A ANAM – Associação Nacional de Assembleias Municipais realizou uma manhã de debate e troca de ideias em Gaia, em torno da participação e incentivo dos mais jovens à causa pública e política. O evento contou com vários convidados, destacando-se as intervenções do Ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, e do presidente da CCDR-N, António Cunha.
No âmbito da iniciativa “ANAM em diálogo 2.R – No caminho das regiões”, que se realizou no passado dia 22 de maio no Auditório Municipal de Gaia, os jovens e o seu papel diferenciador na vida política estiveram em destaque num evento que contou com a participação de vários convidados e participantes e onde o mote foi estimular a juventude para a causa pública e política.
A abertura dos trabalhos iniciou-se com uma pequena mensagem do presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, que enalteceu o papel dos jovens como “elementos estruturantes e de fortalecimento da democracia, cidadania e educação”.
De seguida, António Cunha, presidente da CCDR-N, salientou o trabalho das Assembleias Municipais “em prol da consolidação democrática e como um pilar fundamental do poder local, executando um trabalho meritório que deve ser aplaudido”. Após uma apresentação sobre os projetos a desenvolver para a região Norte, nomeadamente tendo em conta o contributo e participação dos jovens, António Cunha enumerou vários pontos da estrutura da coordenação da CCDR-N, no âmbito do programa “Portugal 2030”, do futuro, das pessoas e da valorização do território. “Teremos na ANAM um parceiro de eleição e que nos ajudará a implementar esta nossa estratégia, um projeto onde os jovens vão ser protagonistas e atores de destaque”, referiu.
Presente no evento esteve também o Ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, que realçou a importância das Assembleias Municipais como um órgão essencial ao poder local democrático. “Através das Assembleias Municipais têm-se feito a formação de muitos jovens autarcas que depois acabam por assumir responsabilidades nas juntas de freguesias, nas câmaras municipais ou mesmo no governo central”.
Deixando como principal destaque a máxima “nada para os jovens sem os jovens”, Tiago Brandão Rodrigues referiu que a mesma tem sido levada a cabo em várias instituições mas também com o poder local que “tantas e tantas vezes tem lançado um conjunto de iniciativas especialmente vocacionadas para os jovens”. Cada vez mais assistimos a vereadores verdadeiramente ativos nas políticas de juventude municipais, cada vez vemos mais escolas secundárias e básicas mas também do ensino universitário e politécnico, a apelar para que a participação dos jovens possa ser mais dinâmica. As próprias AM estão mais abertas aos jovens, quer seja pela integração nas listas, mas também pela existência de AM jovens estabelecidas um pouco por todo o país, cada vez com mais qualidade e mais participadas”, rematou.
O evento contou ainda com a participação de Miguel Coelho, professor de Ciência Política, que salientou que “o problema dos jovens é que, na maioria das vezes, querem ser velhos e, por isso, deixam-se, propositadamente, instrumentalizar e isso é o que pode tornar a política pouco atrativa e desmotivadora para a nossa juventude”. “No entanto, já se sentem sinais de mudança e a participação dos jovens, hoje em dia, é muito diferente de há 10 ou 15 anos. Existe aqui um processo que tem ser feito por todos, que deve ser implementado não só pelos jovens, mas também por todos os que fazem política, para que lutem por novos procedimentos e novas formas de estar”, explicou.
Houve ainda contribuições de Gabriel Gonçalves, membro da Academia Política Apartidária, de Maria José Vicente, da EAPN Portugal/Rede Europeia Anti-Pobreza, de Sónia Paixão, vice-presidente do Instituto Português do Desporto e Juventude e de Tiago Rego, presidente da Federação Nacional das Associações Jovens.
O encerramento ficou a cargo de Albino Almeida, presidente da ANAM, que apelou à atenção e à participação dos jovens na política, à partilha de ideias e ideais, e ao desafio de “com todos estes nossos novos parceiros fazer o que ainda não foi feito”. Em jeito de conclusão, o presidente da ANAM afirmou que “com novas formas de fazer e executar, com o que vamos ouvir dos jovens, com a sua sensibilização vamos com certeza superar este desafio e dar à juventude um ideal para lutarem. E nesse âmbito é preciso que os jovens façam o que há de melhor na política: pessoas a cuidar de pessoas”.
Na véspera deste encontro, decorreu também uma reunião de trabalho entre a ANAM e a CCDR Norte que contou com a participação de vários presidentes de Assembleias Municipais da região que fizeram questão de marcar presença para mais um debate sobre questões essenciais relacionadas com o poder local e também com o trabalho de cooperação a desenvolver com a CCDR-N.
Salientando a estratégia de desenvolvimento da CCDR-N, o presidente da ANAM sublinhou a importância da mesma para o futuro da região Norte, ao mesmo tempo que reforçou que “às Assembleias Municipais é possível fazer mais e melhor e é isso que estamos a fazer, sempre no caminho da dignificação das AM e com o propósito de mostrar aos cidadãos que estas existem também para os apoiar e para que possam recorrer sempre que precisem de debater um problema ou de resolver alguma questão relacionada com o seu município. O nosso objectivo é batalhar para o bem comum, para os interesses das populações”.
Já o primeiro presidente eleito da CCDR-N, António Cunha, destacou a sua participação neste evento como sendo “uma convicção que anima” e reforçando que “este diálogo entre poderes regionais e poderes locais tem de ser aprofundado”. “Esta Comissão é uma referência estratégica e uma voz esclarecida capaz de mobilizar o Norte para agendas prioritárias. Nesse sentido temos feito um trabalho que relança um diálogo estratégico com atores regionais, designadamente com os municípios e as entidades intermunicipais”, acrescentou.
O Quadro Financeiro Plurianual 2021/2027, o modelo de governação do “Portugal 2030” e a estratégia para os próximos anos na região Norte foram alguns dos temas em debate pelo presidente da CCDR-N, que dedicou também as suas palavras à descentralização e à regionalização do Estado.
A reunião culminou com a entrega do galardão “Personalidade ANAM” a Rui Soalheiro, secretário-geral da Associação Nacional de Municípios Portugueses.