Albano Garcia, presidente da Casa do Povo da Ribeira Grande, em conversa com o AUDIÊNCIA, falou sobre as dificuldades da Casa do Povo, as instalações, o futuro e os emigrantes.
O dia da freguesia da Matriz e da Festa do Emigrante está a chegar. A Casa do Povo é uma das principais instituições da freguesia da Matriz mas o momento que se aproxima é também um momento importante até porque os emigrantes têm uma ligação muito forte à Casa do Povo…
A abertura das festas do Sagrado Coração de Jesus da freguesia Matriz será no dia 31 de agosto com a actuação de um conjunto musical, um serão promovido pela nossa Instituição. Os emigrantes são um forte elo de ligação entre a diáspora nos Estados Unidos e os Açores, daí eu ter um carinho muito especial por eles e admiração por quem deixou a sua terra e familiares à procura de novas oportunidades. Cada vez mais, os Açores, em concreto, a nossa Ribeira Grande estão a ser visitados por milhares de emigrantes. Tudo o que se faça em prol dos nossos emigrantes e do seu acolhimento é uma mais-valia por ser sempre uma manifestação de apreço. E é por esta mesma razão que dou desde já os meus parabéns à Junta de Freguesia da Matriz por dedicar o dia 4 de setembro aos nossos emigrantes.
O passado da nossa Instituição evidencia esta forte e estreita ligação entre a Casa do Povo e os emigrantes, pois em Agosto de 2004, o Grupo Folclórico foi ao Canadá e à América, fez duas actuações na Casa dos Açores, em Toronto, esteve nas Grandiosas Festas do Divino Espírito Santo, em Fall-River, e também realizou uma exibição no Centro comunitário dos Amigos da Terceira, nos Estados Unidos da América. Nos meus mandatos, enquanto presidente de Junta da Matriz e, agora, presidente da Casa do Povo, eu fui algumas vezes, sempre que possível, à Festa do Emigrante nos Estados Unidos por ser um ponto de encontro entre todos os Ribeiragrandenses e por ser um evento que enaltece e brinda ao nome da nossa terra.
Quais as atividades que a Casa do Povo tem programado?
O nosso orçamento é diminuto, mas não deixamos de fazer actividades em prol da sociedade ribeiragrandense que é o nosso objectivo primordial. O maior investimento que fazemos é sempre nas pessoas. Para além das múltiplas actividades que fazemos com os nossos CATL´s, ao longo do ano, fazemos sempre duas atividades pensadas essencialmente para os idosos, falo da já tradicional e tão aguardada por esta faixa etária Festa de Natal, e a hidroginástica, que se realiza no Complexo de piscinas viriato madeira, e é apoiada, a nível de mensalidades, pela Câmara Municipal e de transporte pela Casa do Povo, o que torna a atividade nada dispendiosa para os referidos, visto ser uma forma gratuita dos idosos praticarem uma atividade física. O grupo da hidroginástica é composto aproximadamente por 20 pessoas e as aulas são às terças e quinta-feiras. Quanto à Festa de Natal é para os idosos, mas também abrange as pessoas com necessidades educativas especiais. De Outubro a Junho, nós temos também os tradicionais cursos de Rendas e Bordados e de Corte e Costura, que têm sempre uma boa adesão, pois mais de 40 pessoas já frequentaram esses cursos que têm uma dupla finalidade, ocupação de tempos livres, convívio, e alguma rentabilidade a nível familiar, visto que aquilo que aprendem nos cursos podem dar continuidade em casa.
Há também uma iniciativa muito interessante, pouco usual, que é a romaria infantil…
Antes da romaria infantil acontecer, nós vamos levar há já muitos anos comida aos romeiros das freguesias da Matriz e da Conceição. É sempre uma forma de partilhar a vivência cristã com os romeiros e eles, certamente, ficam muito gratos por receberem da nossa parte uma visita e uma refeição quente. A Romaria Infantil nasce com o objectivo de incutir nos mais pequeninos o “sentir” das romarias e uma tradição das nossas gentes.
