III CAPÍTULO DA CONFRARIA DA MOAMBA

A Confraria da Moamba tem quatro anos de existência e realizou o seu III Capítulo na Quinta da Boucinha, em Oliveira do Douro. A cerimónia contou com a presença de outras confrarias do país, bem como da representante da Junta de Freguesia de Oliveira do Douro e da Federação Portuguesa das Confrarias Gastronómicas. A solenidade entronizou 13 novos confrades, que, a partir daquele momento, se comprometeram a promover e defender um dos pratos mais conhecidos da gastronomia angolana.

 

 

 

O III Capítulo da Confraria da Moamba aconteceu, recentemente, em Vila Nova de Gaia, mais concretamente na Quinta da Boucinha, em Oliveira do Douro. O momento contou com a presença de cerca de 15 outras confrarias e foi conduzido pela poetisa Manuela Bulcão.

Lito Martin, chanceler-presidente da Confraria da Moamba, passou a sua infância em Angola e, depois de regressar a Portugal, sentia falta de ver rostos conhecidos nas ruas. Foi assim que a ideia de criar um grupo começou, no entanto, não se concretizou, tendo ficado na “gaveta” por muitos anos. Quando se mudou de Lisboa para o Norte, uns amigos tinham um restaurante onde confecionavam moamba e Lito começou a juntar grupos de 40 e 60 pessoas para participar nestes jantares. “Um belo dia, quando vou a entrar no restaurante, na parede estava um cartaz a dizer «Confraria da Moamba» e não fui eu que o pus. Entrei e ele estava lá, pronto, fui buscar o que estava no arquivo e disse «e é isso que vocês querem, vamos avançar». Criei uma comissão instaladora e hoje estamos aqui”, contou o presidente-chanceler. Já passaram quatro anos desde que a Confraria da Moamba foi criada, com o intuito de promover, divulgar e defender a moamba de Angola enquanto património gastronómico.

A cerimónia simbólica do III Capítulo da Confraria contou com momentos culturais, nomeadamente poemas lidos por José Carlos Moutinho, e a animação cultural ficou a cargo de Tonecas Prazeres. Paula Lobo, representante da Junta de Freguesia de Oliveira do Douro, e Dulcínia Serrano, vice-presidente da Federação Portuguesa das Confrarias Gastronómicas, marcaram presença no evento, assim como o padre Alípio Barbosa, pároco da freguesia anfitriã, que fez questão dar a bênção aos novos confrades antes da entronização. Nesse dia, foram 13 os novos confrades entronizados, além dos cinco confrades de honra: Adélio Amaro, Ponciano Castanheiro de Oliveira, Rui Jorge Caldeira, Elsa Marina Matos Machado e o próprio padre Alípio Barbosa.

Paula Lobo, em representação do presidente Filinto Lima, agradeceu “o facto de estarem reunidos na freguesia de Oliveira do Douro”, e destacou “a grande importância que a Junta de Freguesia sempre atribuiu ao património cultural, seja ele ligado ao teatro, ao desporto, ou até à gastronomia”, afirmando que “a Confraria da Moamba pode contar sempre com a Junta de Freguesia de Oliveira do Douro”.

Já Dulcínia Serrano, deixou uma palavra especial para “os noivos”, como quem diz, os novos confrades, deixando bem claro que o trabalho só agora é que ia começar. A vice-presidente da Federação Portuguesa das Confrarias Gastronómicas salientou que o melhor destes encontros e capítulos, é que são oportunidades de “trocarmos saberes, culturas, conhecermo-nos melhor, conhecermos as terras das outras pessoas, que nos visitam e que nós visitamos”.

Lito Martin destacou que a jovem confraria já conta com 65 confrades e enalteceu que quer que estes se unam por mais do que a moamba.  “Parece que as pessoas se juntam só para comer e eu não quero isso para a nossa confraria, eu quero que, aqui, as pessoas se juntem para comer os nossos pratos, mas que também se encontrem no âmbito cultural, de lazer, daí outras atividades que fazemos, como as noites de fado”, disse. Mesmo na própria cerimónia do III Capítulo, Lito Martin tentou marcar pela diferença. “Tentamos inovar um bocado. Há outras cerimónias que, para mim, são muito formais. Isto é a grande festa das confrarias, não temos de meter tanta formalidade nem tanto discurso, aqui tentei reduzir isso, tentei dar mais decoração, como se vê no palco, tentei transmitir alegria e menos formalidade”, contou.

Infelizmente a Confraria da Moamba apanhou a pandemia numa fase muito precoce da sua existência, o que, segundo o chanceler-presidente, terá atrasado alguns planos, no entanto, a intenção é dinamizar outras atividades, como um desfile de trajes africanos. Mas, Lito Martin, admite que este é o seu segundo mandato e deseja que seja o último. “Não quero prolongar mais. Quando se está muito tempo no mesmo lugar, começa-se a criar vícios”, disse. O chanceler-presidente lamenta, apenas, não conseguir atrair mais pessoas naturais de Angola, que vivem em Portugal, para a Confraria e destacou o facto desta ser nacional, ao contrário da maioria das confrarias gastronómicas do país, que dizem respeito a regiões ou distritos específicos.