No decorrer do mês de Julho, o dito mês de ansiedade, em que o coração dos portugueses espalhados pelo mundo (Emigrantes) começa a bater mais forte e as suas emoções começam a manifestar-se, emoções essas que fazem com que fiquem mais incompreensíveis e intoleráveis. As conversas de café, como todos os anos são sempre as mesmas, tipo “vira o disco e toca o mesmo”, “Quando vais de férias?”, “Vais de carro ou de avião?”, “Para onde vais e por quanto tempo?” e o normal lamento de trabalharem 11 meses e só conseguirem o merecido descanso de um mês, mês que passa a correr. Para aqueles que podem tirar parte das férias no Natal é muito bom, mas para quem não o pode fazer o mês de Agosto é considerado como o final do ano (Dezembro) sendo o mês de Setembro considerado o início do novo ano (Janeiro).
Quem vive esta dura vida, longe do país, família e amigos vive com um constante aperto na garganta e no coração, porque os nossos em Portugal não fazem ideia da dor psicológica que sentimos, dor inexplicável que só passando por ela se consegue valorizar.
Quando chegamos ao nosso país de origem somos recebidos como emigrantes, mas para nós esse tratamento não é justo, até porque pertencemos a este maravilhoso país, apenas partimos à procura de melhores condições de vida que cá não estávamos a conseguir alcançar.
Quando chegamos ao nosso país de férias é normal que andemos bem vestidos, afinal estamos de férias, o que não é nada normal é as pessoas acharem que andamos assim o ano inteiro no país em que estamos a viver, mas, não é isso que acontece, andamos sempre numa correria constante, saímos de casa de noite e voltamos a entrar de noite, até porque parte desse tempo passamos nos transportes.
As mulheres desempenham um papel muito importante, trabalham muitas horas e a maioria nas limpezas. Um dia de correria de um lado para o outro para conseguirem atender a várias patroas e depois, no final do dia chegam a casa e ainda têm todas as suas tarefas domésticas para fazer, fazerem o jantar e ao mesmo tempo preparar o almoço para os maridos levarem marmita no dia seguinte para o trabalho, entre outras. E existe uma particularidade que pouca gente sabe, muitas delas conseguem receber um ordenado maior do que o dos maridos.
Mas tudo isto que relatei sobre as dificuldades, adversidades e muito mais, o lindo mês de Agosto no nosso país faz esquecer tudo isto e nos ajuda a carregar baterias para o novo ano que se avizinha.
Mas nem tudo é mau, até porque agora existem as novas tecnologias com as mais diversas plataformas que nos ajudam a matar as saudades do nosso país e dos nossos entes queridos, assim como as condições em que vivemos são bem diferentes dos nossos antepassados, que saíam do país a salto quando conseguiam, vivendo em barracas sem quaisquer condições, sem luz, sem água potável e sem qualquer tipo de conforto. A estes sim devemos tirar o chapéu por terem vivido momentos muito difíceis e sem qualquer tipo de facilidade de contato com os seus.
BOAS FÉRIAS!!! BOA VIAGEM!!! BOM REGRESSO!!!