“A QUE SOA A LIBERDADE?”

A Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril e o Arquivo Nacional do Som têm em curso a campanha «A que soa a Liberdade?», uma iniciativa nacional de recolha de registos sonoros, relativos ao período e ao tema da Revolução dos Cravos, com o propósito de os salvaguardar e de promover o acesso a esse património documental.

Segundo Maria Inácia Rezola, comissária executiva da Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril, “os registos sonoros dessa época são uma parte relevante da memória que temos o dever de preservar, e que é, simultaneamente, uma parte do testemunho que, 50 anos volvidos sobre esses acontecimentos, temos o dever de passar às novas gerações, recordando-as do valor da liberdade e da democracia. A história é fundamental para podermos, em conjunto, refletir sobre os próximos 50 anos”.

A campanha procura todo o tipo de registos sonoros efetuados por altura do 25 de Abril de 1974 e nos anos seguintes, ou gravações posteriores relacionadas com esse tema, realizadas em Portugal e nos países lusófonos, por nacionais ou estrangeiros. São aceites registos nos mais diversos formatos, como bobinas de fita-magnética e cassetes áudio, entre outros. Os suportes de som podem ser depositados ou doados ao Arquivo Nacional do Som, em Lisboa. Assim que forem recebidas, as gravações serão identificadas, catalogadas e descritas. O seu estado de conservação será avaliado e, após a digitalização, será fornecida ao proprietário uma cópia digital do documento sonoro.

De acordo com Pedro Félix, coordenador da equipa de instalação do Arquivo Nacional do Som, “nos anos 70, os registos sonoros podiam ser feitos com relativa facilidade. Por isso, estamos certos de que, num período tão intenso como o da Revolução, muitas pessoas terão vindo para a rua documentar o que estava a acontecer. Foram, certamente, gravadas manifestações, comícios, noticiários e comunicados transmitidos pela rádio e até pela televisão, assim como concertos mais ou menos formais ou totalmente improvisados. Tal como antes se enviavam mensagens em cassetes para os familiares na guerra ou em França, terão sido gravadas cartas e relatos de eventos ocorridos naquele intenso período. São todas essas gravações que nós procuramos, para que não se percam, para que não fiquem esquecidas, para garantir a sua salvaguarda e preservação, para que, eventualmente, nos tragam novas luzes sobre o período, novas perspetivas que escapam às narrativas instituídas. Todos juntos, vamos salvar os sons da liberdade e dos seus caminhos”.