ATERRO SANITÁRIO DE SERMONDE VAI ENCERRAR DEFINITIVAMENTE NO FINAL DE 2025

Até ao final de 2025, o aterro sanitário de Sermonde vai encerrar definitivamente para dar lugar a um parque de lazer, numa forma que Eduardo Vítor Rodrigues, presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, considerou ser um “devolver à comunidade”.

 

A Suldouro apresentou, no passado dia 24 de janeiro, os mais recentes resultados da selagem do aterro sanitário de Sermonde, processo que deverá estar concluído na totalidade no final de 2025. A cerimónia contou com a presença do secretário de Estado do Ambiente, Emídio Sousa, e do presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, bem como de entidades e personalidades de Vila Nova de Gaia e Santa Maria da Feira, os dois municípios abrangidos pelo aterro.

Na ocasião, foi dado a conhecer que, depois deste encerramento, começará a ser delineado o futuro parque de usufruto e lazer que irá nascer no mesmo local, algo que Eduardo Vítor Rodrigues acredita respeitará um modelo de parque da cidade, com o cruzamento de várias vertentes, como a botânica, desportivo, equipamentos e parques infantis. Aproveitando a presença do secretário de Estado do Ambiente, o presidente apelou, ainda, a uma colaboração com o Governo “no financiamento deste projeto multidisciplinar arrojado”.

“O desafio do aterro e da incineração são absolutamente decisivos. E precisamos de todos, entidades, população e escolas envolvidas nisto. E a Suldouro tem sido exemplar na porta aberta à comunidade. Devemos e temos obrigação de devolver a estrutura à comunidade, fazendo um parte não só visualmente bonito, mas usado pela comunidade. E a autarquia está disponível para encontrar formas de cofinanciamento porque este também é um património que ficará no município. É um projeto arrojado para o qual estamos disponíveis”, assegurou o autarca.

De recordar que o processo de selagem já passou por uma primeira fase relativa ao seu encerramento técnico. Posteriormente, no final do ano passado, foi feita uma consulta pública e o consórcio vencedor (ME Ativ + Capsfill) tem agora 365 dias para a conclusão dos trabalhos, no valor global de 4,5 milhões de euros.

Neste momento, decorrem os trabalhos prévios ao arranque da empreitada e montagem de estaleiro, nomeadamente, o planeamento e a encomenda dos materiais necessários. Esta etapa consiste no encerramento e integração paisagística do aterro, com a colocação das terras de cobertura sobre manta geotêxtil, execução do sistema de drenagem das águas pluviais e sementeira. A fase final consiste na construção das infraestruturas de apoio, nomeadamente vias de acesso e parque de estacionamento.

Este aterro foi a primeira construção da Suldouro, em 1996, e teve o seu início de funcionamento em 1999. Em 2008 o aterro sofreu uma ampliação, com uma segunda célula, e recebeu cerca de 2 milhões e 400 metros cúbicos nos 22 anos de exploração. Em junho de 2021, atingiu-se a capacidade máxima do aterro.

Abrangendo dois municípios e mais de 440 mil pessoas, só em 2024, a Suldouro tratou mais de 208 mil toneladas de resíduos, 25 mil das quais foram recicladas e valorizadas em nove estruturas, criando ainda, com o aterro e a central de valorização em Sermonde, uma energia de 17 GWh/ano.

Para Miguel Lisboa, presidente do Conselho de Administração da Suldouro, este aterro “é um sistema determinante para a gestão dos resíduos urbanos” e apelou a que “todas as entidades envolvidas caminhem em conjunto para atingir as metas e compromissos”.

“O aterro está no fim de vida, mas a sua gestão diária não é fácil. Tem um conjunto de parâmetros muito rigorosos, há que gerir os odores, as redes pluviais, os seus encerramentos provisórios, tem uma vida útil exigente de muita responsabilidade e depois a selagem técnica definitiva”, explicou.

Também o secretário de Estado do Ambiente, Emídio Sousa, destacou a importância destes equipamentos no país, que tiveram a sua função em determinada altura, mas que, agora, estão a atingir a sua capacidade máxima, sendo necessário pensar, em conjunto, em alternativas.

“A nível de resíduos, o país está numa situação limite, estamos a esgotar a nossa capacidade em aterros, principalmente a região Norte. E há muita legislação, definimos metas ambiciosas, fazemos tudo bem na lei, mas depois é preciso ir ao terreno colocar a funcionar. E esse é o verdadeiro desafio. A meta é clara, em 2035 só podemos enviar para aterro 10%. E até gostaria que ultrapassássemos, mas tínhamos de fazer muita coisa nesse sentido, e acredito que, enquanto sociedade, podemos fazer bem melhor”, afirmou.

Considerando que a reciclagem é “uma responsabilidade de todos”, Emídio Sousa anunciou ainda que o Governo irá lançar em breve uma campanha, a nível nacional, para sensibilizar para a necessidade da reciclagem e que é intenção dos mesmos de devolver a taxa de gestão de resíduos a quem tiver melhor desempenho.