CONCURSO “MÃOS À ESCRITA!” – 2024 JÁ FAZ O SEU CAMINHO

Prosseguimos hoje com a publicação de um conjunto de problemas da autoria de Austin Ripley, que fazem parte do espólio do Arquivo Histórico da Problemística Policiária disponível online no site Clube de Detetives (clubededetectives.pt), dados à estampa no extinto jornal Diário Popular na década de 1950, para “aquecimento” das células cinzentas dos nossos leitores e potenciais concorrentes das próximas iniciativas de produção e decifração de enigmas policiários. Nesse sentido, damos também a conhecer o regulamento do concurso de enigmas policiários para a temporada 2024, que decorrerá em paralelo com mais uma edição do torneio “Solução à Vista!”.

 

Problema Policial 2 – de Austin Ripley

(Diário Popular 4000 – 21.11.1953)

Quando o professor ia a entrar na casa de Ole Tenbro, meio destruída pelo fogo, o seu olhar foi atraído pelo rótulo vermelho vivo da lata de tabaco “Viking” que jazia na lama, junto à parede da casa, a um metro das cinzas do que tinham sido os degraus. O professor tirou o rótulo litografado da lata a que estava colado e guardou cada uma das coisas em bolsos diferentes. Tenbro caminhava na frente dele e não notou esse gesto.

– Deve ter sido por causa daquilo – observou Tenbro, apontando para uma chaminé torcida que se via no chão, junto de um calorífero a óleo –. Parece que a chaminé estava cheia de fuligem.

– Ontem subi o lago e demorei-me algumas horas a ver se apanhava algum peixe pelo buraco no gelo – continuou o fazendeiro, que era solteiro –. Quando voltei, a casa estava transformada numa fogueira, Não tenho telefone. Não me pude aproximar da casa e, como as estradas estavam bloqueadas pelo gelo, não tive outro remédio se não deixar arder tudo. Deitei-me no celeiro e ainda estaria a dormir se o senhor e o sherife não me tivessem acordado.

– A casa ainda ardia quando se deitou?

– Sim, ardia furiosamente, mas eu bem sabia que o fogo não poderia atingir o celeiro.

– Durante quanto tempo nevou por aqui? – perguntou o professor, que tinha chegado à localidade apenas na noite anterior.

– Durante dois dias… Parou ontem de manhã…

– E ontem conseguiu apanhar algum peixe?

– Sim. E que belos exemplares! Tenho-os no celeiro.

– Não sei quais os seus planos… Por enquanto… – disse Fordney – mas o senhor mente, Tenbro.

 

DESAFIO AO LEITOR

O leitor é capaz de concluir como soube o professor que Tenbro lhe tinha mentido? Sugerimos que faça uma nova leitura um pouco mais atenta do enunciado e, depois de uma breve pausa para reflexão, procure elaborar mentalmente a sua solução. Posto isto, prossiga a leitura do texto que se segue para saber se a sua conclusão coincide com a solução do autor.

 

NOTA DE RODAPÉ

Antes de passar à publicação da solução do autor, cumpre-nos publicar o regulamento do concurso de enigmas policiários “Mãos à Escrita!” que dará suporte à próxima edição do torneio de decifração “Solução à Vista!”, determinando o número de etapas da sua composição. Ei-lo:

“Mãos à Escrita!” – 2024

Concurso de Enigmas Policiários (Produção)

  1. O concurso é aberto a todos, sem condicionalismos de idade;
  2. Cada concorrente pode apresentar mais do que um original.
  3. Os trabalhos, na modalidade de produção de enigma policiário, em língua portuguesa, deverão conter anunciado e respetiva solução.
  4. Os trabalhos deverão ser apresentados em suporte digital, formato A 4, com tipo de letra Time New, em corpo 12 e com 1,5 de espaçamento entre linhas.
  5. O enunciado do enigma deter o máximo de 2 páginas e a solução o máximo de uma página e meia.
  6. Os trabalhos, nos moldes atrás descritos, deverão ser enviados para o endereço eletrónico salvadorsantos949@gmail.com, entre 1 de novembro de 2023 e 31 de março de 2024.
  7. A classificação dos enigmas será definida através da média da pontuação atribuída pelos participantes na edição 2024 do Torneio de Decifração “Solução à Vista!” e pelo orientador da secção O Desafio dos Enigmas.
  8. Na apresentação das propostas de solução dos enigmas do torneio de decifração acima referido, que decorre paralelamente, os participantes atribuirão aos enigmas entre 5 a 10 pontos (em função da sua originalidade e grau de dificuldade), tendo o orientador da secção o mesmo número de pontos para atribuir a cada enigma.

8.1. A atribuição dos pontos é feita da seguinte forma: na apresentação da proposta de solução do enigma que constitui a segunda prova do torneio de decifração, os participantes atribuirão a pontuação da primeira prova; na apresentação da proposta de solução da terceira prova, atribuirão a pontuação da segunda prova, e assim sucessivamente.

8.2. A última prova do torneio de decifração “Solução à Vista!” será da autoria do orientador da secção, pelo que não integrará o concurso “Mãos à Escrita!”.

  1. Será vencedor do concurso o enigma que alcançar uma maior pontuação média, sendo também distinguidos os restantes enigmas classificados nas primeiras três posições.
  2. Serão atribuídos os seguintes prémios: 1º lugar – Taça A. Raposo; 2º Lugar – Taça Nove; 3º Lugar – Taça Coriolano M. Carvalho.
  3. Os casos omissões serão resolvidos pelo orientador da secção O Desafio dos Enigmas, não havendo recurso das decisões tomadas.

 

Posto isto, passemos à solução do problema desta edição:

Problema Policial 2 – de Austin Ripley

Solução do Autor

Quando Fordney descobriu a lata de tabaco caída junto da casa, com o seu rótulo intacto, compreendeu logo que Tenbro a tinha atirado para ali quando o incêndio já se achava extinto, isto a despeito de Tenbro ter declarado que não se havia aproximado do local depois do fogo e antes da chegada do professor. Se a lata lá estivesse quando o fogo irrompera, o rótulo de papel teria ardido; por outro lado, Tenbro não podia ter-se aproximado muito da casa durante o incêndio. Aquela lata de tabaco foi a prova decisiva que levou à condenação de Tenbro por haver cometido o crime de fogo posto.