As filarmónicas enquanto movimento associativo com função cultural e social de importância unânime, são uma das mais antigas tradições açorianas que remontam ao século XIX e estão e estarão indissociavelmente ligadas à história cultural, social e religiosa do povo açoriano.
Atualmente, os Açores são a região do país com mais bandas per capita.
Espalhadas pelas nove ilhas, existem cerca de 100 filarmónicas, muitas delas centenárias, que procuram com espírito de missão e entrega manter vivos valores como voluntariado, compromisso, responsabilidade social e cultural, que são fundamentais nos dias de hoje.
O envolvimento dos nossos jovens numa atividade saudável como produzir, criar, tocar música é igualmente essencial.
A inclusão e a troca geracional de experiências e objetivos comuns em ambientes que promovam um sentimento de pertença, de grupo, de identidade e representação cultural e regional é fundamental na construção de uma sociedade e de uma realidade assentes numa dinâmica positiva e promissora.
Esse sentido de pertença e identidade expresso pelo discurso dos músicos e da população local atinge dimensões significativas nas festas locais, elas próprias expressão dessa identidade local. Essas festas são o momento por excelência de exibição e performance das filarmónicas. Os concertos não só permitem a exibição de um repertório musical – que é resultado de um trabalho de muitos meses – como a exibição dos elementos simbólicos que distinguem cada filarmónica e que refletem o seu rigor e brio.
Importa referir a melhoria substancial que se verificou ao longo da última década, tanto em termos da imagem como da qualidade das bandas filarmónicas açorianas, sendo assinaláveis as mudanças a nível do fardamento, do instrumental e do repertório, fruto da diligência dos seus dirigentes e dos seus membros, mas também fruto dos apoios ao serviço das instituições como o SOREFIL e do investimento público em mais e melhores políticas em prol da Cultura, por parte do Governo Regional do Partido Socialista.
Foram testemunhos, contributos e factos como estes que ouvimos e recebemos um pouco por todas as ilhas que motivaram o Grupo Parlamentar do Partido Socialista a propor, em conjunto com o CDS, algumas alterações ao decreto legislativo regional n.3/2014/A de 14 de fevereiro, que cria o Programa Regional de Apoio às Sociedades Recreativas e Filarmónicas da Região Autónoma do Açores (SOREFIL).
Essas alterações visam reforçar aquele que é o objetivo da criação e manutenção deste tão importante programa que promove e apoia as filarmónicas na sua efetiva educação de cariz artístico.
Assim, reforça-se a importância e o papel das Filarmónicas, estabelecendo-se um limite anual de instrumentos a apoiar para conservação, manutenção e reparação, e alterando a percentagem a atribuir, passando os apoios a conceder a 50% dos encargos previstos, facilitando-se, também, o acesso das entidades candidatas.
Deste modo, através da nossa capacidade de legislar, é possível contribuir para a valorização de um dos mais ricos patrimónios do nosso povo e da nossa gente, património esse que urge apoiar, acarinhar e preservar.
A importância e o papel das Filarmónicas na nossa região foram assim descritos, de forma muito simples e clara, por um músico: “As filarmónicas são a escola da vida! Esta é uma verdade indesmentível. É nas escolas de música das filarmónicas que se criam amizades para a vida, que se aprende a viver em grupo, que se aprende a trabalhar com um objetivo, mas, acima de tudo, é nas escolas de música das filarmónicas que se cresce.”