Todos os anos o Concerto de São José é especial para a Sociedade Filarmónica de Crestuma, no entanto, em 2022 teve um gosto diferente, uma vez que esteve incluso nos festejos do centenário da banda. No dia 20 de março, no Largo da Igreja de Crestuma, foi possível assistir-se ao concerto que acontece desde 1976. Ainda nesse dia, a Filarmónica lançou o livro “Um Século em SOL MAIOR“, onde se pode encontrar a história da banda, bem como os seus protagonistas. E como não há duas sem três, 20 de março foi também a data escolhida para a inauguração da obra de Margarida Santos, no mesmo Largo, e com o mesmo título do livro supracitado.
No dia 20 de março aconteceu o tradicional Concerto de São José, levado a cabo pela Sociedade Filarmónica de Crestuma. O momento, que só por si já é recheado de significado para a banda, este ano teve outro sabor, uma vez que marcou as comemorações do centenário da instituição. Além disso, no mesmo dia, a Sociedade Filarmónica de Crestuma lançou o seu livro “Um Século em SOL MAIOR“ e viu ser inaugurado o monumento com o mesmo título, da escultora gaiense Margarida Santos. Eduardo Vítor Rodrigues, presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, marcou presença no evento.
“O Concerto de S. José, em Crestuma, é para nós, o evento dos eventos”, foi assim que Joana Oliveira, maestrina da Sociedade Filarmónica de Crestuma, descreveu o sentimento que têm por este evento que acontece desde 1976, e que teve origem num “grupo de Josés da freguesia de Crestuma, que se aliaram à banda filarmónica para a celebração do dia do pai”. Ao longo dos amos o formato do evento foi mudando, mas não o significado dele para a banda e comunidade. O evento passou a contemplar “a apresentação anual dos novos músicos da banda, sobretudo os jovens que iniciaram o seu percurso musical na nossa escola de música”, como explicou Joana, e “a partir de 2013 o formato deste concerto foi desenhado na sua forma atual, com a inserção dos prémios de mérito aos músicos que obtiveram o 8º grau do conservatório ou a licenciatura, do prémio do músico revelação e do Troféu Joaquim Luiz Meireles (maestro com maior longevidade na banda), ao músico do ano, este último eleito por votação secreta apenas pelos seus pares, restantes músicos e maestrina. Foi também a partir de 2013 que começou a ser atribuído o Troféu Alberto da Silva Ramos (1º presidente da instituição) que pretende homenagear a figura ou figuras que mais se destacaram na arte e cultura, relativamente à Sociedade Filarmónica de Crestuma, e que este ano foi atribuído ao reverendo Padre Domingos Duarte de Aido e ao presidente da Câmara Municipal, Eduardo Vítor Rodrigues”, contou a maestrina.
“Julgo que todos os anos tenho a sensação de que cada concerto tem um significado maior, porque quero e exijo mais, a mim e aos músicos”, disse Joana Oliveira, que explicou que a preparação para o concerto seguiu os parâmetros habituais: ensaios de naipes (madeiras, metais e percussão), e, depois, todos juntos, em saios tutti. No entanto, a maestrina referiu que a sensação foi diferente, até porque se passaram dois anos de pandemia. “O concerto deste ano veio provar que, mais uma vez, não desistimos e, mesmo com as dificuldades inerentes aos tempos que ainda vivemos, estamos cá para fazer música”, comentou. Apesar do Concerto de São José já ter contado com menos restrições do que aconteceu aquando da celebração dos 100 anos, Joana Oliveira lembrou que a pandemia ainda não terminou, ainda existem restrições, e há projetos que estavam pensados, não aconteceram, mas não estão esquecidos: “repensar e reestruturar atividades que ficaram na gaveta, para que possam, assim que possível, ser colocadas em prática”, concluiu Joana.
Dia 20 de março foi também o dia do lançamento do livro “Um Século em SOL MAIOR”, obra que “reflete a história desta banda”, como definiu Joana Oliveira. “Graças a um profundo trabalho de pesquisa foi possível apurar aspetos menos conhecidos como, por exemplo, as festas e romarias que se realizavam antigamente, as inaugurações públicas em que a banda participou, algumas de carater nacional, as receções aos vários bispos do Porto, de Viseu, e muitos outros assuntos que vão desde os nomes dos músicos que passaram pela banda, aos dirigentes. Um conhecimento de um século onde quase todos os Crestumenses podem rever familiares e amigos, mas, também, um livro onde o público geral pode encontrar histórias muito simpáticas e estimulantes que vale a pena ler”, foi assim que a maestrina descreveu a obra. Nas redes sociais, a Sociedade Filarmónica de Crestuma já anunciou que o livro está à venda em vários pontos da freguesia, entre eles: a Junta de Freguesia de Crestuma, o Café Bolivar, o Café Errante e a Sapataria Silva. Além disso, as encomendam podem ainda ser feitas através do Facebook da instituição, e o dinheiro angariado com a venda desta obra servirá para a aquisição de um novo fardamento para a banda.
O dia 20 de março foi recheado. Além do concerto e do lançamento do livro, ainda foi inaugurada a obra “Um Século em SOL MAIOR”, da artista gaiense, Margarida Santos. Erguida no Largo da Igreja de Crestuma, a obra foi considerada por Joana Oliveira como “a apoteose dos 100 anos de existência da Sociedade Filarmónica de Crestuma, pois congrega, em si, os nomes de todos os dirigentes, maestros, professores, músicos, aprendizes e, até, da população Crestumense”. Joana lembrou que em todas as casas de Crestuma há, pelo menos, um músico ou familiar de músico. Crestuma, na sua opinião, respira música. “Não é por acaso que existem quase 80, sim, 80 obras musicais dedicadas a Crestuma e aos Crestumenses, de vários compositores famosos como Joaquim Luiz Meireles, António F. Alves, Sebastião Ribeiro, Alberto Madureira da Silva, Ilídio Costa e Amílcar Morais, por exemplo”, elucidou a maestrina. Joana Oliveira atribui as honras desta obra a Eduardo Vítor Rodrigues, dizendo que foi uma ideia plantada por ele, que tomou forma pelas mãos de Margarida Santos, e ”que perpetua esta instituição para todo o sempre”. “É uma ideia que transmite conhecimento, erudição, saber e arte, a quem, como muitos de nós, aqui estão, mas, também, aos muitos que apenas passam, pois a ninguém é, ou será indiferente”, disse ainda a maestrina sobre a escultura, e ainda acrescentou: “é a ideia de um legado de futuro iniciada pelo presidente do município e trabalhada por todos nós, órgãos sociais, maestrina e músicos, que representa um passado glorioso, um presente notável e um futuro vaidoso. Este monumento, somos nós!”.
Quanto ao futuro breve da Sociedade Filarmónica de Crestuma, Joana Oliveira garante que estão prontos para trabalhar e ultrapassar estes dois anos complicados. “Neste momento temos já agendadas algumas festas e romarias, assim como alguns concertos planeados. Depois de um período difícil de «pausa forçada», estamos com muita vontade de regressar aos coretos e palcos, para podermos fazer aquilo que mais gostamos: música!”