Como é que um clube com inúmeros recursos retira tão pouco dos atletas e outro com matéria prima com menos valor no mercado, o consegue? É algo que tanto se discute, mas onde se verifica isso nas nossas competições? E qual a razão da escolha deste ou daquele jogador? Será por causa deste ou daquele sistema táctico? Está na sua mentalidade ou na metodologia/ideia que implementam? Ano após ano vejo estas respostas e outras a se repetir. Resumindo os analistas populistas, que facilmente “não se lembram de quem tem razão, mas não se esquecem de quem erra”. 1)
A ressonância das justificações também é muito repetitiva e redutora. Sai um jogador e o clube “perdesse” ou o mesmo dependia muito do jogador. Não deixa ser verdade nos escalões inferiores ou no amadorismo, no mundo profissional tal não deve se suceder com frequência e continuidade, pois tem especialistas pagos a “preço de ouro” no departamento de Scouting, apostas brutais nos departamentos de formação, para além de recursos financeiros estratosféricos. Quando ouvimos que Octávio, Pedro Porro, Gonçalo Ramos saíram e que descambou uma ideia de jogo, uma dinâmica, uma estrutura, um projeto desportivo. De duas uma: ou existe uma excessiva dependência de um elemento, por parte de um processo e de uma estrutura, tornando tudo isso, muito débil e frágil. Ou não existiu a prevenção, precaução, flexibilidade e adaptação no processo de scouting, desportivo e estratégico por parte da equipa e com as devidas tomadas de decisões da liderança superior e intermédia da estrutura. Para que exista a sustentabilidade necessária, lembramos que “só no mar calmo podemos ver o reflexo da lua na sua superfície”. 2)
Verificamos então, que existem equipas que em momentos da época, quando têm menos quebras, estão mais perto dos seus objectivos, pois não se descuidaram da tríade vitoriosa: “processo, crescimento e rendimento”. Em suma, no desporto como a nível pessoal, citando Aitor Zárate, resume-se a três coisas: “tempo, decisões e dinheiro”. Pois na mistura das componentes: técnico, táctico, físico, mental, social e estratégico (TODO) não podemos esquecer que para o bolo estar no ponto, as doses e relação dos ingredientes tem de ser as certas (PORMENOR). De forma a que não só o processo individual seja integrado no colectivo, como também o coletivo no individual. 3)
Imaginem quem dependeu sempre do processo, porque não teve esses jogadores mais completos (técnico, táctica, cognitiva, emocional, fisicamente) nas mais variadas posições, como resolveu estas saídas e entradas!? Teve de ser demasiado criativo, seja a nível do recrutamento, scouting, formação, treino e principalmente a nível financeiro. Pois como Zig Ziglar referia para ser “vencedor precisa de planificar como vai vencer, preparar-se para vencer e esperar vencer”. E acima de tudo “ter um desejo, um sonho e uma visão fortes, pois esses darão resultados consistentes e proveitosos”. 4)
Se os projectos desportivos coletivos, tais como: LA Lakers, Red Bull, New York Yankees, Dallas Cowboys, Real Madrid, Manchester City, Bayer Munique, Milan, Flamengo, Boca Juniors, Al Ahly … só tivessem em conta um elemento e não se precavessem no processo (onde se encontra o todo para todos, a melhoria contínua e o caminho individual e colectivo para o sucesso) o seu legado de excelência teria desvanecido. 5) Até porque segundo o ditado popular de “uma árvore caída todos fazem lenha”, mas fazem outra árvore? Logo as estruturas que não se queixem de estarem remetidas a nível internacional à era de Pelé ou de Bella Goodman, até porque o sucesso futuro não vive de saudosismos, mas sim de processos qualitativos sustentáveis e duradouros.