“A NOSSA ÚNICA CRENÇA É NA LIBERDADE E NA DEMOCRACIA”

Para comemorar o 50º aniversário do Dia da Liberdade, a Junta de Freguesia de Rio Tinto promoveu inúmeras iniciativas culturais, que decorreram entre os passados dias 24 e 25 de abril. A tradicional sessão solene, que se realizou no Auditório do Centro Cultural desta localidade, foi um dos pontos altos das celebrações e culminou com a intervenção de todas as forças políticas com assento na Assembleia, que ressaltaram a importância desta data nunca ser esquecida, e com a homenagem aos agrupamentos de escolas e às coletividades deste território.

 

A Junta de Freguesia de Rio Tinto promoveu várias iniciativas inseridas nas comemorações dos 50 anos do 25 de Abril. No dia 24, pelas 21h30, o Auditório do Centro Cultural de Rio Tinto recebeu a tradicional sessão solene, que contou com a presença de inúmeros representantes de entidades civis e militares, assim como com a intervenção das mais diversas forças políticas, com assento na Assembleia desta localidade.

Por conseguinte, o momento dos discursos foi inaugurado por Eugénio Saraiva, presidente da Assembleia de Freguesia de Rio Tinto, que aproveitou a ocasião para assegurar que “aqui estamos nós passado meio século a celebrar o momento mais marcante da nossa história coletiva nas últimas cinco décadas. Aqui chegados, olhamos para trás e podemos dizer sem quaisquer dúvidas, receios ou preconceitos, que valeu a pena, porque hoje vivemos numa democracia plena onde todos podemos, felizmente, manifestar as nossas opiniões”.

Afiançando que “hoje, todos nós, temos a obrigação de não permitir que o futuro das gerações vindouras seja hipotecado”, o presidente da Assembleia de Freguesia de Rio Tinto garantiu que “é uma luta que não podemos perder”. “Esta nação tem de, inevitavelmente a trilhar o caminho da democracia, da liberdade, da inclusão e do desenvolvimento. Este é o nosso desígnio e ninguém pode ficar para trás, porque Abril foi ontem, é hoje e tem de, forçosamente, continuar a ser amanhã”, reiterou.

Seguiu-se o representante do Chega, Edison Pinheiro, que, depois de mencionar que “encontramo-nos reunidos, hoje, para celebrar meio século desde a Revolução de Abril”, usufruiu do momento para sublinhar que “50 anos depois de um regime que reprimiu a liberdade de expressão e a imprensa, a pergunta que se coloca neste momento é se não estamos iguais ou piores do que nessa altura”. Para o deputado, “celebramos hoje as nossas conquistas, mas devemos refletir sobre os desafios que encontramos. Da parte do partido Chega, esta data servirá sempre para lembrar uma data igualmente importante, 25 de novembro de 1975, pois trata-se do dia de uma reposição histórica da traição que alguns tentaram fazer aos valores de Abril, uma ameaça da extrema-direita dizem alguns”.

Já João Pedro Silva, do Bloco de Esquerda, realçou que “comemoramos o 50º aniversário de um dos momentos mais importantes da nossa história coletiva”, frisando que “caiu o regime fascista e o nosso país deixou de ter uma das mais longas ditaduras do mundo”. “Celebrar em 2024 os 50 anos é ter em conta as primeiras eleições autárquicas realizadas em 1976 e como andam por aí alguns nostálgicos do fascismo, é importante lembrar que antes do 25 de Abril, os membros das Câmaras e Freguesias eram nomeados pelo Governo Salazarista”.

Por sua vez, Eduarda Ferreira, representante do CDS-PP, usufruiu do momento para salientar que “Abril já não vai para novo e o passar do tempo trás consigo o risco da erosão das histórias oficiais”. De acordo com a deputada, “independentemente da filiação partidária, somos todos agentes ativos na construção do futuro de Portugal. Que este 50º do 25 de Abril sirva como lembrete de que além das nossas convicções políticas e individuais, a força da democracia reside na diversidade de vozes que se unem para forjar um caminho comum, através de meios que não se opõem nem deste nem de outro modo, a liberdade é a sua origem, a sua base e a sua definição. Num mundo em que tantas forças nos empelam a perder a referência e o sentido, saibamos compreender que a verdadeira liberdade está em conhecer o caminho”.

