Para melhor entendermos o crescimento actual da extrema direita, precisamos retomar as suas origens, não nos esquecendo que o ocidente europeu, desde o final da Segunda Guerra Mundial, foi liderado por partidos que defendiam a democracia liberal e a economia de mercado, todos eles integrados plenamente no sistema imperialista fundado em 1945 sob a liderança dos Estados Unidos e a bandeira do anticomunismo.
Esses partidos dividiam-se, no sentido lato, de duas formas, a ala direita do sistema era representada pelos partidos conservadores, católicos e liberais, enquanto a ala esquerda, pelos partidos sociais democratas, ambos alternando-se na governação dos Estados nacionais e até por vezes formando coligações entre si.
Ambas as alas aderiram ao programa neoliberal dos anos 80, expressando os interesses da burguesia europeia no relançamento da economia capitalista depois das crises mundiais de 1973, 1982 e 1987, embora essa adesão se tenha processado em ritmos diferentes, pois a direita fê-lo mais rapidamente, ao passo que os sociais-democratas mais lentamente e como tal enfrentaram a perda de simpatizantes ou aderentes.
Contudo, ambos como principais protagonistas da política europeia tinham um compromisso estratégico comum que era reformar o capitalismo em favor da máxima liberdade possível do capital, eliminando as amarras que foram obrigatórias para fazer frente ao fantasma do socialismo, ao poderio da União Soviética e à força do movimento operário que seguiu os ideais da Revolução de 1917.
As reformas dos anos 80 e 90 começaram paulatinamente a desmembrar o chamado Estado social, processo esse continuado no século XXI com as privatizações, desregulamentações, eliminação de direitos, corte de gastos em investimentos e serviços públicos essenciais, diminuição dos impostos pagos pelos mais ricos e as empresas do grande capital, ataque aos direitos dos trabalhadores e seus representantes legais, assim como aos reformados, pensionistas e idosos, acrescido o ritmo avassalador da fuga de meios financeiros para os chamados paraísos fiscais.
Os resultados ao nível social não tardaram a aparecer e, pela primeira vez desde 1945, os problemas económicos regressaram, agora agravados com nova guerra na Europa e a taxa de lucro das grandes empresas criada pela exploração e marginalização dos trabalhadores já não contenta o grande capital, ou seja, as sociedades europeias nos dias de hoje são levadas a reconhecer a falência do sistema que criaram, com a agravante de terem dado origem ao aparecimento e crescimento de uma corrente de cariz nazi-fascista.
Os exemplos estão à vista se olharmos para o que se passa em Portugal, Espanha, Itália, Bélgica, Alemanha, Áustria, Suécia, Finlândia, Dinamarca, Grécia e por que não na própria Ucrânia, basta consultar os respectivos sítios na net, situação que convoca os militantes da Paz e Democracia para reforço da luta e vigilância, pois queremos um mundo melhor, mais justo e fraterno com respeito pela soberania.