GRUPO DE CANTAR ÀS ESTRELAS DA LOMBINHA DA MAIA: UM EXEMPLO DE DETERMINAÇÃO E RESILIÊNCIA

Na Lombinha da Maia também havia o costume de cantar-se às Estrelas, tal como nos conta Lúcia Pereira, ainda que não fosse algo “organizado”, havendo também a tradição de cantar pelas casas durante a época natalícia. Recorda agora ao AUDIÊNCIA e aos seus leitores como começou o Grupo de Cantar às Estrelas da Lombinha da Maia e como este se organiza para o Cantar às Estrelas.

 

Desde 1994 que o Grupo de Cantar às Estrelas da Lombinha da Maia incorpora o desfile do Cantar às Estrelas, prestando a sua homenagem a Nossa Senhora da Estrela.

Tudo começou aquando de um convite deixado ao seu marido, Messias Pereira (pois tocava violão), para integrar e formar um grupo na Maia. “Houve uma reunião para informarem que iam retomar a tradição do Cantar às Estrelas na Ribeira Grande”. O meu marido foi a essa reunião, as pessoas organizaram-se, e como havia muita gente na Maia, perguntou ou presidente da Junta de Freguesia, na altura Jaime Rita, se podiam fazer um grupo na Lombinha”.

Como não havia limite de grupos, Messias juntou-se com Vasco Pereira e Alberto Plácido, fazendo as chamadas cantigas “repentistas”. No ano seguinte, Maria Ponte, tomou as rédeas e fez uma letra para a melodia que ainda hoje é a mesma. Agora, é Rodrigo Pereira, filho de Lúcia e Messias, quem faz a letra, havendo uma particularidade: “temos quadras para o palco, para a casa e para Nossa Senhora da Estrela, que são um pouco mais caprichadas. Selecionamos as quadras conforme a situação.”

O processo tem sido o mesmo nos últimos anos. “A partir do Natal o meu filho começa a fazer a letra para as Estrelas, pomos os panfletos nos cafés [com o horário dos ensaios] e reunimo-nos duas ou três vezes.” No dia trajam-se a rigor, tentando cumprir a tradição de antigamente: os homens usam roupas escuras, chapéu ou boina e as senhoras envergam lenços, saias e xailes tradicionais. Embora não possam ir “rigorosamente tradicionais” porque os tecidos não são os mesmos, há uma preocupação em manter a tradição o mais fiel possível.

Desde 1994 que o grupo não para. Lúcia Pereira conta que na altura foi levada para o grupo pelo filho. Como ele “tinha muito gosto em ir no cortejo” mas o pai não podia olhar por ele por estar a tocar, decidiu integrar no grupo para que assim Rodrigo também pudesse ir. Anos mais tarde, coincidentemente, são ambos responsáveis pelo Grupo de Cantar às Estrelas da Lombinha da Maia.

Quanto à adesão das pessoas, “uns anos temos mais, outros temos menos, depende da disposição”. No entanto, a saída de população daquele lugar tem feito com que o número de participantes venha a reduzir. Mas isso não faz com que percam o alento e mesmo assim todos os anos o grupo sai à rua com cerca de 25 elementos.