A Junta de Freguesia de Campanhã assinalou os 49 anos da Revolução dos Cravos com as habituais cerimónias. Após o hastear das bandeiras na sede da Junta, seguiu-se uma romagem ao cemitério, que culminou com a realização de uma sessão solene, no Auditório da localidade. Na ocasião, o autarca campanhense, Paulo Ribeiro, não escondeu a sua vontade de elevar o território, ao patamar que considera justo.
A Junta de Freguesia de Campanhã voltou a celebrar o aniversário do 25 de Abril, como tem sido habitual. As comemorações foram inauguradas com o hastear das bandeiras, no edifício-sede da edilidade campanhense, a par da atuação da Fanfarra de Vilar de Andorinho. Seguidamente, decorreu a simbólica largada de pombos, na Praça da Corujeira, que contou com a colaboração da Sociedade Columbófila da Invicta. Posteriormente, os edis, representantes de entidades civis e a população rumaram ao cemitério, onde depositaram duas coroas de flores, em memória dos autarcas e democratas falecidos, assim como dos combatentes, que deram a vida na Guerra do Ultramar.
As solenidades terminaram no Auditório da localidade, com a tradicional sessão solene, que contou com as intervenções políticas dos eleitos locais, homenagens a figuras ilustres da freguesia e da cidade e um recital de música, que foi protagonizado pelo saxofonista Bruno Soares, tendo terminado com um porto de honra, servido pelos alunos da EBS do Cerco do Porto.
O momento dos discursos foi inaugurado por Rodrigo Oliveira, presidente da Assembleia de Freguesia de Campanhã, que fez questão de ressaltar que “comemorar o 25 de Abril numa localidade como a nossa, repleta de história democrática, com pessoas trabalhadoras, que participam naquilo que é essencial, com um movimento associativo ímpar na cidade do Porto, é muito relevante”, garantindo que “é importante continuarmos a defender o Dia da Liberdade”.
Neste seguimento, também Nuno Carvalho, representante do Chega, foi convidado a intervir, lembrando, na ocasião, “um momento marcante na história de Portugal, que trouxe diversas alterações ao nível da liberdade de expressão, da liberdade de imprensa e da democracia”. Para o deputado, a Revolução dos Cravos “é de facto, uma data importante para o nosso país”, porém é, também, “necessário relembrar que só após o dia 25 de Novembro é que se conquistou, de forma definitiva, a liberdade que conhecemos hoje”.
Também Rui Vidal, do PAN, frisou que existem conquistas que têm de ser preservadas e concretizadas. “Hoje falamos do 25 de Abril com a liberdade que nos foi legada, pelo que deixou-vos a responsabilidade de legarem, também, liberdade e, neste sentido, gostava de deixar uma proposta, dentro da visão do PAN, baseada em compaixão, para deixarmos, para as gerações futuras, um planeta onde todos sejam merecedores da liberdade, de viverem e morrerem perante as suas escolhas e não os nossos caprichos”, evidenciou o representante do PAN.
Por sua vez, Elisabete Carvalho, do Bloco de Esquerda, usufruiu do momento para enaltecer que, após a Revolução dos Cravos, muitas das exigências populares ainda não foram concretizadas. “Portugal mudou há 49 anos, passou a ser um Estado de direito democrático”, asseverou a deputada, realçando que, “hoje, quando crescem as vozes da xenofobia, da intolerância, do racismo, do ataque aos refugiados e aos mais pobres, é tempo de lembrar todas as lutas que foram feitas, para manter as liberdades e aprofundar os direitos trazidos pelo 25 de Abril de 1974 ao nosso país. (…) A liberdade e a democracia devem estar sempre em primeiro plano, para que se cumpra Abril, na sua plenitude”.
Já Nuno Silva, da CDU, enfatizou que “é de uma importância inestimável trazer a conquista do 25 de Abril às gerações mais novas”, revelando que “cabe-nos, a nós, trazer Abril para a frente e lutar por uma sociedade mais solidária e empática para com as dificuldades do outro, para que se faça cumprir a Constituição da República Portuguesa, pois este é o único caminho para uma sociedade mais justa”.
Por conseguinte, o representante do PSD, Pedro Silva, sublinhou que a Revolução dos Cravos é “a celebração do início da democracia, da liberdade e de um novo ciclo político e cívico no país. O legado de Abril é incontestável, trouxe mudança de um tempo sombrio e bafiento que, enquanto os partidos políticos democratas que lutam e defendem a liberdade e soberania dos povos honrarem o voto que lhes foi concedido, dificilmente regressará, mas nada está garantido”, salientando a importância de “passar às gerações mais novas, que não viveram o 25 de Abril, o amplo significado da revolução”.
Ulteriormente, António Mira de Sousa, do PS, afirmou que “o 25 de Abril tornou-se para nós, os que o viveram e sentiram, uma nostalgia, mas, ao mesmo tempo, um apelo à ética, ao humanismo e à virtude, valores que devem estar sempre presentes em coerência com a finalidade desta data”, atestando “a importância de garantir que os nossos filhos e os nossos netos conheçam bem o que aconteceu e o que representou este momento histórico, em 1974”. Durante a sua intervenção, o deputado socialista mencionou, ainda, que “Abril cumprir-se-á, ou não, todos os dias, a partir das decisões de cada um e das decisões do Estado”, alertando que “temos de ter a consciência de que nada pode ser dado como garantido, no que respeita à liberdade e à democracia”.
Presente na sessão, o cónego Fernando Milheiro também foi convidado a dirigir algumas palavras aos presentes, referindo que “este é um momento de convivência na diversidade, que nos diz, com toda a clareza, que respeitar os outros é o melhor caminho, para o desenvolvimento e para a paz. Nós somos diferentes, mas estamos unidos em objetivos que são comuns e um deles é o bem social e, particularmente, o bem das pessoas de Campanhã. (…) Por isso, o 25 de Abril não é, apenas, um dado histórico, é algo que se constrói a cada dia”.
Por fim, foi Paulo Ribeiro, presidente da Junta de Freguesia de Campanhã, quem encerrou os discursos. Sustentando que “o 25 de Abril trouxe-nos a liberdade”, o edil afiançou que “é preciso respeitar a vontade do povo e é isso o que eu tenho tentado fazer, ao atender e ouvir todos os campanhenses, para tentar perceber quais são as suas necessidades. Com este executivo, nesta Junta, há muitos anos que é assim. Nós estamos cá para tentar resolver os problemas da população e é isso o que fazemos, todos os dias”, não escondendo a ânsia de “elevar Campanhã ao patamar que merece”.
A tradicional sessão solene culminou com a atribuição de distinções a figuras ilustres da freguesia e da cidade. Neste contexto, João Figueiredo, que integra a equipa de futsal adaptado do Futebol Clube do Porto desde a época 2000/2001, e João Vieira, desportista de alto rendimento, que representa o Clube de Karaté de Goju Ryu do Porto e a seleção nacional, foram agraciados com o Diploma de Mérito Desportivo, ao passo que Miguel Borges de Almeida recebeu o Diploma de Mérito Educativo, por ter sido o aluno com melhor desempenho académico e a mais elevada classificação entre todos os estudantes do ensino secundário das escolas públicas da cidade do Porto em 2021/2022, tendo obtido a média de 20 valores no Agrupamento de Escolas do Cerco do Porto.
Assim, as comemorações dos 49 anos do Dia da Liberdade encerraram com um momento musical, protagonizado pelo saxofonista Bruno Soares, que antecedeu o habitual cântico, em uníssono, de “Grândola Vila Morena” e do Hino Nacional.