ESCOLA CIÊNCIA VIVA: ALUNOS DO 1º CICLO APRENDERAM CIÊNCIA NO PARQUE BIOLÓGICO DE GAIA

A Escola Ciência Viva está instalada no Parque Biológico de Gaia e recebeu, no passado dia 14 de outubro, os primeiros alunos do 1º ciclo do ensino básico que, ao longo de uma semana, aprenderam ciência fora da sala de aula, num ambiente laboratorial de investigação. Este momento foi assinalado com a visita do presidente da Câmara Municipal de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, e de vários membros do executivo da autarquia.

A Escola Ciência Viva é fruto de uma parceria entre a Câmara Municipal de Gaia e a Ciência Viva – Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica e contempla espaços de aprendizagem fora da sala de aula, criados para apoiar os estabelecimentos de ensino. Este projeto iniciou no passado dia 14 de outubro e, durante a primeira semana, foi frequentado por uma turma de 23 alunos da Escola EB da Senhora do Monte e por uma turma de 22 alunos da Escola EB do Freixieiro.

O presidente da Câmara Municipal de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, afirmou ao AUDIÊNCIA que “este é o projeto que eu julgo ser mais marcante na nossa atividade, na área da educação, a seguir ao Gaia Aprende +”, enaltecendo que “este é um projeto que está perfeitamente enquadrado dentro do horário curricular, mas, no fundo, ajusta o horário curricular a uma semana de experiência, que é mesmo isso, é uma experiência fora da escola, mas é, também, um conjunto de experiências muito ligadas, direta e indiretamente, às questões ambientais”.

O autarca salientou que o transporte é assegurado pela Câmara Municipal de Gaia e que “nós já temos o calendário ocupado até ao final do ano e este é um projeto que se dirige a todas as escolas do 1º ciclo, nesta fase, aos alunos do quarto ano, que são aqueles também que já têm alguma maturidade suplementar e que vêm cá com os seus professores participar neste projeto, percebendo-se que isto não é uma atividade lúdica, mas é uma atividade que, tendo um carácter aparentemente lúdico, se inscreve perfeitamente no próprio currículo”, ressaltando que “do meu lado este é um projeto prioritário, ou seja, desde o primeiro momento não houve limites de qualquer ponto de vista, porque é daquelas coisas que ficam para além de todos nós e o nosso objetivo é que cresça, que os professores se empenham, se envolvam, que os pais percebam a importância e que nós próprios saibamos dar resposta aos desafios que daí vêm”.

Francisco Saraiva, arquiteto e coordenador da Escola Ciência Viva, revelou ao AUDIÊNCIA que este “é um momento muito marcante, porque o Parque Biológico de Gaia sempre esteve ligado à educação, mas, neste momento, tem uma Escola Ciência Viva, que é uma experiência muito importante em Lisboa, que foi testada e que, portanto, pudemos implementá-la agora, aqui, em Gaia, também com todo o sucesso”, salientando que, “eu acho que o mais importante em todo este processo tem a ver com o próprio facto de as crianças que hoje estão aqui a estudar nesta Escola irão ter um futuro completamente daquele que nós temos a nível de condições laborais, porque nós, no futuro, teremos, provavelmente, um tipo de empregos que ainda não foram criados, porque, através da inteligência artificial e de outras realidades que estão a surgir, vamos ter um conjunto de empregos que ainda não foram inventados hoje e as crianças têm de estar preparadas exatamente para poderem experimentar coisas novas e para não terem medo de fazer experiências e de testar e, no fundo, com uma ligação muito forte à ciência e isso é extremamente importante para que elas possam realmente abraçar o futuro e que esta educação seja uma educação não expositiva, mas que seja uma educação experimental e que elas possam realmente testar e, portanto, conseguir perceber as matérias não de uma forma bidimensional, digamos assim, mas em todas as suas vertentes”.

Este projeto conta com um programa educativo direcionado para crianças do 1º ciclo do ensino básico, que promove uma componente experimental e reproduz o ambiente laboratorial de investigação, através, entre outras, de “Atividades de Laboratório”, “Atividades de Sala de Aula”, “Encontro com o Cientista”, “Cozinha é um laboratório (O mundo das intolerâncias” e ”Laboratório H20 e a química”.

O coordenador da Escola Ciência Viva explicou, a este propósito, que “existem inúmeras experiências que podemos fazer e nós vamos desenvolvendo experiências novas ao longo do tempo. Neste momento temos duas salas de aula e dois laboratórios que são as peças fundamentais do funcionamento da Escola. As atividades que são desenvolvidas vão sendo mutáveis ao longo do tempo, ou seja, vão depender também dos professores, porque os professores têm algumas atividades selecionadas para os seus alunos e isso permite, depois, fazermos este jogo de atividades de acordo com a turma que estamos a trazer cá”.

No que concerne a lógica de ensino, Francisco Saraiva esclareceu que “nós temos um rácio professor-aluno muito superior, pois temos situações em que temos dois monitores mais os professores titulares, que estão cá a acompanhar as experiências das crianças, até porque por questões de segurança teria mesmo de ser assim e por uma questão de as experiências serem bem percebidas pelas crianças”.

O presidente da Câmara Municipal de Gaia elucidou, neste contexto, que “para além dos professores que vêm com os alunos, nós temos uma lógica de co-docência e uma lógica de co-monitorização e eu acho que a primeira coisa a observar é que de facto não é uma sala de aulas normal, porque não é um lugar para cada aluno, relativamente isolado, é um trabalho de grupo, um trabalho de equipa, com meios tecnológicos e com tablets que são disponibilizados aos alunos. A ideia é que esta co-docência seja também uma forma de muito maior proximidade com os alunos e de maior envolvimento, porque, na verdade, eles não estão a aprender de forma passiva, mas estão eles próprios a fazer”.

No que respeita o investimento, Eduardo Vítor Rodrigues mencionou que “nós gastamos, entre obra e equipamento, quase 300 mil euros” e “pagaremos aos nossos professores, aos professores que nós pretendemos que sejam professores residentes, que vistam a camisola e que transformem isto no seu projeto de vida, também, do ponto de vista letivo, porque como se viu condições não faltam, alunos em Gaia também não faltam, agora temos de fazer a nossa parte”.