“AS FORÇAS DE SEGURANÇA NÃO TÊM MEIOS SUFICIENTES PARA FISCALIZAÇÃO”

O confinamento social causado pelo novo coronavírus não tem sido seguido por muitos cidadãos, principalmente na vila de Rabo de Peixe, onde existem várias queixas de aglomerações. Alexandre Gaudêncio conta que “esta preocupação foi refletida no Conselho Municipal de Proteção Civil e o que nos é dito é que as próprias forças de segurança não têm meios suficientes para fazer uma fiscalização eficaz das medidas que entretanto foram tomadas relativamente ao confinamento obrigatório das pessoas”.

 

 

Desde 14 de março que a Câmara Municipal da Ribeira Grande ativou o seu plano de contingência face à pandemia de COVID-19. De acordo com o Presidente da autarquia, a Câmara Municipal, as forças de segurança e as autoridades de saúde têm estado em constante articulação para que esta “equipa operacional” possa estar em alerta para poder intervir em “qualquer situação anormal”.

Até agora, o que a Câmara Municipal tem feito é “passar algumas recomendações das autoridades de saúde, nomeadamente os alertas para que as pessoas fiquem em casa e só saiam em caso de extrema necessidade”, além das “medidas de apoio à população”, que se prendem com o apoio social e apoio à economia local”.

Uma dessas medidas foi a aprovação de apoios que visam responder a situações de desemprego, aplicação de ‘lay-off’ e/ou quebras de rendimentos, desde que sejam comprovados através das declarações financeiras/rendimentos. A partir de agora, para além de manter os apoios para o pagamento de luz, gás ou bens alimentares, engloba ainda as rendas, seja por contratos de arrendamento ou pagamento das prestações do crédito bancário. O valor será definido conforme o grau de carência económico verificado, podendo ir até ao máximo de 1000€ por ano por agregado familiar.

Outra das resoluções da edilidade foi o investimento de cerca de 40 mil euros em 125 computadores portáteis e 50 equipamentos de internet, distribuídos às escolas básicas do concelho (Ribeira Grande, Rabo de Peixe e Maia), para dar resposta ao ensino à distância, de forma a “colmatar lacunas junto das famílias que não possuem este tipo de equipamento”.

Os quatro lares de idosos do concelho são também uma constante preocupação dos autarcas ribeiragrandenses, pelo que “reunimos com os quatro lares de idosos do concelho, que têm neste momento cerca de 350 pessoas afetas entre utentes e funcionários e passámos algumas recomendações”, que “estão a ser acatadas pelos dirigentes”. Alexandre Gaudêncio ressalva que “até ao momento [da revisão desta edição] não temos nenhum caso positivo nos lares, o que é de salutar, vendo o que está a acontecer por todo o país”.

Quanto ao papel da Câmara Municipal no combate ao novo coronavírus, e tendo em conta o incumprimento das recomendações e imposições devido ao estado de emergência por que todo o país atravessa, Alexandre Gaudêncio explica que “o que nós temos feito é apelar à população para só se deslocar em caso de extrema necessidade”, o que não acontece em diversas situações, e prova disso “têm sido algumas detenções que já foram efetuadas no concelho”.

No entanto, “a Câmara Municipal está de mãos atadas porque não tem autoridade ou meios suficientes para colocar em prática essas obrigações”. A solução poderia passar pelas forças de segurança, mas estas “não têm meios suficientes para a fiscalização”.

“O ideal seria haver um polícia em cada rua, mas isso é impossível”, diz o autarca. “O que podemos fazer é apelar ao bom senso das pessoas e estou em crer que havendo esse bom senso, vamos conseguir ultrapassar esta pandemia”.

Desde o início do confinamento social que a autarquia tem feito “diretos” na sua página do Facebook, uma iniciativa que teve sucesso desde o início, tendo em conta os números que apresentam: cerca de oito mil visualizações por direto, com a presença de 200 a 300 pessoas em simultâneo a assistir. Todas as sextas-feiras, entre as 11h e o meio dia, Alexandre Gaudêncio fica em direto para esclarecer todas as questões colocadas pelos participantes.

“Esta é uma forma de estarmos mais perto das pessoas, sabendo à partida que há mais gente em casa e com acesso às redes sociais, achámos que este meio de comunicação seria eficaz”, explica o edil, satisfeito com a iniciativa que considera positiva “porque as pessoas acabam por ver esclarecidas algumas questões que de outra forma não esclareceriam”.