguesia ser muito distante geograficamente, desde a Lombinha à Gorreana e, às vezes, há aqui algum sentimento de exclusão por parte de um ou outra localidade, mas esse nunca foi o nosso objetivo, aliás, nós procuramos sempre dar um bocadinho a cada uma das localidades, embora, realmente, aqui na Maia seja o centro, nós tentamos criar mais união entre as pessoas. Mas, também temos um projeto muito importante para Lombinha, que é o Projeto Calços, em parceria com a Casa do Povo da Maia, com a Câmara Municipal, com o Governo e também com o Museu Carlos Machados, que é muito interessante e, agora, estamos a ver os frutos destes anos todos e as coisas a tomar rumo. Já há muito tempo que temos as queijadas, temos as compotas produzidas por eles, mas, agora, o edifício que fica na Lombinha da Maia, na escola primária, já está a ganhar forma.

 

A seu ver, qual é a importância da continuidade da aposta no projeto Calços da Maia?

Este projeto é realmente é muito importante, porque contribuí para a empregabilidade, dá visão à Freguesia da Maia, utiliza os produtos locais das pessoas da Maia, para produzir os produtos e isso é muito relevante. Eu também acho que este projeto vai dar uma visibilidade maior ao local da Lombinha, porque vai dar vida àquela escola, que não estava a ser utilizada e também acho que vai dar melhor vida àquela localidade, pois vai permitir mais turismo e movimento e só por isso também é uma mais-valia.

 

Mas, também há outros projetos que são desenvolvidos pela Casa do Povo da Maia aos quais a Junta de Freguesia faz questão de se associar.

A Junta e a Casa de Povo têm uma relação muito próxima e somos parceiros em vários projetos.

 

A poucos meses das próximas eleições autárquicas, tenciona recandidatar-se?

Eu aprendi que nunca se pode dizer nunca. Se alguém me perguntasse, há quatro anos atrás, se eu estaria nesse lugar, eu diria nunca. Ainda temos uns meses pela frente, para ponderar, para ver o ponto da situação, depois teremos de decidir se é para avançar ou não, tendo em conta a reação e a expectativa das pessoas.

 

Quais são os seus maiores sonhos para a Maia?

O maior sonho para a Maia é que continue uma freguesia desenvolvida, porque a Maia, como eu já disse, é uma freguesia muito desenvolvida e que as pessoas sejam mais unidas. Eu acho que há um bocadinho de desunião e tem de haver mais união em torno de uma causa. De resto, os sonhos para a Maia são continuar a desenvolver-se, como tem vindo a desenvolver-se estes anos e eu acho que vai no bom caminho.

 

Relativamente ao seu futuro, quais são as expectativas?

A nível profissional, eu sou docente de matemática e a minha expectativa é continuar a exercer bem a minha função. A nível familiar, continuar a dar o meu melhor na minha família e ter muita paz e saúde, que acho que é o mais importante.

 

Qual é a mensagem que gostaria de transmitir?

A mensagem que eu gostaria de transmitir é não desistiram, lutarem sempre pelos seus sonhos. Penso que a união faz a força e que se as pessoas forem mais unidas, as coisas tornam-se mais fáceis e que haja mais paz e mais compreensão entre todos. Acho que falta muita compreensão, pois as pessoas são muito exigentes e, às vezes, são pouco compreensíveis.

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