ABRIL NÃO TARDA. POR ISSO… MÃOS À ESCRITA!

Com as nossas duas próximas iniciativas em fase de arranque, fechámos nos dias 14 e 21 de janeiro a temporada do ano passado com a entrega dos prémios correspondentes ao Torneio Policiário’2017 e ao Concurso de Contos “Um Caso Policial em Gaia”.

Lisboa (restaurante Monte Cuche, em Benfica) e Gaia (confeitaria Monte Branco, em Santo Ovídio) foram os palcos escolhidos para estes dois encontros de convívio e tertúlia, reunindo vinte e dois membros da família policiária (sete em Lisboa e quinze em Gaia) que nos acompanham desde a primeira hora. Estão assim concluídos todos os procedimentos relativos às competições do ano passado, muito embora estejam ainda por entregar os prémios conquistados por Luís Pessoa, Detetive Jeremias, Detetive Bossiak, Bernie Leceiro e Vimaranes – que não puderam comparecer nos encontros atrás referidos –, focando-nos a partir desse momento no futuro.

E o futuro faz-se agora de um concurso de produção de enigmas policiais (“Mãos à Escrita!”) e de mais um torneio de decifração (“Solução à Vista!”), cujos regulamentos podem ser consultados no blogue “Local do Crime” (localdocrime.blogspot.com), que animarão esta secção nos próximos meses. Entretanto, vamos aquecendo as “células cinzentas” dos nossos leitores com mais um problema.

 

ENIGMA POLICIÁRIO

O Inspetor Fidalgo Desvenda o Crime, de Insp. Fidalgo

Estava um daqueles dias aborrecidos, pastosos, complicados, em que nada apetece fazer. O céu estava bem carregado e havia tempestade no ar. O Inspetor Fidalgo detestava esses dias. Por sua vontade deitava-se a dormir, numa inconsciência total, alheado de tudo e de todos… Só que o crime espreita em cada esquina e foi assim que lhe comunicaram que o famoso financeiro Antero Billardo aparecera morto, em sua casa, em circunstâncias bastante estranhas. Crime, ao que tudo indicava, mas tornava-se necessária a sua presença, por via das dúvidas…

A casa era verdadeiramente espantosa e a sobriedade misturada com um requinte exótico transformava aquele ambiente num misterioso quadro digno das mil e uma noites. O frio intenso que se fazia sentir no interior do escritório contrastava com o calor abafado e doentio que andava à solta nas ruas. No chão, bem perto da janela escancarada, jazia o corpo da vítima, deitado de costas, com os olhos azuis fitando o branco do teto. No peito, lá estava a marca produzida pela arma da morte, um punhal de cabo prateado, que estava abandonado no outro extremo do compartimento.

O inspetor olhou para os presentes, aguardando algum sinal que o pusesse na rota certa. E ouviu:
– Senhor inspetor, eu sou o primo do Antero, chamo-me Afonso e tenho alguma coisa a contar-lhe, mas gostaria que fosse em privado…

Retiraram-se para um canto…
– Eu fui o primeiro a chegar ao escritório, onde ia falar com o meu primo de uns projetos de negócio em que ando embrenhado… Ia pedir-lhe uma opinião e também, porque não confessá-lo, um financiamento! Só que não tive tempo… Ao chegar, ele já estava morto… O assassino deve ter entrado pela janela e matou-o. O que ele não sabe é que o meu primo deixou um sinal…
– Um sinal? Que sinal? Não notei nada de especial…
– Claro que não porque eu apaguei-o para não espantar o assassino… Sabe, o meu primo tem sempre a mania de estar com a janela aberta de par em par e, como é um andar térreo, sujeitava-se ao que aconteceu… Mas o que o assassino não sabe é que ele não morreu logo… Viu onde estava o punhal? O meu primo arrastou-se até junto da janela e escreveu no embaciado do vidro o nome do criminoso…
– Estranha história…
– Eu sei, mas é a verdade. Está aqui a prova, nesta máquina fotográfica com que fotografei o vidro embaciado e o nome do criminoso… Leia só.
– ADRIANO… Quem é o Adriano?
– É o secretário do meu primo… Ou melhor, era.

O Adriano metia os pés pelas mãos, não sabia o que tinha feito em determinadas horas, não sabia dizer a que horas tinha estado pela última vez com a vítima, mostrava-se, em suma, baralhado e assustado.

– Senhor inspetor, não sei de nada… Eu não tenho nada a ganhar com a morte do meu patrão… Nada! Não me lembro das horas porque aqui perdemos a noção do tempo, não temos horários a cumprir, nada!… Sim, é verdade, que o patrão estava sempre com a janela escancarada e hoje mesmo, de manhãzinha, quando vim do mercado, notei a janela aberta e vi o vulto do patrão a trabalhar…
– Também o Silveira, o carteiro, confirmou que pelas 9 horas da manhã, quando passou, ele estava vivo e bem vivo, porque lhe entregou a correspondência em mão, pela janela, tendo estado até um pouco à conversa.

O resultado laboratorial apontou a hora da morte para as 11 horas e o Inspetor Fidalgo meditava…
A – O assassino foi o carteiro, talvez farto de entregar a correspondência numa casa tão isolada.
B – O assassino foi o Afonso porque inventou toda a história e simulou o sinal no embaciado do vidro.
C – O assassino foi o Adriano, denunciado a tempo pelo patrão ao escrever o seu nome no embaciado do vidro.
D – Não houve crime, mas apenas e só suicídio, talvez por estar farto da vida de escravo que levava ou por os negócios não estarem tão bem como desejaria.

 

DESAFIO AO LEITOR

Amigo leitor, analise bem o problema e escolha a resposta da alínea que lhe pareça a correta… E depois confira-a com a solução do autor, que se publica a fechar esta edição.

 

CONCURSO “MÃOS À ESCRITA!”

Recordamos os nossos leitores que o prazo de envio de originais para o concurso de enigmas policiais expira no dia 15 do próximo mês de abril. Por isso, vamos lá: Mãos à Escrita!

 

SOLUÇÃO DO ENIGMA DESTA EDIÇÃO

O Inspetor Fidalgo Desvenda o Crime, de Inspetor Fidalgo
Hipótese certa: alínea B. Em boa verdade, não restavam dúvidas de que o sinal fora simulado, porque a janela estivera sempre aberta e, por isso, o vidro não embaciava.