A agricultura é um setor fundamental na economia da nossa região e um setor em que vale a pena apostar. Representando, em 2020, 6,1% do PIB regional, gera produtos de valor acrescentado, como o leite e lacticínios, as carnes, as hortofrutícolas, o mel, o vinho, as flores, e, em 2020, era responsável por mais de 10% dos postos de trabalho, criados em toda a Região.
Estamos a falar do rendimento de muitas famílias açorianas, que deve ser assegurado, sob pena de rutura deste setor, que pode levar a uma crise social sem precedentes na nossa Região, se não forem tomadas medidas robustas no imediato. Sempre com a preocupação de garantir a sustentabilidade e a qualidade intrínseca dos nossos produtos regionais.
No setor hortícola e frutícola muito há a fazer, principalmente, no diz respeito à promoção e valorização dos nossos produtos regionais. A falta de estratégia, de planeamento, de estudos de mercado, de visibilidade, a própria falta de infraestruturas, principalmente de armazenamento, e a escassez de mão de obra são problemas que afetam o crescimento e a afirmação do setor e que carecem de atenção e resolução por parte de quem nos governa.
É um setor com elevado potencial de crescimento, principalmente nesta altura de especulação sobre uma possível carência alimentar, tornando-se assim imperativo criar condições para que os produtores instalados, e os jovens produtores, que se queiram instalar possam crescer e diversificar a sua produção.
É possível sermos autossuficientes a nível da maioria dos nossos produtos hortofrutícolas temos, apenas, é que querer investir e apoiar o desenvolvimento da nossa agricultura. Infelizmente, este é um facto que não está a acontecer, porque o governo regional não está a olhar para a nossa agricultura com a atenção que devia, e que o setor merece, permitindo que seja mais um setor a ficar para trás.
Temos plena consciência que apostar na quantidade não é a solução, devemos isso sim, apostar na otimização da produção que já temos, na diversificação da nossa produção, no desenvolvimento de mais produtos de valor acrescentado, mas acima de tudo, devemos apostar nos nossos produtos endógenos, defendendo e salvaguardando os direitos dos nossos agricultores e tornando as cadeias de produção e comercialização mais curtas, assegurando, sempre, a segurança alimentar, ou seja, apostando e permitindo o crescimento de mais mercados locais.
Fala-se na reconversão de outros setores de produção, por exemplo para o setor da carne, porque não estimular essa reconversão também para a hortifruticultura!?
Basta apenas apostar na nossa Agricultura, criar e desenvolver medidas para uma agricultura mais sustentável, mas ao mesmo tempo mais competitiva, mais atrativa, inovadora e dinâmica, capaz de dar resposta às tendências de mercado e acima de tudo de garantir um rendimento justo ao produtor.
Porque sem agricultores não há agricultura!
Por isso, os nossos governantes têm que ter a capacidade e a obrigação de desenvolver políticas, que acima de tudo protejam os nossos agricultores.
Assim, para que a nossa agricultura acompanhe as tendências é preciso termos os nossos agricultores assegurados, dignificando a sua função e atividade. Os produtores veem os custos de produção a aumentar, por exemplo os fertilizantes sofreram aumentos de mais de 130% e o gasóleo agrícola mais de 100%, sem que este aumento seja refletido no preço final do produto. O rendimento de quem produz e a sua capacidade de investir são cada vez menores ou quase nulos. As dificuldades são inúmeras, mas a resiliência ultrapassa!
Por fim, espera-se que toda a população divulgue a sua preferência e a importância dos nossos produtos regionais, mostrando, não só apreço e reconhecimento por todos eles, e pelo trabalho dos nossos agricultores, como igualmente consumindo esses mesmos produtos!
É responsabilidade de todos nós ter uma visão de proteção e valorização do que é nosso!
Deputada do GPPS, Patrícia Miranda