Praticamente um mês depois das eleições regionais, finalmente foi apresentado o “novo” elenco do XIII Governo Regional dos Açores.
Em bom rigor, de novo e de renovação este executivo aparenta ter pouco, muito pouco, apesar do seu líder, Bolieiro, dizer que este será um “Governo Transformista” (confesso que ainda não compreendi o verdadeiro alcance do “governo transformista”).
É que quando verificamos os nomes, as idades e o histórico dos membros deste novo executivo, há pelo menos três aspetos que se destacam:
1 – a ligação ao século passado, aos governos do PSD de Mota Amaral;
2 – a grande dimensão do novo elenco governativo;
3 – e o incumprimento de promessas feitas, mesmo ainda antes de começar a governar.
Em primeiro lugar, constatamos que algumas das personalidades indicadas já fizeram parte dos governos do PSD, da década de 90, do século passado, o que contraria a tão apregoada tese de renovação política.
Bolieiro prometeu uma renovação, mas apresentou-nos uma mera repetição, com os “velhos do Restelo”, que diziam que a Região precisava de uma renovação política, a regressar agora à “cadeira do poder, mais de vinte e quatro anos depois.
Além de trazer pouca, ou nenhuma, renovação e de, aparentemente, não confiar muito nas mulheres (qual paridade?) e nos jovens (qual juventude?), este é já um dos maiores governos dos últimos anos.
Mesmo com um total de treze secretarias, incluindo a Presidência e a Vice-Presidência, não houve vontade, ou visão, em criar a tão desejada Secretaria da Economia e a tão necessária Secretaria da Inclusão Social.
Igualmente relevante é o facto do PSD de Bolieiro, apoiado pelas forças da direita radical e liberal, ter prometido e acordado, por escrito, reduzir o peso do Estado na sociedade e na economia, para depois, logo no seu primeiro ato público, mostrar que, afinal, palavra dada, não é palavra honrada.
Dito de outra forma, isso significa que os acordos da Direita serviram apenas para retirar o Partido Socialista da Governação e não são propriamente para cumprir.
Até porque, quer o PSD, quer o seu parceiro de coligação, o Chega, usaram o combate à corrupção, como uma das grandes bandeiras da campanha eleitoral, tendo até acordado, por escrito, a criação de um “Gabinete Regional de Luta Contra a Corrupção”.
Mas para surpresa de todos, constatamos agora que Duarte Freitas, o mesmo que é arguido por suspeitas de financiamento partidário ilegal, será um dos novos Secretários Regionais.
É verdade que todos os arguidos têm direito à presunção de inocência, mas será que não havia mais nenhum “amigo” disponível para desempenhar tão nobre missão? E o que dirá disso a tão falada sociedade civil? Será que a geração mais qualificada de sempre não tem, afinal, lugar neste Governo Regional? São perguntas que ficam por responder.
Os primeiros sinais deste elenco governativo são preocupantes e revelam, já, alguma dificuldade em atrair “novos talentos” para a Política Açoriana.
Para bem dos Açores e dos Açorianos, espero estar enganado nesta avaliação.
Para bem da nossa Região, espero que o Governo “Transformista”, segundo Bolieiro, seja mais célere a apresentar o seu programa de governo, do que demorou para apresentar os responsáveis pelo nosso destino, nos próximos tempos.
Para bem da nossa Terra, desejo que este novo governo tenha a coragem e a competência para resolver os problemas dos Açorianos e não se esconda atrás de desculpas e incapacidades.