Não é tradição por estas parte do país, mas pela primeira vez a ilha do Pico acolheu um encontro de gaiteiros. Não só mais um, mas um encontro em que mostra a conexão deste instrumento à cultura montanhosa, assim enquadrando na programação do Montanha Pico Festival.
Apesar de dispersas pelos quatro cantos do mundo, através das naus e caravelas, a gaita de foles começou por ser um instrumento de montanha.
Deste primeiro encontro em que participaram artistas da Escócia, França, Portugal Continental e Açores nasceu o projecto de Pipe Camp. O grupo participante decidiu que a ilha do Pico seria o cenário idílico para uma semana de workshops, showcases, conferência e concertos, assim dando à luz a mais um projeto MiratecArts, em parceria com Gaitamaker.com do Porto.
“A gaita de foles é um instrumento que resistiu à extinção nas regiões mais remotas, lugares mais difíceis de se chegar, em particular zonas montanhosas,” diz Gonçalo Cruz, mais conhecido pelo projecto gaitamaker em Portugal. Por outro lado “…devido aos materiais para a sua construção era necessário haver rebanhos e pastores por perto, que habitam na montanhas e zonas rurais.”
“Claramente um instrumento de montanha,” adicionou Jorge Lavouras da Associação Tradições, grupo Urro das Marés de São Miguel, e participante no encontro. “Estamos disponíveis para participar e ajudar no desenvolvimento deste projecto, a partir daqui, da montanha mais alta de Portugal, para fomentar a divulgação do instrumento nos Açores.”
Para encerrar o programa deste primeiro encontro de gaitas de foles no Pico, o grupo aventurou-se a escalar a montanha mais alta de Portugal. Com o apoio do guia de montanha Renato Goulart, gaiteiro Ross OC Jennings conseguiu seu objetivo de tocar a gaita de foles escocesa no piquinho do Pico, a 2351m de altitude. A empresa de animação Épico liderou mais de 40 participantes, incluindo gaiteiros, nesta subida musical. Nem todos conseguiram chegar ao cimo devido à neve, mas estavam contentes por fazerem parte do primeiro evento que tem muitas potencialidades, não só através da arte e educação, mas também como uma ferramenta de chamamento turístico para a região autónoma dos Açores.