Segundo Stephen Convey “se a escada não estiver encostada à parede certa, cada degrau que subimos é mais um passo em direção ao lugar errado”. Algo reforçado ao Jornal Diário Insular no 19/06/2023, pelo treinador da equipa principal de Basquetebol do Lusitânia Nuno Barroso e já tinha sido transmitido no Programa Desporto Açores, pelos diferentes interlocutores. Nuno Barroso referiu só é possível atingir níveis elevados de rendimentos e outros patamares competitivos se”conseguiram colocar os seus jovens locais perante um nível de exigência de treino diferente, obrigando-os a serem postos à prova todos os dias e, ao mesmo tempo, ofereceu-lhes um quadro competitivo capaz de os fazer os fazer evoluir…jogando”. 1) De referir que não é o único com esta opinião. Enquadro-me naqueles que vêem a situação atual da formação regional, como se de uma escada subissem para atingir um local incerto ou subissem com a sensação que não saíram do lugar. E como ficam os jovens atletas açorianos nesta subida facciosa?
Podemos referir com base informações que retirei na partilha de conhecimentos no Programa Desporto Açores e na recolha de informação disponível, que vários intervenientes referem sobre a enorme diferença do nível competitivo entre os Açores e outras áreas geográficas de Portugal. Juntando a isto, salientam que a tendência não está em diminuir, mas sim a aumentar. Evidenciando sim, que com isto, acrescem as dificuldades no tempo e no desgaste, consequência das constantes viagens. Embora existam vantagens para os atletas no aumento da capacidade de resiliência face a estas dificuldades acrescidas, no entanto são “degraus de areia” que retém os atletas no seu desenvolvimento. Sendo “a parede errada”, a baixa competição e competitividade que têm, os recursos que não possuem, são as consequências a longo prazo os pleonasmos “subir para baixo” ou “retornar de novo”. Mas o discurso corrente enquadra-se na afirmação do General Isidro Morais “raramente se diz o que se pensa e se faz aquilo que se diz” ou seja continuamos na mesma e o “status quo” mantém-se. 2) Ao reunir todas estas opiniões e afirmações, mais os resultados obtidos, cheguei a duas facções:
Primeira: Os atletas jovens açorianos viverão esporadicamente de projectos criativos, arrojados, articulados, fundamentados e eficientes para atingir resultados crescentes e alcançar altos níveis de rendimentos. Estando a falar desde o nível europeu, nos desportos colectivos até um projeto olímpico a nível individual.
Face a isto, temos uma oportunidade positiva entre os desportos individuais e coletivos nos Açores, devido à necessidade de outros tipos de recursos envolventes. Mas mesmo assim, verificamos que essas vantagens se diluem, quando pretendem atingir outros patamares, sejam os desportos individuais ou coletivos, face ao baixo investimento, como a escassez de recursos, a todos os níveis. 3)
Segunda: O padrão e quadro competitivo tem sido estanque e repetitivo, com maior agravamento nas modalidades colectivas que individuais. Vejamos, se passarmos dos condicionalismos das infra estruturas, seja nas modalidades individuais da Natação ou nos Desportos Combates, seguimos para os problemas competitivos com emagrecimento das equipas na competição de ilha, por exemplo, nas modalidades de andebol, basquetebol e futebol. Mesmo que a nível internacional, se salve as modalidades de desporto adaptado na RAA, outras estão em discussão há muito tempo. Vejamos o futebol, que numa das publicações do ilustre Jornalista José Silva, no Açoriano Oriental, com a análise das seleções açorianas de futebol durante dez edições do conceituado torneio de interassociações Lopes da Silva ou a espera de 39 anos para chegar à Primeira Divisão Nacional Sub19, uma equipa açoriana (neste caso o meritório SC Lusitânia), verifica-se a estagnação do nível rendimento apresentado. Constata-se que as futuras gerações seguem este padrão dormente, no caso do futebol o melhor resultado da edição deste ano, do Torneio Lopes da Silva, foi um 15º lugar da AF Ponta Delgada em 22 seleções, com 10 golos sofridos e 2 marcados, sendo das outras duas Associações açorianas averbaram somente derrotas e um golo. Fica de positivo o aumento de clubes certificados ou o destaque nacional de um ou outro jovens atleta ou pontualmente boas classificações em torneios juvenis, no entanto não se está a refletir no crescimento da qualidade desportiva da Região. Face a isto, é claro no desporto regional que, ou fugazmente aparece uma geração de ouro, ou um aventureiro de qualidade, ou a sua base será de muito dúctil. 4)
Segundo no mesmo artigo do Treinador Nuno Barroso, o não mudar nada na Região, condicionará, e muito, o desenvolvimento dos jovens atletas nos Açores. Sendo que os jovens atletas açorianos, “precisam então, dos mesmos enquadramentos e das mesmas oportunidades, como existem noutras paragens em Portugal”. 1) Para que a possibilidade que os mesmos atinjam os seus sonhos desportivos e que os jovens atletas dos Açores possam voar em patamares mais elevados, honrando a Região e o País, serão necessários projetos consolidados, com estrutura, dinâmica e competência para os elevar, só assim será mais plausível e mais próximo do Alto rendimento, caso contrário, o recurso financeiro esconderá, com prazo de validade, o fraco processo. Ou o mesmo processo terá um sucesso esporádico e/ou moroso. 5) O jovem desportista açoriano não pretende ser o personagem Rafael Medeiros, da série netflix “Rabo de Peixe”, que se regozija por ter sido quase uma promessa e reconhecido pelo feito na sua localidade, de ter marcado um golo ao Benfica, enquanto jovem jogador. É pouco para tanto potencial. 6)
Caso não exista coragem, clarividência, congruência e planeamento, a implementação de uma estratégia desportiva de crescimento e de alto rendimento na Região, ficará aquém do exigido para engrandecer o povo e o símbolo Açoriano. Temos de ver como fazem nos exemplos de sucesso e perceber e contextualizar esses processos, de forma que façam evoluir os nossos intervenientes. Pois caso contrário, se não treinem estes processos, não arranjem “queixumes” para justificarem a sua paragem no tempo ou pior, a sua resignação, relativamente ao que se passa na evolução desportiva regional, comparativamente ao restante país.
1) Entrevista a Nuno Barroso. Diário Insular. 19 Junho 2023.
2) https://www.youtube.com/
3) /www.ciberacores.pt/o-
4) https://afhorta.fpf.pt/
5) https://www.record.pt/
6) https://rr.sapo.pt/