E agora tem mais uma sala de ATL…
Sim, actualmente, nós temos 3 salas de CATL´s denominados “Os Traquinas”, “Anjo Bom” e “Anjo da Guarda”. O Anjo da Guarda destina-se a crianças com necessidades educativas especiais. Já temos 9 crianças e é um dos projetos, na minha perspectiva, mais arrojado, dado que são crianças que necessitam de cuidados especiais, de outras técnicas de abordagem e que por si só exigem muito dos colaboradores. O nome “Anjo da Guarda” surge com uma dupla faceta, o CATL será o “Anjo da Guarda” dessas crianças ao recebê-las e cuidá-las e elas são também os nossos “Anjos da Guarda” por trazerem para nós uma inocência própria e uma outra consciência do mundo.
Existem muitas atividades para as crianças como o Rancho Infantil e as Cavalhadas…
Infelizmente, o folclore sénior parou, e então aproveitamos o talento das crianças dos CATL´s e criamos assim o primeiro Grupo Folclórico Infantil do concelho da Ribeira Grande e penso que até mesmo de São Miguel, porque até o nosso aparecer não conhecíamos nenhum infantil. A criação do nosso despoletou o interesse noutros CATL`s e hoje já existem outros grupos infantis, o que levou a nossa Câmara Municipal a realizar o Festival Infantil de Folclore. Uma actividade que se realiza todas as sextas-feiras com o professor Luís Arruda. As cavalhadas infantis é outra tradição, um retomar do passado. As crianças vestem-se com indumentárias iguais às dos adultos, mas os cavalos são, obviamente, de madeira. É uma tradição que também quisemos incutir nas nossas crianças e elas adoram essa actividade. As cavalhadas acontecem no dia da Festa do Feriado Municipal, dia 29 de junho, com saída da Igreja de S. Pedro, seguindo-se os cumprimentos ao presidente da Câmara.
Entretanto, há um espaço nas instalações que está cedido à Segurança Social e previa-se para aí, eventualmente, o nascimento de um novo projeto…
Segundo o que nos informaram, o ISSA negociou um espaço físico para a instalação dos seus serviços e quando a mudança acontecer, o nosso espaço então ocupado nos será devolvido. Quando o espaço estiver liberto, não queremos um edifício devoluto, e por isso temos imensas ideias, como por exemplo criar mais um CATL ou expandir o actual da sede em várias salas. E existe ainda o sonho de criar uma espécie de albergue para os sem- abrigos, um espaço que não existe na Ribeira Grande. Gostaríamos de ver ser criado lá um espaço físico para dormitório. O projecto teria de ser assumido por todos, especialmente, pelo Governo Regional.
Isso era sem dúvida uma grande iniciativa…
Já a do CATL “Anjo da Guarda” foi uma grande iniciativa.
Como sobrevive ou vive a Casa do Povo?
A Casa do Povo tem 200 sócios que pagam uma quota anual de 10 euros, mas como infelizmente nem todos pagam dificulta ainda mais a tesouraria da Instituição. Aproveito para deixar o nosso agradecimento aos sócios que pagam atempadamente e que acreditam no nosso projecto.
Já vi que com esta verba não vão a lado nenhum. Então, de onde vem o dinheiro?
As verbas provêm, essencialmente, de duas Instituições, o ISSA, que nos transfere uma comparticipação financeira mensal direcionada para o CATL “Os Traquinas”, e a Câmara Municipal que atribui um subsídio anual à Instituição, o que nos ajuda nas despesas correntes, electricidade, comunicação, entre outras, e comparticipa os CATL´s “Anjo Bom” e “Anjo da Guarda”, valores direcionados para os CATL´s. Como o subsídio anual não é um valor muito significativo a Câmara apoia-nos ainda a nível de pequenas reparações nas instalações, o que é já uma ajuda muito boa.
E não há beneméritos?
Existem sim alguns beneméritos que nos fazem dádivas em géneros alimentícios, roupa e calçado para distribuirmos pelas pessoas mais carenciadas. A Loja Solidária destina-se a receber e a distribuir.
Importa ainda referir um benemérito, em especial, que nos auxilia, pela sua forte ligação à terra, com o pagamento da animação do serão da sexta-feira das festas do Sagrado Coração de Jesus da Matriz.
Agora que há muitos emigrantes que vão estar nas Festas da Freguesia, uma mensagem para eles…
Que sejam bem-vindos à sua terra Natal que abre sempre os seus braços para os receber!