Os sacerdotes, os educadores, os políticos, os cientistas, os filósofos, os analfabetos, os eruditos, todos, enfim, devem aprender a lição da humildade de espírito diante da Verdade e do Amor Fraterno, sem os quais não poderemos crescer em conhecimento, que é ilimitado.
Jesus, o Cristo Ecuménico, o Sublime Estadista, rendeu glórias a tal virtude — a simplicidade da Alma —, capaz de nos fazer acessar o Infinito Conhecimento, que emana de Deus: “Graças Te dou, ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e doutores do mundo e as revelaste aos pequeninos” (Evangelho, segundo Mateus, 11:25).
Heráclito de Éfeso, nascido no sexto século a.C., foi um filósofo pré-socrático grego, considerado o “pai da dialética” e membro da aristocracia de sua cidade — na qual, segundo a tradição, morreu João, Evangelista e Profeta, quase centenário. O pensador helénico assim preconizava: “Tudo flui, nada permanece. Não podemos entrar duas vezes no mesmo rio, pois suas águas não são mais as mesmas e nós não somos mais os mesmos”.
Realmente, assim o é, porque as águas do saber não distinguem fronteiras e transformam todos aqueles que têm coragem de beber de sua fonte. Contudo, quem a ela recorre jamais poderá prescindir da Ética para que não a torne em antissaber, isto é, o emprego criminoso da informação e do conhecimento, que ainda tanto se pratica na Terra.
Teresa Neumann e os estigmas
Quem verdadeiramente se dispõe à humildade perante a Sabedoria liberta-se das limitações da arrogância. Um cientista realmente sábio jamais se negaria à análise, sem parti pris, isto é, sem ideia preconcebida, de um fenómeno como o de Teresa Neumann (1898-1962), livre da presunção de tentar, de início, reduzir o caso a uma questão de histeria. Como ignorar os fatos ocorridos com essa extraordinária mulher que, até a sua morte em 1962, foi alvo de surpreendentes manifestações espirituais? Conhecidos como estigmas — cicatrizes que correspondem às cinco chagas que marcaram o corpo de Jesus após a crucificação —, estes stigmatas começaram a surgir na Sexta-feira Santa de 5 de março de 1926 e se repetiam a cada ano na mesma data sagrada.
Teresa Neumann nasceu em 9 de abril de 1898, em Konnersreuth, Baviera, hoje um dos dezesseis estados federais da Alemanha. Foi acompanhada por um grupo de cientistas e pesquisadores, que tentou, de todas as formas, explicar o prodígio. Segundo alguns relatos, a partir do Natal de 1922, deixou de se alimentar com comida sólida e, exatamente quatro anos depois, também abandonou os líquidos, se restringindo apenas a um gole de água por dia, embora mantivesse seus 55 quilos. O dr. Ludovico Kannmüller escreveu no jornal Del Danubio: “A ciência não pode explicar o jejum da estigmatizada de Konnersreuth”.
Os médicos mais famosos da época tentaram achar justificativas para o seu jejum, mas se renderam às evidências do ainda considerado sobrenatural.
Teresa reviveu centenas de vezes, sob a forma de visão, cenas da caminhada do Calvário à Crucificação de Jesus, ao passo que presenciou também as inesquecíveis prédicas do Mestre de Nazaré ao povo humilde e sofredor, além de marcantes acontecimentos descritos no Novo Testamento.
A escritora francesa Paulette Leblanc, em artigo, acrescenta: “Durante trinta e cinco anos, para além das terríveis visões da Paixão de Jesus Cristo, teve a graça de contemplar a vida de Jesus sobre a Terra, e os Seus milagres. Viu o país onde Ele viveu, trabalhou e viajou, bem como as pessoas que O cercavam; conheceu os Seus costumes e ouviu-O falar na sua língua: o aramaico. Viveu cenas da viagem dos Reis Magos, o massacre dos Inocentes, a fuga para o Egito, a vida em Nazaré e a maior parte dos episódios da vida pública. Teresa contemplou também numerosas cenas da vida de Maria após a ressurreição de Seu Filho, nomeadamente em Éfeso, com S. João, seguidamente em Jerusalém, donde foi elevada ao Céu. Assistiu ainda à lapidação de Santo Estêvão e foi testemunha da pregação e do martírio dos Apóstolos e de numerosos Santos”.
Outro fator que mereceu a atenção de investigadores foi a sua capacidade de falar vários idiomas durante os transes mediúnicos: sendo uma jovem que fora obrigada a deixar cedo os estudos, tendo somente concluído a escola obrigatória, de que maneira dominava com tanta correção o grego, o latim, o francês e, pasmem, o aramaico? São ocorrências confirmadas pelo professor de filologia semítica Johannes Bauer, pelo orientalista e papirólogo vienense prof. dr. Wessely e pelo arcebispo católico de Ernakulam na Índia, dr. Joseph Parecatill. Os três concordavam que Teresa se exprimia na língua falada na Palestina ao tempo do Cristo.