O HOMEM DO CORAÇÃO DE FERRO E O CAPITÃO

Dois filmes para compreender ainda a II guerra Mundial e o fenómeno do Nazismo estrearam num breve intervalo de menos de um ano, eles são; O Homem do Coração de Ferro e O Capitão (Der Hauptman).

O primeiro deles relata numa breve biografia a ascensão meteórica de Reinhard Heydrich, até se tornar um dos principais líderes do regime Nazi, foi tão furiosa e implacável quanto os horrores que infligiu aos povos europeus antes e durante a Segunda Guerra Mundial. Iniciado na ideologia Nazi pela sua esposa, Lina, uma aristocrata que o acompanhou durante a ascensão ao poder, Heydrich foi o principal arquiteto da “Solução Final” e de uma força imparável.

Reinhard Tristan Eugen Heydrich (1904 -1942) foi um oficial alemão um dos principais arquitetos do Holocausto. Tinha a patente de SS, Líder de Grupo Sénior e Chefe da Polícia, e também foi Protrector da Boémia e Morávia, regiões que hoje são parte da República Checa. Muitos historiadores descrevem-no como uma das figuras mais sombrias da elite nazi; Hitler descreveu-o como “o homem com coração de ferro”.

Quando chegou a Praga Heydrich procurou eliminar a oposição à ocupação nazi suprimindo a cultura checa e deportando e executando os membros da resistência. Foi diretamente responsável pelos grupos de intervenção especiais que assassinaram mais de dois milhões de pessoas, incluindo 1,3 milhões de judeus, através de execuções em massa e gaseamentos. Foi alvo de um atentado em Praga no dia 27 de Maio de 1942 por uma equipa de soldados checos e eslovacos treinados pelos britânicos, morreu uma semana depois dos ferimentos sofridos. Os serviços de informação falsearam as ligações dos assassinos às vilas de Lídice e Lezaky.

Lídice foi completamente destruída; todos os homens e crianças acima dos 16 anos de idade foram executados, e quase todas as crianças foram enviadas para campos de concentração nazis. O seu pai foi Richard Bruno Heydrich (1865 – 1938) um cantante e compositor de ópera, no final da fita a personagem central lembra uma romanza do seu pai. A Alemanha culta sucumbida pela Alemanha bárbara.

O outro filme ao qual nos referíamos é o Capitão realização de Robert Schwentke interpretado por Max Hubacher no rol principal. 1945 A chegada dos Aliados a Europa e o fim da 2ª guerra, com a proximidade das tropas aliadas vários soldados alemães, conscientes da derrota, optam por desertar, entre eles Willi Herold (o nosso protagonista) que na sua fuga, encontra um automóvel abandonado, uma mala e um uniforme de capitão.

Quando veste o uniforme assume a personagem que este representa. Possuído de um poder e estatuto hierárquico reúne um grupo de desertores, que o seguem sem discutir sequer a legitimidade de execuções, assassinatos e saques praticados pela trupe pelos lugares por onde passa.

No dia 12 de abril de 1945, este jovem, com apenas 19 anos, entra no campo de prisioneiros do norte da Alemanha, Aschendorfermoor, perto da fronteira com a Holanda, onde estão prisioneiros milhares de trabalhadores forçados: desertores e diz com voz confiante: “O Führer pessoalmente deu-me poderes ilimitados”. Os guardas de segurança local acreditam nele, para eles, é um sinal de esperança numa época em que as formações britânicas de bombardeiros a caminho de Bremen ou Hannover sobrevoam e avançam cada vez.

Em poucos dias, 172 prisioneiros morreram, executados por armas de fogo, por granadas de mão e enterrados em valas comuns que eles mesmo tiveram que cavar. Willi Herold nasceu em 1925 em Lunzenau, perto de Chemnitz. Pouco sabemos sobre sua infância, ao parecer foi banido da Juventude Hitleriana, quando fez 18 anos no outono de 1943, foi convocado e recebe treinamento básico como para-quedista.

Mais tarde lutou na Itália, entre outras batalhas na de Montecassino . Metáfora, se possível aplicar esta expressão, dos últimos dias do III Reich quando a loucura da eminente derrota conduz a comportamentos irracionais. De lembrar o filme A Ponte (Die Brücke, filme alemão de 1959 realizado por Bernhard Wicki) cujo argumento recordamos;” Segunda Guerra Mundial, 1945.

Um grupo de jovens alemães, que até então acompanhavam a guerra de suas casas por não terem idade para se alistar, são finalmente designados para proteger uma ponte que leva à pequena cidade onde vivem. Mesmo considerado pelo comando alemão como sendo de relevância estratégica “0”, eles estão armados e entusiasmados com a “nobre” missão.

Dever e honra são questionados quando o único adulto responsável por eles deserta na noite anterior à chegada das tropas americanas”. Apesar do sacrifício humano inútil a Ponte será destruída arrastrando consigo o sacrifício de uma juventude e uma Nação.