FEIRA DO LIVRO DO PORTO JÁ ABRIU AS PORTAS

O AUDIÊNCIA marcou presença na Feira do Livro do Porto durante a visita de Marcelo Rebelo de Sousa e Rui Moreira ao certame que este ano tem como homenageado o escritor Júlio Dinis.

 

 

Até 12 de setembro de 2021 decorre nos Jardins do palácio de Cristal a Festa da cultura que este ano tem como homenageado o escritor Júlio Dinis. O jornal AUDIÊNCIA Grande Porto marcou presença neste encontro do amor aos livros, pelos escritores, editores e leitores.

Acompanhamos durante duas horas, com imenso prazer a visita que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa e o Presidente da Câmara Municipal do Porto, Dr. Rui Moreira, efetuaram a todos os expositores.

O Professor Marcelo e o Dr. Rui Moreira partilharam para os leitores do AUDIÊNCIA que os livros podem, muito cedo na vida, ter um papel relevante e determinante no comportamento e desenvolvimento do ser humano.

Gostei de conhecer o jovem leitor de 13 anos de Castêlo da Maia, Henrique Magalhães que gosta muito de ler. Não se cansava de dizer…” vou fazer carreira política e serei o Presidente da República…O prof. Marcelo… sorria imenso para o jovem quando assinou mais um livro para o Henrique que deixou muito feliz a sua irmã Margarida e a sua mãe.

 

 

Celebrar Júlio Dinis

“Celebrar Júlio Dinis na Feira do Livro do Porto poderá ser, na aparência, anacrónico. De facto, ele é o mais esquecido dos escritores portugueses conhecidos. A verdade é que para além dos seus romances, que múltiplas gerações leram avidamente, há toda uma obra, em inúmeras derivas, que merece ser revisitada.

Uma obra densa em que o Porto, onde nasceu, estudou, viveu grande parte da sua curta existência e morreu, tem lugar cimeiro em inúmeros textos que publicou, nomeadamente no seu único romance citadino. “Uma família Inglesa”.

O seu romantismo declina, também, a tradição Oitocentista influenciada pela peste branca, a tuberculose que o viria a vitimar, e marcou a criação artística de outros como Keats, Dumas, Victor Hugo, Verdi ou Puccini. Num tempo em que somos assolados por uma outra pestilência, há uma óbvia ressonância que pretendemos evocar como esta revisitação.”

Rui Moreira

Presidente da Câmara do Porto

 

 

HERBORIZAR PARA RESGATAR O TEMPO

“A Feira do Livro regressa uma vez mais aos jardins do Palácio de Cristal sob o signo do reencontro, da escuta e da leitura, de esperança num futuro em que possamos reencontrar a normalidade nas relações com os outros e com o mundo.

Os livros foram, para tantos dentro nos no alargado período de confinamento que vivemos, um ponto de ancoragem, um ponto de abrigo, oferecendo conforto espiritual e estímulo intelectual aos seus leitores. Num tempo em que nos vimos privados de tantas coisas que dávamos por adquiridos, apetece perguntar como seria o mundo sem livros, sem leitores e sem escritores?

Herborizar é o mote da Feira do Livro de 2021! Herborizar, a ação de fazer herbários, foi uma prática muito comum, não só entre botânicos, mas também entre escritores, que se estendeu ate ao século XIX e respondeu * a necessidade de estudar, conhecer e classificar, para memória futura, as espécies do mundo vegetal, conduzindo, em consequência, ao autoconhecimento do herbolário.

Convoca uma prática meditativa que se realiza a dois tempos: a caminhada na natureza em busca de exemplares a colher e o longo e cuidadoso tempo de preparação que se segue com vista à sua preservação. É por isso uma prática paradoxal; fixar, interromper o fluxo da existência, para preservar uma memoria.

Júlio Diniz fez um herbário na ilha da Madeira por alturas da última das três estadas que se realizou para se curar da tuberculose de que padecia, Ê uma peça plena de delicadeza em que sentimos, concretos, os gestos e a respiração do escritor. Ainda mais do que os livros que nos deixou, é o mais vivido e emocionante testemunho que temos deste homem- tudo isto através das plantas, os seres que silenciosos, há muito tempo nos acompanham nesta passagem pela terra. O Herbário de Júlio Dinis e a peça central da feira do Livro e estará em exposição na extensão do romantismo do Museu da cidade.

Transcorridos 150 anos sobre a morte de Júlio Dinis, celebramos um percurso notável e singular quanto súbito. Desaparecido ainda antes de completar 32 anos, o autor da Pupilas do senhor reitor passou pela vida e pela escrita como um cometa, deixando uma obra invulgarmente extensa, para tao breve tempo de existência, e inovadora, que urge redescobrir, voltar a ler e debater. Um homem marcado desde muito cedo pela doença, mas cujos livros foram sempre iluminados pelo otimismo e pela esperança.

Tendo como mote de romantismo, assim, no plural, auscultamos o que caracteriza a experiência espiritual romântica e como ela se manifesta em diferentes épocas, em particular no nosso tempo.

Numa edição que tem como programadores convidados Helena Carvalhão Buescu, iminente especialista do romantismo. coordenadora do dicionário do romantismo Literário Português, e Gonçalo Tavares, um dos mais estimulantes e importantes escritores de contemporaneidade, preparamos una programação diversa e multidisciplinar, que cruzará música, cinema, animação e exposições, com um extenso e inspirador programa literário, pontuado por conversas e lições.”

Nuno Faria

Coordenador programático da FL 2021