“QUEM TUDO QUER, TUDO PERDE!”

A pitoresca freguesia da Maia, onde a tranquilidade impera e a beleza natural reina, é um dos locais mais sublimes da nossa ilha. Por altura do verão, esta freguesia, como muitas outras, enche-se de pessoas, ora turistas, ora familiares e amigos de quem lá vive, dando ainda mais vida às suas ruas.

Entre os locais mais procurados, temos as piscinas naturais do Frade e o Calhau d’Areia. Ambas são zonas balneares de excelência e muito frequentadas nesta época do ano.

Também eu tive o prazer de ir aos banhos naqueles locais e até de fazer os magníficos trilhos pedestres que a Maia oferece. Porém, foi com espanto que constatei que o Snack-Bar da zona balnear do Calhau d’Areia permaneceu de portas fechadas, quando tinha a informação de que havia sido lançado um concurso para a concessão do direito de exploração do mesmo. Aliás, o espanto não foi só meu. Em qualquer outro ponto da ilha ou fora desta, nunca seria desperdiçada uma oportunidade de se agarrar um negócio desta natureza, que tem garantia de retorno, caso não se caia na exuberância dos valores a pagar pelo direito de exploração. Em busca de resposta, percebi e partilho a razão com todos aqueles que não compreendem o porquê de tal ter acontecido, tal como eu também não compreendi no início.

A entidade adjudicante, entenda-se a Junta de Freguesia da Maia, lançou o concurso para a concessão do direito de exploração do Snack-Bar em questão, por um prazo de quatro anos, com um valor de renda anual de 9.600 euros, sendo que, de maio a outubro, o valor seria de 1000 euros mensais de renda, sendo reduzido para 600 entre novembro e abril. Para além disso, para se garantir a celebração do contrato, havia um valor de caução equivalente a 6 meses de renda, referente ao valor mais alto praticado, perfazendo um total de 6000 euros. Bem, julgo que são euros a mais para quem quer investir num negócio que é afetado pela sazonalidade. Conheço situações de espaços similares que pagam um terço da renda que era pedido por este.

Face à expectável ausência de candidatos, a Junta de Freguesia alterou a sua estratégia. Passou a convite – ajuste direto para adjudicação da concessão do direito de exploração do espaço. Houve uma redução gigantesca no montante da renda – passou a 400 euros mensais. Parece ter havido algum convite direto, mas desconheço, em pormenor, a narrativa que se seguiu (ou prefiro não a contar). Uma coisa é certa, até há pouco tempo, a Junta dizia que a economia da Maia estava a ser estrangulada devido aos acessos e agora não foi capaz de desenvolver esta oportunidade de negócio.

Parece clara e inequivocamente uma má gestão e uma tentativa de arrecadar dinheiro fácil.

Nesta situação aplica-se bem o provérbio “Quem tudo quer, tudo perde”.