Decorreu na passada segunda-feira um debate entre alguns dos candidatos à Câmara Municipal de Matosinhos, com a ausência do Bloco de Esquerda.
Antes de tudo, não deixa de ser caricata a escolha do canal televisivo no pontapé de saída dos debates autárquicos.
Confesso ter alguma curiosidade sobre quais os próximos concelhos a ter este tipo de cobertura.
A escolha de Matosinhos, pelo cariz polémico, do canal televisivo não me admira: a odisseia Matosinhense da Rosa Socialista, como boa telenovela é uma excelente garantia de audiências.
No entanto, uma vez que foi convidado o candidato do PSD, Dr. Jorge Magalhães, por momentos pensei que seria debatido o essencial, os problemas do concelho e o futuro do mesmo.
Entretanto, de salientar a pressão executada para ser também convidado para o debate o vereador do PCP, que fora deixado de fora pelo canal televisivo, tal como o Bloco de Esquerda.
Parece-me que, face às perguntas colocadas e ao percurso que a moderadora incutiu no debate com ares de telenovela, mais valia terem apenas convidado Narciso Miranda, Luísa Salgueiro e António Parada.
O debate foi pobre em ideias e claramente concentrado nestes três candidatos e nas suas guerras.
Saiu, na minha opinião, claramente “vencedor” Narciso Miranda, revelando que o animal político e “Senhor de Matosinhos” continuam bem vivos dentro de si.
A sua preparação, visão e conhecimento sobre e para o concelho não é, claramente, assunto apenas do passado.
Foi agressivamente atacado por todos os presentes com a excepção do candidato do PSD cuja postura se manteve serena, direcionando o debate para as problemáticas do concelho, como a mobilidade, nas parcas oportunidades que teve de intervenção.
Manteve-se sereno, assistindo à barracada montada pelos restantes presentes em ataque a Narciso Miranda e que em nada serve o concelho e os Matosinhenses.
Vimos ironia e sorrisos a mais, num debate dirigido ao público e, em especial, a eleitores que mereciam, sem dúvida, mais respeito.
Li, nalgumas reacções a este debate, críticas à incapacidade de comunicação de Jorge Magalhães que começou bem por dizer que não era político, mas sim alguém que está na política para a servir com a sua experiência.
Vivemos um tempo em que necessitamos, sem dúvida, mais de fazedores que propriamente de apenas excelentes comunicadores…
Necessitamos de bons decisores e fazendo a devida justiça ao PSD, que infelizmente tem uma voz apagada no concelho há décadas, a candidatura apresenta propostas de imenso valor que ficam imensas vezes no caminho por todas estas barreiras de comunicação que as guerras socialistas abrem e dispersam atenções num eleitorado viciado e fechado, há décadas, por esta cor política em Matosinhos.
O futuro faz-se ampliando horizontes e dando atenção às propostas e ideias de todos, sem excepção.
É a diversidade que invoca a evolução.
Matosinhos deveria ter a capacidade de, ao invés de criticar X ou Y pessoa pela cor política, avaliar X ou Y ideia que traz para o concelho.
A política autárquica é uma política de proximidade.
Mais do que cores, devemos saber olhar sem dogmas para quem nos quer representar, através das ideias e não das bandeiras ideológicas que, infelizmente, já dificilmente caracterizam X ou Y cor política em Portugal, em alguns dos casos.
Voltando ao debate, foi extremamente caricato dentro da discussão da problemática da mobilidade e nas poucas outras abordadas, verificar as acusações do Vereador da CDU, José Pedro Rodrigues, de António Parada e Luísa Salgueiro a Narciso Miranda que não desempenha funções na Câmara há uma década sensivelmente, ao contrário destes três intervenientes, dois deles, eleitos vereadores nas últimas eleições autárquicas, logo, responsáveis pela não resolução de uma série de problemas do concelho.
Falo de António Parada e José Pedro Rodrigues que têm claras responsabilidades nos problemas que apontaram no debate como a desertificação da Rua Brito Capelo e a ausência do comércio local, os problemas de mobilidade, a parca aposta no turismo, a falta de emprego e de condições para os jovens se fixarem no concelho.
Outro aspecto caricato recai no Vereador da CDU, quando questionado se é a favor das grandes superfícies comerciais. Eu esperava um ataque inexistente ao capitalismo, como bom comunista que seguramente é, mas tal não aconteceu.
Por vezes bate a saudade de ver nestas coisas o bom comunista de camisa arregaçada, sem fatinho, a defender convictamente as suas utopias, no fundo a gente do “povo” pura e dura como aliás tanto gostam de apregoar que são.
Creio que este debate nos mostrou que provavelmente o eleitorado voltará a colocar Matosinhos no mapa, como no passado, espero que com o apoio e as propostas de quem está em Matosinhos, ainda que sem a merecida voz, a trabalhar ideias e projectos para o avanço do mesmo…