Também Adérito Machado, da CDU, começou por “endereçar saudações de liberdade cuja conquista estamos a evocar neste 50º aniversário do 25 de Abril. Foi um dia e uma data que nos devolveu a liberdade após 48 anos que durou o regime de má memória para o povo português. Foram dezenas de anos de opressão, estagnação e consequente atraso que teve as mais variadas consequências para o povo e para o país”. Neste seguimento, o deputado afirmou ainda que “comemorar Abril é assinalar e afirmar o poder local democrático, uma das suas conquistas, que continua vivo e com energia bastante para resistir e se regenerar”.

Posteriormente, o representante do PSD, José Pedro Assunção, reiterou que “hoje reunimo-nos para comemorar não apenas uma data histórica, mas para celebrar os valores fundamentais que nos unem enquanto sociedade, a liberdade, igualdade e a justiça”, sustentando que “o 25 de Abril de 1974 não é apenas uma página nos livros de história, é um testemunho da coragem e da determinação do povo português a lutar pela sua liberdade. É um lembrete de que a liberdade não é um dado adquirido, mas sim um direito pelo qual devemos lutar e defender constantemente”.

Por outro lado, Isa Pereira, do PS, garantiu que “a memória da Revolução dos Cravos é essencial para o povo português, pois determinou aquilo que somos hoje como um todo. Não se tratou de uma simples mudança de regime, o 25 de Abril foi a libertação de Portugal, foi a conquista de direitos fundamentais”. Para a deputada, “a Revolução da Liberdade é um processo permanente, que nunca se poderá dar por concluído. Não poderemos permitir o retrocesso histórico de todos os valores democráticos conquistados pela humanidade. Impõem-se, assim, firmar o quão frágil é a nossa liberdade e a necessidade de preservar e lutar, sempre, pelos ideais e valores conquistados com a Revolução de Abril”.

A Associação 25 de Abril também fez questão de transmitir uma mensagem aos presentes, que foi lida pela tesoureira da Junta de Freguesia de Rio Tinto, Cláudia Nogueira, asseverando que “os valores de Abril, que então floresceram em várias partes do mundo, estão ameaçados, não só em Portugal, mas também em muitas outras regiões. É, por isso, que a Associação 25 de Abril sente necessidade de reafirmar, nesta evocação dos 50 anos do 25 de Abril e na prossecução da sua essência e natureza, que é imperioso assumirmos, com coragem e determinação, a luta pela defesa e manutenção da liberdade conquistada nessa radiosa madrugada. Liberdade que temos conseguido manter e da qual não abdicamos. Liberdade essencial para prosseguir na sociedade democrática, que almejamos manter e que queremos mais livre e mais democrática, mas também mais justa, igual e solidária, em ambiente de paz e de progresso, o que só é possível se for suportada nos valores de Abril”.

Por fim, foi a vez de Nuno Fonseca, presidente da Junta de Freguesia de Rio Tinto, proferir o seu discurso, enaltecendo a relevância da preservação das conquistas de Abril e do poder local. “Portugal é hoje um país completamente diferente daquilo que era há 50 anos, por muito que nos queiram dizer o contrário, por muito que ainda existam saudosistas da escuridão e de uma outra forma de estado, o facto é que Portugal cresceu e hoje não tem um único índice de desenvolvimento humano, económico ou social, que não seja uma prova disso”, reforçou o edil, aludindo que “nós seremos sempre livres, porque seremos sempre democratas e a nossa única crença é na liberdade e na democracia, mas há tanto caminho ainda por percorrer. Contudo, iremos continuar sempre com o mesmo objetivo, construir um país de todos, de igualdade, fraternidade e de liberdade, porque esta foi a maior conquista de Abril”.

A democracia não é um fim em si mesmo, é uma ideia, uma esperança que os democratas têm e que, com todos os erros e acertos, avanços e recuos, vitórias e derrotas, é e será sempre o melhor regime político, porque dá aos cidadãos a decisão da escolha do seu caminho”, reforçou o edil, aludindo que “todos juntos vamos construir o nosso Portugal do futuro e não vamos deixar ninguém para trás e é isso o que nós fazemos, todos os dias, em Rio Tinto”.

A sessão solene comemorativa do 50º aniversário do 25 de Abril, em Rio Tinto, culminou, ainda, com a entrega de uma medalha comemorativa ao executivo e aos deputados da Assembleia de Freguesia, a Luís Lobo, delegado regional da Educação, assim como às coletividades e agrupamentos de escolas desta localidade, tendo encerrado com um momento musical protagonizado pelo Grupo Não Cabe Mais Ninguém.

As celebrações da Revolução dos Cravos continuaram no dia seguinte, com a inauguração da Avenida 25 de Abril, seguindo-se a tradicional cerimónia do hastear das bandeiras e um concerto dirigido pela Banda de S. Cristóvão de Rio Tinto.