O verão é sinónimo de férias e descontração, no entanto, o aumento da intensidade e exposição à radiação ultravioleta (UV) requer cuidados de saúde redobrados. Em doses baixas, a radiação UV tem efeitos benéficos por conduzir à produção de vitamina D, essencial para a fixação de cálcio nos ossos, por exemplo. A exposição à luminosidade em espaços abertos tem efeitos preventivos na incidência e desenvolvimento da miopia. Contudo, a exposição direta e prolongada à radiação solar, incluindo a UV, tem efeitos nocivos tanto para a pele como para os olhos e anexos oculares.
A exposição à radiação UV está associada ao desenvolvimento de alterações oculares que dependem da duração e intensidade da exposição. A exposição curta e intensa pode causar foto queratite, pterígio, pinguécula.
A queratite é uma inflamação da córnea, normalmente aguda quando causada pela radiação UV, que pode ser acompanhada de alguma hiperémia conjuntival, vulgo olho vermelho.
A pinguécula e o pterígio são alterações da conjuntiva bulbar, sito na parte branca externa e visível a olho nu do globo ocular, de cor amarelada que podem estar vascularizadas, apresentando crescimento e comprometendo a visão, ou podem ser avascularizadas, sem crescimento nem envolvimento da córnea e da visão, para além do aspeto estético, não necessitando de tratamento. No caso do pterígio, é tratável através de procedimento cirúrgico.
A exposição prolongada à radiação UV está associada ao desenvolvimento de catarata e degeneração macular. A catarata é o nome dado à condição ocular caraterizada pela apresentação de opacidades no cristalino, a lente que está por detrás da pupila. A degeneração macular é uma alteração degenerativa da retina afetando a mácula, zona da retina com um poder de resolução de imagem mais elevado. Ambas as condições são causa de cegueira, sendo que a catarata tem tratamento cirúrgico simples e eficaz. A degeneração macular, dependendo do tipo, ou tem tratamento para atrasar a progressão ou pode não ser tratável de todo, comprometendo significativamente a visão em ambos os casos.
Portanto, proteger os olhos é essencial, devendo esta prática ter início na infância.
Uma das formas mais comuns de proteger os olhos da radiação ultravioleta é a utilização de óculos de sol, no entanto, há certos requisitos que os mesmos devem ter, tais como: bloquear entre 99 a 100 % da radiação UVA e UVB; filtrar entre 75 a 90 % da luz; não ter qualquer distorção ou imperfeição; e ter lentes que permitam um reconhecimento de cor apropriado. De notar que o nível de filtragem da luz não tem qualquer relação com a filtragem de radiação invisível ao olho humano, como é o caso da radiação UV. Por este motivo, é essencial o aconselhamento e apoio técnico na avaliação do que as lentes possam conter, os filtros pretendidos, o nível de escurecimento adequado à situação pretendida, entre outras especificações técnicas como a resistência física e química. Recorde-se de que um óculo de sol é equipamento de proteção individual e que deve cumprir normas de qualidade, como garantia de segurança e eficácia para a sua função.
Além disso, há outras formas de proteger a saúde da visão, como a utilização de um chapéu de sol com abas largas; utilização de óculos de sol mesmo quando se usam lentes de contacto com proteção UV; evitar a luz solar nos períodos do dia maior intensidade solar; e consultar anualmente o optometrista é fundamental.
A Organização Mundial de Saúde lança o SunSmart Global UV App para IOs e Android para sensibilizar e ajudar a proteger dos perigos da radiação solar, em particular a pele e os olhos. A aplicação indica o nível do Índice UV para os próximos 5 dias, de um até onze. A partir de um valor de três, as atividades ao ar livre devem ser adaptadas à necessidade de proteção dos olhos e da pele.
Estes hábitos e práticas promovem a saúde da visão e previnem deficiência visual e cegueira. Devem ser implementados durante todo o ano, com principal atenção durante a época do verão, no caso de Portugal. Nesta altura, tenha cuidados redobrados com os seus olhos.